quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O blog vai continuar... mas noutro blog.

O "Corvo" fez uma sugestão: mudar o modelo do blog para que as letras fiquem em preto com fundo branco. Mas se eu mudar o modelo, este tem que ser aplicado ao blog todo e isso implicaria ter que alterar a formatação de vários textos, pelo que não é possível. No entanto tive uma ideia: passar a escrever noutro blog (com outro modelo), mas dando continuação a este. 

O blog a partir de agora vai funcionar neste endereço: http://allthatmattersmaddy32b.blogspot.pt/ (a única diferença no endereço é um "b" após o título (que é o mesmo).

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Etologia

A etologia é o ramo da zoologia que se ocupa do estudo do comportamento animal em condições naturais de um modo geral e em especial do estudo deste á luz da teoria da evolução e o pai da etologia foi Charles Darwin.
Para terem um exemplo do que é estudado em etologia, podem ler o gene egoísta de Richard Dawkins. Dawkins dá vários exemplos de comportamentos vantajosos quando animais vivem em grupo, tal como acontece nos humanos. Um dos que eu mais gostei foi o que abordava a questão de fazermos favores uns aos outros á luz das vantagens evolutivas que isso pode trazer: é que esses favores podem sempre ser recompensados no futuro.

Estou a falar neste assunto porque vai haver um congresso de etologia em Lisboa no Centro Champalimaud nos dias 24 e 25 de Outubro. Eu já me inscrevi (preciso para os créditos de opção) e quem quiser ir ainda se pode inscrever aqui: www.spe2013congresso.com (depois escrevo qualquer coisa sobre o assunto).

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Tretas dos cristãos (parte II)

Vejamos qual é o melhor argumento que os cristãos têm para a ressurreição e como ele é destruído facilmente.



O William Lane Craig acha que a melhor explicação para uma série de factos, como o túmulo encontrado vazio, as “aparições” de Jesus e as dimensões do movimento cristão na época é que alguém ressuscitou, tendo estado morto durante os 2 ou 3 dias anteriores (e se foi crucificado estava bem morto). Fantástico. E depois os cristãos admiram-se de serem gozados (eu acho que até os judeus gozam com eles). Acho que o Craig andou a ver muitos filmes de mortos-vivos. Também gosto de filmes de mortos-vivos, mas tenho a noção de que essas coisas não são reais.
Alguém roubar um corpo, pessoas terem problemas psiquiátricos e a propaganda cristã dar resultado é menos razoável do que o morto ressuscitar para o William Lane Craig. Eu acho que quem precisa de um psiquiatra é o Craig. Urgentemente. Antes que seja tarde.

Reparem que todas as alternativas à ressurreição são mais plausíveis do que esta hipótese porque acontecem regularmente ao longo da nossa vida: alguém vandaliza um cemitério, alguém tem alucinações, alguém compra alguma coisa só porque a propaganda ao produto deu resultado. É claro que há ainda mais uma alternativa: isto é um conto em que se adaptaram mitos mais antigos (o que também não é nada de invulgar).  

domingo, 29 de setembro de 2013

A fuga desesperada do criacionista Francisco Tourinho

Quem acompanha este blog deve lembrar-se da confusão que um certo criacionista - o tal Francisco Tourinho fez relativamente ás características do genoma humano (ver Confusão sobre o genoma humano).
Eu tentei corrigi-lo sobre o assunto e mais tarde chegou à discussão um dos leitores deste blog (que assina "Corvo"). Acho que o criacionista não gostou muito da aula de genética que eu lhe dei ou talvez se tenha apercebido que tínhamos razão ou então não conseguiu responder à letra ao que lhe foi dito. Eu digo isto porque este fugiu a sete pés, acabando com o blog. Acho que teve vergonha. É pena eu não ter guardado a conversa toda para colocar aqui no blog. E pelo que tenho lido sobre discussões com criacionistas na internet, estes tendem a apagá-las quando é demasiado vergonhoso para eles.  


