Há algum tempo descobri ao vaguear pelo pubmed um artigo
interessante sobre evolução de proteínas (1).
No estudo sequenciaram-se genes parálogos e ortólogos em
peixes cartilagíneos e foram reconstruídas proteínas ancestrais, o que permitiu
analisar as modificações que ocorreram ao longo do tempo, incluindo a
divergência sequencial. As proteínas em estudo são receptores de hormonas glicocoricoides
(GR) e mineralocorticoides (MR), proteínas que surgiram por duplicação de genética
há aproximadamente 450 milhões de anos. Obviamente as proteínas divergiram e
passaram a desempenhar funções diferentes na fisiologia animal.
As MR são activadas pela ligação á aldosterona, desoxicorticosterona
e cortisol. As GR são activadas por quantidades elevadas de cortisol. Os
investigadores reconstruíram o precursor destes, AncCR, que seria semelhante ao
MR (várias hormonas em baixas concentrações). Aqui está a filogenia:
É giro não é? Mas eu também encontrei um artigo de PZ Myers
no seu blog Pharyngula (2) sobre este estudo (onde se pode ler uma descrição
mais detalhada). E aí fiquei a saber que 2 criacionistas (Gauger e Axe) também
tinham investigado a evolução de proteínas, comparando 2 proteínas actuais e
dizendo que uma não pode ter evoluído para a outra. O pior é que isso não é uma
hipótese alguma vez proposta por um biólogo que estude a evolução. Elas são “primas”,
nenhuma descende da outra e de facto essa transição nunca ocorreu, portanto não
interessa. Talvez por isso os criacionistas não tenham submetido o artigo a
revisão de pares.
Referências:
1. Carroll SM, Ortlund EA, Thornton JW
(2011) Mechanisms for the evolution of a derived function in the ancestral
glucocorticoid receptor. PLoS
Genet.7(6):e1002117. Epub 2011 Jun 16 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3116920/)
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