terça-feira, 14 de junho de 2011

Evolução: um facto científico? Sim! (actualizado)

Este post é uma resposta á campanha anti-evolucionista, que existe a nível internacional, sobretudo nos estados unidos, no brasil e mesmo (embora em menor escala) em alguns países da Europa. Esta é posta em prática pelos auto-intitulados criacionistas científicos (e todos os seus "apoiantes"). Estes utilizam argumentos pseudo-científicos e pseudo-racionalistas para refutar a teoria da evolução: Um dos seus argumentos preferidos é afirmar quea ateoria da evolução é uma tautologia, que é uma afirmação necessariamente verdadeira pelo significado dos termos (3+3=6). A Teoria da Evolução diz que os mais aptos sobrevivem, mas define os mais aptos como sendo os que sobrevivem, o que é uma tautologia pois é sempre verdade por definição, e por isso é irrefutável e não verificável, segundo os que argumentam a favor do criacionismo. Ora, a Teoria contém algumas tautologias, mas no entanto pode verificar-se se os seres vivos correspondem a determinados pressupostos, por exemplo se os indivíduos n herdarem ascaracterísticas dos progenitores n confirmam, visto que herdam, confirmam.

Além de "inventarem argumentos contra" tb deturpam alguns dos argumentos da evoluçao, virando-os contra a própria: tentam desmentir o registo fóssil (fósseis de transição) como argumento a favor da teoria, ao sobrestimarem as lacunas entre determinados tipos de animais (ivertebrados e vertebrados), ao afirmarem que ao contrário do que Darwin afirmava, fosseis de corpos moles, frágeis sao encontrados em abundância pelos paleontólogos e fazendo uso da existencia de fosseis vivos para corroborar a teoria criacionista - "Deus criou o a Terra e todos os seres vivos conforme as espécies", afirmam eles a quem quer (e n quer) saber. Primeiro: as lacunas de fósseis podem significar 2 coisas: ou n existiu uma relação, uma transição directa entre vertebrados e invertebrados e estes têm apenas um ancestral comum muito, muito "antigo" e/ou ainda, os fósseis em falta simplesmente ainda n foram encontrados, o k n prova que a teoria da evoluçao está errada e que esses 2 tipos de animais foram originalmente criados por deus (o mesmo deus para cristãos, judeus e muçulmanos, espíritas e afins); Segundo: a teoria original de Darwin já sofreu alteraçoes ao longo dos anos, pois novas descobertas científicas foram feitas desde a sua realizaçao e, como qualquer outra teoria científica está aberta a modificaçoes ou refutações se os novos factos científicos (verdadeiros factos científicos) as apoiarem. Porém ainda não houve quem conseguisse refutar os princípios básicos da evolução, mas houve sim, quem conseguisse, através de novas descobertas corroborar essa teoria e modificar alguns pressupostos incompletos ou parcialmente erróneos. Daí nasceu a Teoria Neo-darwinista. Um dos exemplos de um argumento Neo-darwinista que se mostrou ele próprio incompleto foi a lei biogenética de Haeckel que afirmava que o embrião na sua Ontogenia, isto é, nas suas fases de desenvolvimento, recapitula a Filogenia, que é história das fases evolutivas das suas espécies ancestrais. Esta foi posteriormente modificada, sendo agora conhecida como Lei de Muller-Haeckel, que afirmava que as fases embriológicas apresentavam, não estruturas de animais primitivos adultos, mas estruturas de embriões das espécies ancestrais.


Existe actualmente outro tipo de criacionismo, o qual não tenta desmentir totalmente a teoria da evolução, mas sim desmentir a Teoria da abiogénese, a qual tem andado a par e passo com a teoria da evoluçao, uma vez que o próprio Charles Darwin pensava que a vida tinha tido origem nos oceanos e tinha surgido de forma espontânea, ao acaso, simplesmente a partir de elementos naturais pre-existentes. Além disso, este tipo de criacionismo pode aceitar que a evolução teve lugar até dterminado ponto, sendo permitida ou auxiliada por deus. Este defende também o design inteligente.


