quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Evolução: equilíbrio pontuado e especiação rápida


A evolução demora tempo, mas nem sempre tanto como Darwin pensava.

Eldredge e Gould propuseram que o grau de gradualismo normalmente atribuído a Charles Darwin não é apoiado pelo registo fóssil. A hipótese do equilíbrio pontuado propõe que mudanças morfológicas podem ocorrer rapidamente e estão associadas a eventos de especiação. O equilíbrio pontuado está associado ao conceito de Ernst Mayr de evolução por especiação alopátrica (geográfica). A especiação alopátrica sustenta que pequenas populações isoladas são geneticamente dissociadas dos efeitos do fluxo genético e podem rapidamente irradiar. Se a maioria evolução acontece nestes casos de especiação alopátrica, então as evidências de evolução gradual devem ser raras.

Vários métodos têm sido desenvolvidos para se inferir equilíbrio pontuado a partir de filogenias moleculares, na ausência de dados paleontológicos. Estes métodos essencialmente testam se a variação nos fenótipos entre as espécies existentes é melhor explicada por tempo evolutivo desde ancestralidade comum ou pelo número de eventos de especiação.

 
Referências:


6 comentários:

  1. O equilíbrio pontual surgiu com base em grandes lacunas deixadas pelo registro fóssil incompleto. Um grupo passaria por um grande período de estase seguido de um momento de rápida diversificação. Para alguns, esse padrão indicado nos fósseis derruba o gradualismo darwiniano. Entretanto, não vejo dessa forma. Imaginemos uma situação de especiação alopátrica em que uma das populações geradas do isolamento se diversifique mais que a outra e que essa situação perdure por longo período. Agora, suponha que, por algum motivo, essa população bem diferente volte a ocupar o mesmo ambiente. A área habitada pela população que menos se diversificou corresponde ao sítio paleontológico estudado. Temos, então, a situação de se observar um longo período de poucas mudanças (população residente), seguida de um grande mudanças no registro fóssil (volta da população que gradualmente se diversificou em outro ambiente), dando a ilusão de que houve o equilíbrio pontuado.

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    1. «Agora, suponha que, por algum motivo, essa população bem diferente volte a ocupar o mesmo ambiente.» Bem visto. Mas se pela filogenia molecular observarmos vários eventos de especiação em relativamente pouco tempo, isso não dá apoio á hipótese do equilíbrio pontuado?

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    2. Bom, nesse caso, dou meu braço a torcer e me curvo as evidências moleculares (caso sejam consistentes). Como adepto do conhecimento científico, não vejo problema em mudar de ideia diante de uma teoria mais consistente que a que defendo agora. Insisto que a ciência não pode ser confundida com um dogma e aceito sem problema a relatividade de uma verdade.

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    3. Pois... Eu própria não estou certa qual o melhor modelo que explica os factos observados. É que para o equilibrio pontuado funcionar, a população que fica no mesmo sítio tem que se diversificar rápido e para isso é preciso que ocorram mudanças mais ou menos drásticas no ambiente (penso eu).

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  2. Não acho uma ideia do equilíbrio pontuado absurda (embora não esteja convencido de sua existência). Devemos lembrar que o que chamamos de "rápido" quando se trata do tempo geológico são, às vezes, algumas centenas de milhares de anos. Desse modo, acho possível que mudanças climáticas consideradas em certas áreas no período mencionado o suficiente para acelerar um processo de diversificação. A questão é: qual o limite de tempo geológico para que a diversificação de um grupo possa ser considerada resultado do gradualismo ou do equilíbrio pontuado? Essa acredito que seja uma pergunta complicada.

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  3. «A questão é: qual o limite de tempo geológico para que a diversificação de um grupo possa ser considerada resultado do gradualismo ou do equilíbrio pontuado?» Isso é tudo muito relativo. Há que comparar casos e ver a disparidade de tempo geológico para determinado nível de mudança.

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