domingo, 28 de abril de 2013

«Nada em biologia faz sentido excepto á luz da evolução» *


Genética Molecular e Evolução:

A genética molecular é uma disciplina muito importante no estudo da evolução. As sequências podem ser semelhantes devido a processos evolutivos ou a ancestralidade comum. No entanto, semelhanças sequenciais que não são funcionalmente necessárias indicam ancestralidade comum. Também os transposões e retrovírus endógenos (aos quais pertencem sequências repetitivas, como as LTR – Long Terminal Repeat) são um exemplo disso. A presença dos transposões nos mesmos locais dos mesmos cromossomas permitiu relacionar, por exemplo, hipopótamos, baleias e ruminantes, demonstrando que estes eram mais próximos do que se pensava, contrariando a interpretação dos dados morfológicos, quando comparados. Os dados referentes aos retrovírus endógenos apoiam a ancestralidade comum entre humanos e chimpanzés e entre humanos e outros primatas. Há uns anos atrás encontraram sete em comum, com localização cromossómica idêntica, entre humanos e chimpanzés (1), embora eu pense que já encontraram até hoje dezasseis (que coisa horrível para os criacionistas…). A partir dos dados da genética molecular também podemos reconstituir a história evolutiva em termos de eventos a nível do genoma, por exemplo o aparecimento de novos genes por duplicação, a ocorrência de transposições de genes, fusões cromossómicas, entre outras.    


Embriologia e Evolução

Além de certos genes envolvidos no desenvolvimento humano (sequências reguladoras) poderem, com poucas mutações, ser cruciais na evolução de certas características morfológicas e serem usados os mesmos genes para definir regiões do corpo por todos os animais, estruturas embrionárias mantêm características ancestrais, pelo que as etapas do desenvolvimento embrionário são comparadas com os dados do registo fóssil para ajudarem a reconstituir a história evolutiva das espécies. Um bom exemplo é a evolução dos dedos do cavalo: um ancestral do cavalo moderno, pelo registo fóssil, tinha 3 dedos e num certo estádio do desenvolvimento embrionário começam a desenvolver-se 3 dedos em vez de apenas 1 como no cavalo moderno totalmente formado. Em alguns casos, os 3 dedos desenvolvem-se completamente. Peixes desenvolvem guelras a partir dos arcos branquiais com poucas modificações, mas nos outros vertebrados estes dão origem a estruturas muito diferentes que compõem a cabeça: nervos cranianos, artérias, a laringe, entre outras nos mamíferos. Nas fases iniciais de desenvolvimento embrionário, o coração humano, assemelha-se ao de um peixe, em que cada uma das câmaras não é dividida e o sangue sai através de uma única aorta. Em estágios mais avançados de desenvolvimento, o coração humano, agora com 2 átrios e um ventrículo parcialmente dividido, assemelha-se a um coração de réptil. Na sua fase final, o coração humano tem quatro câmaras separadas compostas pelo miocárdio, e o sangue é fornecido por três grandes artérias. Até existe um estágio (filotípico), denominado faríngula, em que os embriões de todos os vertebrados são bastante semelhantes: aparecem os arcos branquiais – protuberâncias faríngeas, a corda dorsal (origem na mesoderme e pode dar lugar á coluna vertebral) e animais sem cauda como nós têm cauda vestigial, que depois desaparece ou é facilmente removida cirurgicamente. Este estádio tem equivalentes noutros filos (por exemplo, em artrópodes). Outro dos casos em que os dados da embriologia contribuíram para a reconstituição da história evolutiva, foi o do olho (descrito algures anteriormente). A única opção para inter-relacionar tudo em biologia é a teoria da evolução: desde o registo fóssil (anatomia comparada), continuando com a genética, a bioquímica e a embriologia.


