A questão da complexidade:
Relativamente á compreensão da evolução de
estruturas bioqímicas complexas, esta tem muitas falhas pois estas estruturas
não deixam registo fóssil. Deste modo, pode-se conjecturar sobre a reconstrução
do percurso evolutivo a partir de percursores bioquímicos mais simples. Em
oposição a esta linha de pensamento cientifico tem-se a hipótese do Design
Inteligente apoiada no pressuposto da complexidade irredutivel que não fornece
nenhuma evidencia ou conjectura do modo como o Designer teria elaborado tais
mecanismos que seja credível.
Muitas das proteínas da coagulação sanguínea
são produzidas por genes relacionados que surgiram por duplicação (mutação
causada por erros de divisão celular). Os genes duplicados podem evoluir
separadamente e terão funções separadas de acordo com as mutações que sofrem.
Como exemplo de uma proteina envolvida no processo temos o fibrinogénio, que
existe e desempenha a mesma função em todos os vertebrados, pela Teoria
sintética da evolução, esta seria derivada de outra que teria tido funções
diferentes num ancestral comum invertebrado, proteina esta que foi identificada
por Russell Doolittle da universidade da califórnia em 1990 num invertebrado
(‘pepinos do mar’) na China, cuja linhagem evolutiva se dividiu há 500 milhões
de anos. Esta proteina não desempenha funções de coagulação.
Ainda outra questão relativa à evolução de
estruturas complexas é a do flagelo bacteriano. Como já foi descrito num post
anterior (“Evolução vs Criação III”: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/y.html
e “Evolução vs Design inteligente”: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/evolucao-vs-design-inteligente.html
), explicações evolutivas foram apresentadas para explicar – pelo menos
‘superficialmente’ – a origem da complexidade deste mecanismo.
Um estudo realizado por Christina Toft e
tarifas Mario A. (Departamento de Genética, Instituto de Genética Smurfit, da
Universidade de Dublin e Trinity College, Dublin, Irlanda) apoia a evolução do
flagelo bacteriano (embora não tenha demonstrado com exactidão como esta
ocorreu), como se pode observar neste excerto:
“A redução do genoma é uma
característica comum da maioria dos patógenos intracelulares e simbiontes.
Redução de tamanhos de genoma é uma das formas mais caracteristicas evolutivas
de organismos intracelulares para evitar manter processos biológicos
dispendiosos. Bactérias endossimbióticas de insectos são exemplos de economia biológica
(…). Estas bactérias não têm motilidade (….). Devido a esta relação, muitos dos
processos nestes bactérias foram perdidos ou sofreram remodelação enorme para
se adaptar ao estilo de vida intracelular simbiótica. Um exemplo de tais
alterações é a estrutura flagelo que é essencial para a motilidade bacteriana e
infectividade. A nossa análise indica que os genes responsáveis pela montagem
flagelar foram parcialmente ou totalmente perdidos na maioria dos simbiontes
intracelulares de gama-Proteobacteria. Análises genómicas comparativas mostram
que os genes flagelares foram diferencialmente perdidos (…). Apenas as
proteínas envolvidas na exportação da proteína dentro da via de montagem dos
flagelos (sistema de secreção e corpo basal tipo III) foram mantidos na maioria
dos endossimbiontes, enquanto que os envolvidos na construção do filamento e do
gancho dos flagelos foram mantidos em poucos exemplos, indicando uma mudança na
funcional na finalidade desta via. Em alguns endossimbiontes, genes que
controlam a exportação de proteínas-chave e o comprimento do gancho têm-se
submetido a divergência funcional como mostrado através de uma análise da sua
dinâmica evolutiva. Com base enos nossos resultados, é sugerido que os genes do
flagelo divergiram funcionalmente em como se especializar na exportação de proteínas
(…)”. Um exemplo deste tipo de bactérias é a E. coli.
Outro estudo (A.P.
White, K. A. Sibley) concluiu que os requisitos para a colonização do trato
gastrointestinal humano podem levar a mudanças do estilo de vida da E. coli
(bactéria flagelada) que, por selecção, estão na origem de maior virulência.
No entanto ainda existem críticos – e hão-de existir, o que acaba por
contribuir para a evolução do próprio conhecimento. Uma das críticas do Dr. Joseph A. Kuhn, MD é o facto de serem necessárias alterações muito
significativas (mutações) para que um animal que respire água origine outro que
respire ar e que é necessária a mudança de vários organismos e não de apenas
um, no que se refere a fósseis de transição, como o Tiktaalik roseae. No entanto, sabe-se que os processos
evolutivos são graduais e que foi encontrado mais do que um espécime no caso de
várias espécies transitórias.