sábado, 28 de setembro de 2013

Como debater evolução com um criacionista

O Dr. Michael Shermer fez um óptimo trabalho no debate em 2004 (Universidade da Califórnia – Irvine) com o criacionista da Terra jovem Kent Hovind. Com humor negro, factos e uma certa dose de condescendência, este conseguiu passar um bom bocado enquanto os criacionistas enfiavam os dedos nos ouvidos.
O Dr. Shermer, por exemplo, apontou para o facto de a baleia nadar com barbatanas semelhantes aos membros dos mamíferos e não ás dos peixes, o que é consistente com a evolução e não com a noção de criacionismo progressivo, ou mesmo qualquer outro tipo de criacionismo, a menos que deus fizesse as baleias e os golfinhos assim para testar a fé dos humanos ao enganá-los – o que significa que os criacionistas teriam que fugir com o rabiosque á seringa e ficariam desacreditados, pois se uma hipótese precisa que a defendam dos testes dessa maneira para não ser falseada é porque deve ser desprezada, não servindo para nada. Na realidade esse facto acerca das barbatanas das baleias e dos golfinhos apoia a hipótese evolutiva, pois faz sentido que a evolução “trabalhasse” com aquilo que já lá está, isto é, com os membros dos mamíferos ancestrais através das mutações que iriam modificá-lo, mas não substitui-lo por uma barbatana de peixe.
O papel do criacionista Kent Hovind no debate foi insultar o seu oponente e todos os cientistas que citava. É nisso que os criacionistas são bons – nisso e em serem desonestos, mas não em ciência. E já agora: por uma estrutura qualquer ter alguma função para os indivíduos da espécie em questão, não significa que não possa servir de evidência para a evolução.
Acho que ambos os participantes estão de parabéns: um pela melhor explicação e o outro pelos melhores insultos.

Aqui fica o vídeo: 



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Lixo genético e deus no lixo

Lembro-me de ter esclarecido a diferença entre “Junk DNA”, ou seja, DNA lixo e “Garbage DNA”. O primeiro é alguma coisa que não é necessária, embora vá sendo guardada. Tal como o DNA lixo, deus também não é necessário para explicar nada. O que tornou deus desnecessário foi uma combinação explosiva de química, biologia e física: a teoria da evolução e a percepção de que a vida pode muito bem ter surgido naturalmente em conjunto com as teorias e descobertas recentes da física quântica, como a teoria das cordas com as suas previsões e a descoberta de que o espaço vazio está cheio de partículas virtuais. Isto não demonstra que deus não existe, pois há sempre a possibilidade de ele nos enganar para pensarmos que o universo veio do nada e que a teoria da evolução corresponde à realidade de modo a testar a fé dos humanos, visto as pessoas religiosas poderem inventar tudo e mais alguma coisa para fugirem aos testes da ciência. Isto simplesmente torna-o desnecessário como explicação para as nossas origens.
O problema para a hipótese de deus é que em ciência não guardamos lixo, mesmo que este não cheire mal. Deitamos fora.
Uma possível resposta seria que deus é necessário como explicação para a inspiração humana, para os relatos da ressurreição, a qual teria ocorrido na realidade, etc. Mas a primeira sabemos que vem das reacções químicas do nosso cérebro e a segunda muito provavelmente não ocorreu e foi baseada noutros mitos mais antigos.
Além de tudo isto, já devia estar no lixo logo na primeira fuga aos testes.

O lugar do lixo é no lixo. Obrigada. 



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Duplicação de genes, transferência horizontal e evolução experimental

Em 2010, Michael Behe elaborou um artigo de revisão entitulado «Experimental evolution, loss-of-function mutations, and “the first rule of adaptive evolution”» (1) Acho que desta vez o Michael Behe fez um bom trabalho e mereceu a publicação do artigo e as observações positivas de um dos autores a quem este fez uma revisão do trabalho publicado. Jim Bull é autor de uma data de estudos no campo da evolução experimental. Este escreveu um comentário (*) sobre a revisão de Michael Behe, pois este tinha incluído material da sua autoria. O Dr. Bull achou também que Behe se portou bem desta vez, mas acrescenta que não seria de esperar a evolução de mais novidades do modo como os estudos eram realizados. Por exemplo, sabemos que trocas de genes entre várias espécies de bactérias são uma óptima maneira para o genoma adquirir novos genes e funções (por exemplo, multi-resistência aos antibióticos), sendo que um dos melhores meios para isso são os bacteriófagos (vírus que atacam bactérias), no entanto não houve oportunidade para isso durante as experiências que foram realizadas.
O Dr. Bull focou que um dos seus estudos no campo da evolução experimental apoia a hipótese de que uma duplicação genética pode dar origem a 2 genes diferentes devido a mutações, embora as condições que favorecem a manutenção de duas cópias submetidas a divergência evolutiva sejam delicadas. Um dos genes mantém normalmente a sua função original e o outro transforma-se num novo gene.
É claro que o campo da evolução experimental e molecular precisa de ser desenvolvido, e o artigo de revisão do Michael Behe veio alertar para isso mesmo.



Ref.:


1. «Experimental evolution, loss-of-function mutations, and “the first rule of adaptive evolution”», M. J. Behe, The Quarterly Review of Biology, December 2010, Vol. 85, No. 4 (disponível aqui: http://www.lehigh.edu/~inbios/pdf/Behe/QRB_paper.pdf)