Referências:
  1. http://www.talkorigins.org/faqs/comdesc/section4.html
  2. “Why Evolution is True”, Jerry A. Coyne, Oxford University Press, New York, 2009
  3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3014134/pdf/20101200s00022p687.pdf
  4. http://physrev.physiology.org/content/83/4/1223.full.pdf+html
  5. http://www.talkorigins.org/faqs/comdesc/section2.html
  6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6373560     

(1) Bibliografia recomendada:

Svensson, A. C., N. Setterblad, et al. (1995) "Primate DRB genes from the DR3 and DR8 haplotypes contain ERV9 LTR elements at identical positions." Immunogenetics 41: 74. [PubMed]

Dangel, A. W., B. J. Baker, et al. (1995) "Complement component C4 gene intron 9 as a phylogenetic marker for primates: long terminal repeats of the endogenous retrovirus ERV-K(C4) are a molecular clock of evolution." Immunogenetics 42: 41-52. [PubMed]

Kjellman, C., H. O. Sjogren, et al. (1999) "HERV-F, a new group of human endogenous retrovirus sequences." Journal of General Virology 80: 2383. http://vir.sgmjournals.org/cgi/content/full/80/9/2383

Shimamura, M., et al. (1997) "Molecular evidence from retroposons that whales form a clade within even-toed ungulates." Nature 388: 666. [PubMed] e comentário (http://faculty.virginia.edu/bio202/202-2002/Lectures%2020202/thewissen%20et%20al%201997.pdf)

Leitura adicional:


- http://www.evolutionarymodel.com/evolutionnews.htm – Refere-se á agitação que estas evidências moleculares criaram em certos círculos religiosos (os membros do Discovery Institute) e ainda a uma coisa vulgarmente designada por “quote mining” (é muito feio!).


* Nota: «Nada em biologia faz sentido excepto á luz da evolução», Theodosius Dobzhansky

Michael Behe & William Dembski, Ann Gauger & Douglas Axe

No fim-de-semana passado dei um salto a Nisa, entrei num café e para meu espanto vi 2 fotos, uma do Michael Behe com o William Dembski e outra da Ann Gauger com o Douglas Axe (os 2 idiotas das proteínas "primas"). Aqui estão elas:

Michael Behe & William Dembski



Ann Gauger & Douglas Axe (a Gauger deve ter emagrecido uns quilos)

sábado, 27 de abril de 2013

Evolução e Informação


Basicamente existem 2 definições de informação: a informação de kolmogorov e a de Shannon.

A informação de kolmogorov mede a informação numa sequência de símbolos e corresponde á menor descrição dessa sequência. Uma duplicação com divergência além de dar origem a um gene novo, pode aumentar o tamanho da descrição da sequência do genoma, assim como a tetraploidia nas plantas. 

Temos ainda a teoria da informação de Shannon, que é uma teoria probabilística. Shannon equacionou informação com diminuição na incerteza: I = -log2 (p), onde p é uma probabilidade. Esta definição é normalmente usada pelo William Dembski e é de notar que normalmente os seus cálculos baseiam-se em pressupostos falsos relativamente à evolução por selecção natural (por exemplo, no caso do flagelo bacteriano que Michael Behe afirma não poder ter evoluído desse modo), nunca tendo realizado um cálculo da probabilidade com significado para a teoria da evolução como ela é proposta.

Um bom modo de aumentar a informação de acordo com esta definição é a selecção natural e isto foi demonstrado por Thomas D. Schneider num artigo publicado em 2000 (1), relativamente aos locais de ligação de uma proteína artificial, usando o programa ev para simular o processo evolutivo que ocorre naturalmente a nível genético.

Referências:

  1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC102656/

Nota: o artigo em questão foi publicado após revisão de pares – isto é importante e é algo que os criacionistas desprezam. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A Evolução, Francis Collins e a negação da realidade

Um criacionista, escreveu um texto (1) em que apresentou uma entrevista com Francis Collins, para dar um exemplo de um cientista cristão. Mas a única coisa que conseguiu foi dar apoio à ideia de que a evolução é uma teoria científica suficientemente bem cimentada para que mesmo cristãos evangélicos como Collins (e eu poderia dar mais exemplos) não conseguem negar essa realidade (é claro que há sempre excepções à regra). E eu não consegui evitar deixar um comentário a perguntar porque é que o autor do texto não seguia o exemplo do Francis Collins e aceitava a realidade da evolução de uma vez por todas.

