Fadas do jardim e evolução química
Hoje
deparei-me com o seguinte num blog criacionista (1): «3 - A evolução química, todos os cientistas estão de acordo,
até nos livros de ensino médio, por incrível que pareça, já vem com esse
conceito. Não houve tempo suficiente para o surgimento da vida na terra
(#fato), e está em desacordo com a probabilidade que é um dos cinco elementos
básicos da formulação de uma hipótese científica (…)» (sic) Os cientistas não
sabem ao certo como surgiu a vida na Terra, apenas os tipos de alguns dos
eventos que devem ter ocorrido e mesmo essas noções podem estar erradas – visto
isto, não podem saber ao certo se houve tempo ou não. Quanto ás probabilidades,
pelo que eu sei, é uma estupidez calcular a probabilidade de uma célula
completa, pois esta não surgiu espontaneamente já toda formada e calcular a
probabilidade de uma certa sequência de aminoácidos ou nucleótidos também –
qualquer sequência aleatória de 20 aminoácidos tem uma probabilidade baixíssima
de ocorrer ao acaso (sem considerarmos quaisquer dados com relevância
estatística), assim como uma sequência deliberadamente escolhida por fadas do
jardim para um propósito todo xpto, mas isso não interessa, até porque podem
existir muitas que sirvam para um proto-ser vivo e não apenas uma ou duas, o
que interessa é descobrir como os polímeros se formam. Então, temos a
policondensação, com a formação de várias moléculas intermédias, por exemplo
ácido piroglutamico a partir de ácido glutamico, originando oligomeros em
condições plausíveis para uma Terra pré-biótica (2). Se um criacionista fosse
calcular a probabilidade de um oligomero formado naturalmente por este
processo, diria que um designer inteligente teria que ter escolhido cada um dos
aminoácidos e que os ter colocado na ordem correcta.
Mais uma coisa: pela lógica dos
criacionistas o bridge é impossível, mas os jogos de bridge acontecem várias
vezes em vários cantos do mundo – o deus deles deve andar muito ocupado com
tanto jogo de bridge por aí.
Fadas do jardim e racionalidade
Ainda no mesmo
blog, estava também escrito: «4 - Surgimento da razão. Se eu sou fruto da necessidade e do
acaso, eu sou fruto do irracional, nesse caso, nossa discussão não faz o menor
sentido, pois nada me garante que somos racionais nesse momento. Enquanto os
Teístas acreditam serem frutos da Razão (Mente Inteligente), nesse caso a
própria razão se justifica, pois se eu sou fruto do irracional a razão não se
justifica.» (sic) Do facto de alguém ser fruto de processos naturais não segue
que este não é/não pode ser racional. De qualquer modo isso é irrelevante, pois
sabemos que a evolução ocorreu, que somos fruto de processos naturais e que
jardins bonitos não precisam de ter fadas.
Referências:
P.S.: Desta vez abordei a questão da origem da vida sem ter que mencionar a treta do código - que bom!
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