Citando
novamente a Drª Lynn Margulis (na mesma entrevista), esta afirma:
O que se gostaria de ver é um bom
caso de mudança gradual de uma espécie para a outra em campo, em labnoratório
ou no registo fóssil. (…) Não há gradualismo (na transição de uma espécie para
a outra) no registo fóssil.
Nesta
declaração a Drª Margulis refere-se á observação de indícios de especiação
semelhante à prevista pela teoria de Darwin - gradual e primária, na qual não
ocorreu hibridação nem fenómenos de transferência lateral, ou de todo o
processo (em formas de vida mais complexas do que bactérias). De facto a
observação de todo o processo não tem sido conseguida. Partes do processo têm
sido observadas em certas espécies de salmão, em condições de isolamento geográfico
e mesmo com proximidade geográfica e apesar da migração, bem como em moscas do
género Drosophila – divergência entre populações. Existem bastantes indícios de
que o isolamento geográfico das populações é importante na especiação primária.
Tomemos como exemplo o caso de uma espécie de rato descrita pela primeira vez,
Rhipidomys ipukensis, por cientistas da Universidade de Aveiro, a qual
evidenciou a importância que o isolamento reprodutivo - geográfico, através de
um rio, teve na diferenciação entre as espécies. O estudo foi publicado na
revista Zootaxa.
Apesar da
alegação de Lynn Margulis de que não há registo que indicie um caso de
especiação primária, por divergência (gradual) entre populações, penso que tal
não corresponde totalmente á realidade. Têm sido feitas observações
relativamente ao que se chamam espécies em anel
Uma espécie em anel é uma série de populações
vizinhas, cada uma das quais pode cruzar com outras
nas proximidades, mas para os quais existem, populações do extremo oposto
da série, que são muito distantemente relacionadas e com as quais não se cruzam. Populações do “fim” podem coexistir na mesma região, fechando assim o "anel".
"(Ring species) are only showing us in the
spatial dimension something that must always happen in the time dimension.” –
Dawkins, Richard 2004
As espécies em anel constituem uma boa
evidência de que a divergência genética (e adaptação) pode chegar ao ponto de
gerar duas espécies, exemplificando o isolamento reprodutivo na natureza.
Referências:
- Evolution. 2010 June; 64(6): 1773–1783. - RECENT ECOLOGICAL DIVERGENCE DESPITE MIGRATION IN SOCKEYE SALMON (ONCORHYNCHUS NERKA), Scott A Pavey, Jennifer L Nielsen, and TroyR Hamon
- DODD, D. M. B. Reproductive isolation as a consequence of adaptive divergence in Drosophila pseudoobscura. Evolution. 1989. 43, 1308-1311
- http://www.ua.pt/uaonline/detail.asp?c=20054
- Wake, D. (1997) Incipient
species formation in salamanders of the Ensatina complex Proceedings of the National Academy of
Science USA 94:7761-7767 (http://www.pnas.org/content/94/15/7761.full)
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