Este cientista também critíca a teoria da
abiogénese apoiada pela experiencia de Urey-Mller (e outras na mesma linha)
relativamente ao facto de ainda não se ter produzido em laboratório nucleótidos
apenas na forma D, tal como existe nos seres vivos, o que reduz a probabilidade
destes se formarem espontaneamente. No entanto, é de salientar que as condições
da terra quando ‘jovem’ não são conhecidas, apenas se podem elaborar hipóteses
e recriá-las em laboratório, pelo que estas contestações não demonstram que a
Teoria da Abiogénese está incorrecta, apenas que ela não é exacta e que é por
isso insuficiente para explicar todos os processos de formação das biomoléculas
(e consequentemente da vida em si).
Algumas das moléculas resultantes da experiencia original de Miller na década de 50, a partir de metano, água e amoníaco foram: aminoácidos, glucose, adenina e ribose.
Aqui fica um esquema da experiencia de Urey-Miller:
Uma hipótese que poderá num futuro próximo vir a ser uma alternativa á teoria da abiogénese e que apenas contraria o primeiro pressuposto do Darwinismo moderno (de que as biomoléculas primitivas começaram por aparecer directamente no planeta Terra) é a da "Nova Panspermia" defendida por Hoyle e Wickramashinghe.
Referências Bibliográficas:
Australopithecus sediba:
A New Species of Homo-Like Australopith from South Africa - Lee R. Berger,
Darryl J. de Ruiter et al
Was Dinosaurian
Physiology Inherited by Birds? Reconciling Slow Growth in Archaeopteryx - Gregory
M. Erickson, Oliver W. M. Rauhut
Jerry A. Coyne - Why Evolutionis true?, Oxford University
Press, 1ª Edição: 2009, Oxford
Intergenic Sequence Comparison of
Escherichia coli
Isolates Reveals Lifestyle Adaptations but Not Host Specificity -
A.P. White, K. A. Sibley et al
Dissecting Darwinism - Joseph A. Kuhn, MD
Snake Heart - A Case of Atavism in a Human Being - Ishmeet
Walia , MD , Harvinder S. Arora, MD et al
Sexual dimorphism in Australopithecus afarensis was similar to that of
modern humans Philip L. Reno*, Richard S. Meindl*,
The Evolution of the
Flagellar Assembly Pathway in Endosymbiotic Bacterial Genomes - Christina Toft
and Mario A. Fares
Mais um
ramo na nossa árvore evolutiva (Ensaio – Ciência Hoje) - Felipe A. P. L. Costa,
Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2010/275/mais-um-ramo-em-nossa-arvore-evolutiva
Archaeopteryx : An Early Bird, disponível em: http://www.ucmp.berkeley.edu/diapsids/birds/archaeopteryx.html
"Lucy's" body height and relative leg length: human-
or ape-like? -
Helmuth H.
An early Australopithecus afarensis
postcranium from Woranso-Mille ,
Ethiopia -
Yohannes Haile-Selassie, Bruce M. Latimer, et al
Richard Dawkins: O relojoeiro cego. Edições 70,
Lisboa, 1986. (p. 22–24.)
Antibiotic resistance and cagA gene
correlation: A looming crisis of Helicobacter pylori - Adnan Khan, Amber Farooqui et al
Constructing primate phylogenies from ancient retrovirus sequences - WELKIN E. JOHNSON AND
JOHN M. COFFIN
Meet Tiktaalik
roseae: An Extraordinary Fossil Fish, disponível em: http://tiktaalik.uchicago.edu/meetTik.html
"Evolution
Miths: The bacterial Flagellum is Irreducibly Complex" - Michael Le Page,
New Scientist (16 de Abril de 2008), disponível em: http://www.newscientist.com/article/dn13663-evolution-myths-the-bacterial-flagellum-is-irreducibly-complex.html
The mastodon mitochondrial
genome: a mammoth accomplishment - Alfred L. Roca
Blogs e posts recomendados:
http://www.observatorio.ufmg.br/pas37.htm
- Prof. Renato Las Casas, 27 de
Novembro de 2001. (imparcial e informativo sobre a experiencia original de Stanley Miller
e Urey)
http://ceticismo.net/2009/09/14/maquina-molecular-mostra-como-nao-existe-complexidade-irredutivel/
(humorístico mas informativo)
http://nossobioma.blogspot.pt/2010/10/darwinismo-versus-criacionismo.html
(imparcial e informativo)
http://www.evolucaoemfoco.com.br/?p=1082 (imparcial)
http://scienceblogs.com.br/vqeb/ (céptico e informativo)
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