Regra geral, o conceito de causa-efeito ou causalidade* é
aplicado á investigação científica epidemiológica e de um modo geral, na medida
em que uma causa antecede um efeito.
A determinação da relação de causalidade segue vários critérios
sendo um deles a plausibilidade da explicação, ou seja, deve-se ter em conta se
esta está de acordo com o conhecimento existente relativamente ao assunto.
Se de facto fomos projectados, logo tem que existir um
projector, um designer (óbvio). Se é colocada a hipótese da existência de um designer
como causa, deve-se verificar se esta está de acordo com os dados de pesquisas
relacionadas com a procura de vida inteligente não humana. Os programas SETI têm
sido levados a cabo várias vezes e nunca existiu um resultado positivo. Outra
questão que deve ser aplicada: mesmo estando de acordo com os dados, estes são
suficientes para evidenciar a hipótese (neste caso, design inteligente)? Na realidade,
a existência de um designer inteligente não se encontra de acordo com resultados
dos programas SETI, mas se estivesse de acordo, isso não bastaria para inferir
a sua existência, pois as entidades biológicas extra-terrestres podiam não ser
responsáveis pela concepção dos seres vivos na Terra. Não existe nenhum ser
vivo capaz (até ao momento) de realizar o que os proponentes do design
inteligente afirmam.
Há ainda que considerar que a maioria (ou mesmo todos) dos
proponentes do design inteligente não encaram o problema deste modo: eles
pensam que foi deus que criou os seres vivos. Até agora nenhum sinal dele, também.
Na realidade pode-se mesmo afirmar que um deus como o dos cristãos que é
omnipresente seria fácil de detectar – visto que está em todo o lado.
Existe ainda mais um critério que se deve aplicar a este caso: questionar sobre a existência de explicações alternativas. As explicações alternativas, existem e estão de acordo com observações e resultados obtidos em investigação – a teoria do RNA world, as teorias sobre a formação do código genético, a teoria da evolução neo-darwinista e a teoria da evolução simbiogénica. Além de todos os dados a favor da evolução e sobre o modo como ocorreu (mutações, recombinação, selecção natural, transferência horizontal, simbiose, endossimbiose), existem ainda simulações computacionais que utilizam algoritmos evolutivos (ex.: algoritmos genéticos), que simulam os processos evolutivos naturais e é utilizada uma função de adaptação (fitness function) que classifica as soluções (como uma espécie de ‘informação’ recebida do ambiente, correspondendo ás capacidades de performance dos organismos). Sobre o aparecimento do código genético existem semelhantemente métodos computacionais (Monte Carlo) que simulam a formação de um código genético primitivo com origem em sequências aleatórias.
Ainda que se assumisse que estas teorias falhavam em
explicar o efeito, se a causa proposta provavelmente não existe, apenas se pode
afirmar que a causa ainda é desconhecida, ou que uma das outras causas
contribuiu para o efeito, mas não é suficiente para explicar esse efeito. A 2ª
opção é o máximo que um proponente do design inteligente pode conseguir num
debate. Portanto, podem procurar mil e uma maneiras de refutar as teorias em
vigor, que isso em nada contribui para a sua própria causa.
No entanto, o argumento da ignorância é o preferido dos proponentes
do design inteligente, e é a afirmação de que por uma teoria falhar ou ser
insuficiente, logo a outra está obrigatoriamente certa, sem haver necessidade
de demonstrar que esta de facto corresponde á explicação para o efeito
observado. Este argumento é uma falácia lógica
óbvia
De um modo simplista, de acordo com as teorias científicas
em vigor, as causas propostas para a nossa actual existência existem; a(s)
causa(s) que os proponentes do design inteligente invocam, o mais provável é não
existir(em), de acordo com o conhecimento actual.
Normalmente quando este tipo de plano é aplicado, já se sabe
que a causa possível existe. No entanto, visto que os proponentes do design
inteligente propõem ao mesmo tempo a existência de uma coisa e uma relação de
causalidade com um determinado efeito, a primeira coisa que se tem que fazer é
determinar se a existência dessa causa está de acordo com o conhecimento
derivado de investigações sobre o assunto. Visto que provavelmente não existe
essa causa, esta não pode ser causa de nada. Então para determinar uma causa plausível,
teremos que investigar outras explicações possíveis – as mencionadas
anteriormente.
*Nota: ‘Regra geral é aplicado o conceito’ é diferente de ‘Aplica-se
em todas as circunstâncias’.
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