sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Evolução Química e Probabilidades: Mentiras e mais Mentiras


Na Biologia evolutiva, a Falácia de Hoyle é uma frequente representação imprecisa das teorias evolutivas, que recebeu esse nome coloquial entre os biólogos como uma referência ao astrofísico Sir Fred Hoyle. No entanto a falácia em si é mais antiga e remonta já aos primeiros tempos das ideias de Darwin (note-se que Hoyle era adepto da panspermia e não do criacionismo). 

Certas formulações probabilisticas tratam da probabilidade de que uma proteína possa formar uma sequência funcional de aminoácidos por puro acaso e outras do aparecimento natural de organismos e estruturas complexas.

A Falácia de Hoyle é uma das referências das críticas anti-darwinistas criacionistas, do Design Inteligente, entre outras. O motivo por que é uma falácia foi explicado extensivamente por Richard Dawkins, principalmente nos livros O Relojoeiro Cego e A Escalada do Monte Improvável.

Segundo este em 'the blind watchmaker':
If he'd said 'chance' instead of 'natural selection' he'd have been right. Indeed, I regretted having to expose him as one of the many toilers under the profound misapprehension that natural selection is chance.
Se ele tivesse dito 'acaso' em vez de 'seleção natural' ele teria tido razão. De fato, eu lamentei ter de expô-lo como uma das várias pessoas que confundem seleção natural e acaso.

Essas pessoas, incluindo Fred Hoyle, cometeram um ou mais dos seguintes erros:

  1. Calcularam a probabilidade de formação de uma proteína "moderna", ou até mesmo de uma bactéria completa com todas as proteínas "modernas", por eventos aleatórios. Essa ideia não tem suporte algum na teoria abiogénica – a formação de biopolímeros é derivada das leis da química e da física e a evolução é guiada pela selecção natural, não é aleatória.
  2. Supõem que há um número fixo de proteínas, com sequências fixas, que sejam necessárias para a vida, o que não deve ser considerado um facto comprovado.
  3. Assumiram que se formou tudo 'de uma só vez'.
  4. Subestimam seriamente o número de enzimas funcionais/ribozimas presente em um grupo de sequências aleatórias.

Ian Musgrave faz uma descrição mais detalhada dos erros em Lies, Damned Lies, Statistics, and Probability of Abiogenesis Calculations.

De acordo com Martin Nowak, professor de matemática e biologia evolutiva da universidade de Harvard. "Nós não podemos calcular a probabilidade do surgimento do olho. Nós não possuímos a informação para fazer os cálculos", quanto mais de um organismo humano.

As mentiras criacionistas têm sido um dos piores pesadelos dos cientistas. Já é tempo de começarem a ficar esclarecidos relativamente aos erros que cometem. No entanto, as mentiras, más interpretações (desta vez propositadas) não se ficaram por aqui: Dembski cometeu também graves erros de interpretação durante o seu período de crise existencial relativamente á Teoria da Evolução.
 
A interpretação errónea de Dembski está explicada neste texto: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.com/2012/09/complexidade-especificada-epic-fail.html.

Pois é, os criacionistas não desistem… mas a verdade é que nunca conseguiram atingir os seus objectivos a nível cientifico. Um exemplo é o plano que consta do Documento Wedge: não conseguindo publicações cientificas com impacto significativo, passaram á propaganda com as obras de divulgação de Behe, Dembski e outros a partir de meados da década de 1990 e á realização de documentários sensacionalistas para iludir o público, o que é comparável á propaganda religiosa do pastor Silas Malafaia.    

4 comentários:

  1. Muito bom, Madalena!

    Fico feliz em encontrar pessoas comprometidas em combater as superstições e as perigosas tentativas de se explicar o mundo natural por meio de argumentos sobrenaturais. Viva a ciência!

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    1. é sempre bom ter a opurtunidade de expor o erros criacionistas que confundem o publico

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  2. Para existir tamanha complexidade que existe hoje e passou a existir nos primórdios da Terra, seria necessária uma quantidade grandiosa desta sopa, praticamente do tamanho dos oceanos para que houvesse maior chance de que em algum lugar a vida tenha surgido espontaneamente. Contudo, esperaria haver qualquer indício ou registro fóssil deste gigantesco acúmulo de moléculas em rochas antigas, contendo restos de matéria orgânica, mas até hoje nada foi encontrado e isso é ensinado como um fato ocorrido, nos livros de biologia e não passa de filosofia. Isso tem assustado alguns pesquisadores, como no caso de Michael J. Denton, médico e biólogo molecular, PhD em genética humana e medicina, que afirma que chega a ser chocante perceber que não existe absolutamente nenhuma evidência positiva de sua existência.

    Harold J. Morowitz (1968) calculou a probabilidade de um micoplasma (micróbio muito pequeno) ter sua origem de forma espontânea ser de uma chance em 105.000.000.000 (10e-5x109).

    Segundo Sir Fred Hoyle (1980), a probabilidade de se obter de uma só vez as 2.000 enzimas necessárias apenas para dar início à vida é de uma chance em 10e40.000, ou seja uma chance em 10 acompanhado com 40.000 zeros!

    Outros problemas:

    Problema 1:Para que a primeira célula viva pudesse existir teria sido necessária uma pesada concentração de moléculas orgânicas, particularmente certas. As moléculas orgânicas possuem uma forte tendência à destruição quando expostas à luz ultravioleta, que por sinal foi a mesma luz que, supostamente, forneceu energia para que tudo ocorresse.O químico Donald Hull, da Universidade da Califórnia, calculou a chance de sobrevivência de um aminoácido chamado glicina (NG2CH2COOH), no cenário de uma Terra primitiva. Ele concluiu que 97% destes aminoácidos seriam decompostos na atmosfera antes mesmo de chegar ao oceano, onde os outros 3% seriam destruídos.

    Problema 2:Aminoácidos, bases de nucleotídeos e açucares são moléculas relativamente simples comparadas com as gigantescas cadeias de DNA e RNA. Para a formação de uma proteína simples da bactéria Escherichia coli é necessário 100 aminoácidos. O DNA desta mesma bactéria consiste em mais de 4 milhões de bases organizadas. A probabilidade de que a vida simples tenha se organizado espontaneamente na forma que a conhecemos molecularmente hoje é de 4.9x10e191. São 190 zeros antes da vírgula, isso significa que um milagre seria mais provavel!

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    1. Parece que não leu tudo com atenção. Provavelmente estes cálculos foram realizados com base no pressuposto de que tudo foi aleatório, o que não corresponde á realidade e não se deve pressupor que determinadas proteínas são estritamente necessárias. Além disso: a.a. destruídos na atmosfera? Eu falo em alhos e você em bugalhos. Acha mesmo que a fossilização de moléculas é um acontecimento vulgar e esperado pelos cientistas? É que isso não corresponde á realidade. Parece que o publico ficou mesmo confuso…

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