De acordo com a teoria da abiogénese mais aceite actualmente, segundo Oparin, em ambiente aquoso, compostos orgânicos teriam sofrido reações que iam levando a níveis crescentes de complexidade molecular, eventualmente formando agregados (coloides). Estes seriam aptos a se "alimentar" rudimentarmente de outros compostos orgânicos presentes no ambiente, de forma similar a um metabolismo primitivo. Ao formarem-se em enormes quantidades, e ao chocarem no meio aquoso durante um tempo muito longo, eventualmente atingiriam um nível de organização que desse a propriedade de replicação. Surgiria aí uma forma de vida extremamente primitiva. Esta teoria foi apoiada pela experiência de Urey-Miller, na qual foram produzidas várias moléculas orgânicas, entre as quais aminoácidos. Reanálises publicadas em Outubro de 2008 do material original da experiência, mostraram a presença de 22 aminoácidos ao contrário dos 5 que foram criados no aparelho. (Ver esquema da experiência á direita)


Os Replicadores seriam, possivelmente, moléculas semelhantes ao nosso DNA. Estas poderiam ligar-se a outras moleculas orgânicas, havendo cada vez mais cópias dessas moléculas que foram ganhando diversidade através de erros na transcrição (mutações) não letais.



Além deste tipo de criacionismo, existe ainda uma teoria que não defende obrigatórimente a intervençao de uma entidade divina, mas sim a intervençao de uma entidade inteligente, no principio da criação, a qual não desmente completamente a evoluçao, mas sim a abiogénese. Esta teoria é chamada de teoria do design inteligente.



Argumenta-se que, decompondo uma bactéria (ou mesmo um vírus) os seus componentes têm uma ínfima, mas muito ínfima probabilidade (que já foi calculada) de se organizarem de modo a formar tal organismo. É claro que estes cálculos não têm em conta as condições do meio em que se inseriam os componentes. De qualquer modo, somos o único planeta do sistema solar que tem vida e, provávelmente o único na galáxia (já para n dizer no(s) universo(s)), o que ainda assim me leva a crer que a hipótese de tudo ter sido resultado de processos espontâneos não está assim tão desfasado da realidade, mesmo em termos de probabilidades.



Ainda a este argumento probabilístico, costumam adicionar ainda o argumento do relógio devido á questão da complexidade irredutível, o qual é um dos mais notáveis argumentos do design inteligente, tanto que algumas vezes é defendido por cientistas razoavelmente respeitáveis, geralmente da biologia celular e molecular e da bioquímica, nem sempre criacionistas.



Afirma que devido ao alto nível de complexidade de um sistema, e devido ao facto deste sistema não funcionar sem qualquer uma de suas partes, estas não poderiam ter sido adicionadas em estágios sucessivos, tendo que ser montadas de uma só vez, ou pelo menos que tivesse sido desenvolvido intencionalmente e com inteligência. No caso das células, qualquer componente que seja retirado prejudica ou mesmo inviabiliza o funcionamento da mesma. Em analogia, é utilizado o exemplo do relógio. Considera-se que seja impossível remover qualquer peça do relógio sem afetar-lhe o funcionamento. Isso pode provar que ele de facto foi construído em sua forma complexa, tal como a célula. Mas será que o primeiro relógio a ser criado pelo Homem já era tão complexo? Na realidade, penso que o grau de complexidade foi aumentando gradualmente.



A tese do Bioquímico Michael Behe, na obra "A Caixa Preta de Darwin", foi exactamente argumentar a favor do design inteligente. Este perito, ainda que seja um proponente do Design Inteligente não é criacionista "clássico", isto é, não defende o criacionismo bíblico.

A analogia deste autor é feita através de uma ratoeira, á qual também n é possível o funcionamento se retirada uma das suas peças. No entanto, n há nd que se assemelhe a uma ratoeira na natureza, e muito menos entre os seres vivos, nos quais, é unânime na comunidade científica, ocorreu evolução, pelo menos no sentido dos menos complexos para os mais conplexos.



Fica uma dica - não tanto para os que são adeptos desta última teoria, mas para os criacionistas pseudo-científicos: usem a massa cinzenta que acham que o vosso deus vos deu.

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