“O Dragão Na Minha Garagem”
“Um dragão que cospe fogo vive na minha garagem.
Suponhamos que eu faça seriamente essa afirmação. Com certeza iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!
Suponhamos que eu faça seriamente essa afirmação. Com certeza iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!
- Mostre-me – diz. Eu levo-o até à minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão.
- Onde está o dragão? – Pergunta.
- Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci-me
de lhe dizer que é um dragão invisível.
Propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar
visíveis as pegadas do dragão.
- Boa ideia – digo eu –, mas esse dragão flutua no ar.
Então, quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível.
- Boa ideia, mas o fogo invisível é também desprovido de
calor.
Quer borrifar o dragão com tinta para torná-lo visível.
- Boa ideia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir.
E assim por diante. Eu oponho-me a todos os testes físicos que propõe com uma explicação especial de “por que não vai funcionar”.
Qual a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhuma experiência concebível vale contra esta, o que significa dizer que o meu dragão existe? A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela. Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem carácter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração. O que eu estou a pedir é apenas que, na ausência de evidências, acredite na minha palavra.”
O texto acima é da autoria de um comentador do blog “Darwinismo” que assina “Carlos”, passado do português do Brasil para o português de Portugal. É claro que os criacionistas que o leram não entenderam a analogia com deus (ou fingiram que não entenderam). Isto é basicamente o que os crentes fazem relativamente ao seu deus, que aqui corresponde ao dragão invisível.
Sem comentários:
Enviar um comentário