Referencias: 

1. http://teologialogica.blogspot.pt/2013/04/dr-francis-collins-fala-sobre-ciencia-e_1361.html (Nota: o comentário pode não aparecer, pois o blog tem moderação)

domingo, 21 de abril de 2013

O Discurso Criacionista


Ás vezes os criacionistas falam, falam, falam, mas não dizem nada de jeito – como aqui, por exemplo:

Lá vem o criacionista a zurrar! 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Probabilidades (CSI) e Evolução



A proposta inicial de Dembski era determinar a probabilidade de uma estrutura biológica se formar aleatoriamente e verificar se era superior ou inferior ao UPB (universal probability bound). Se fosse inferior, o design inteligente era detectado. O pior (para os criacionistas) é que isso não excluía a evolução por selecção natural e a dita “lei” da conservação da CSI nunca foi demonstrada. A segunda proposta já incluía a exclusão da selecção natural (pelas probabilidades), mas nenhuma tentativa foi realizada, ficando apenas a nova definição de CSI.
Para terminar, pelo que me tem sido dado a conhecer a evolução ocorreu, ocorre e os mecanismos de mutação e selecção natural funcionam. Parece-me que os métodos de detecção de design dos criacionistas é que não funcionam.

Adenda: Não é muito claro se Dembski no início propôs calcular a probabilidade sem contar com a selecção natural ou contando com ela, mas a realidade é que Dembski nunca calculou as probabilidades relativamente ao processo evolutivo como ele é proposto, relativamente à acção da selecção natural.  

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Tiktaalil e Panderichthys (Adenda)

A importância do Tiktaalik na história evolutiva mantém-se. No entanto, o Panderichthys demonstra melhor que os nossos dedos são provenientes de estruturas dos peixes ancestrais, demonstrando melhor essa transição.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Epic fails



Não, não são epic fails dos criacionistas desta vez*.


*Nota: Para o mais recente epic fail criacionista procurem o texto sobre evolução de proteínas em que Douglas Axe e Anne Gauger disseram que uma proteína contemporânea não podia evoluir para outra sua “prima” (mas acho que já ficou tudo esclarecido, não?).

O criacionista e o Big Bang


Isto é uma boa caricatura da burrice criacionista:


O Mats, as "formas avançadas" e a escadinha evolutiva

No texto mais recente do blog Darwinismo (1), encontrei a seguinte expressão: "Evolução: Todos os animais que observamos hoje em dia são formas avançadas de precursores ancestrais (...)."  O que é que o Mats/ Lucas (o autor do blog) quer dizer com "formas avançadas"? É que isto dá a noção de uma escadinha, a qual tem um topo - a meta atingir e não algo que simplesmente aconteceu e que resultou numa árvore com vários galhos que se ramificam (e outros que são becos sem saída). Se é isso, o Mats está equivocado. Eu estou a apontar para este significado porque já vi essa noção de "escadinha" no discurso de outros criacionistas, mas posso ser eu a estar enganada a respeito do texto do Mats. 

Referências:

1. http://darwinismo.wordpress.com/2013/04/13/as-asas-do-gafanhoto-refutam-o-gradualismo-evolutivo/

Hipóteses sobre a evolução humana


Porque uma imagem vale mais que mil palavras, aqui ficam as 3 hipóteses sobre a evolução humana:



Legenda: Cada árvore filogenética representa uma hipótese sobre a evolução humana (cada cor representa uma espécie, sendo a azul a espécie ancestral. As setas indicam intercâmbio genético. A árvore a) representa a hipótese “fora de África”, a b) a multi-regional e a c) a hipótese “fora de África” modificada de acordo com os desenvolvimentos mais recentes. Estas árvores foram calculadas com base em dados genéticos.

Referências:



sábado, 13 de abril de 2013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Deus e “O Dragão Na Minha Garagem”


“O Dragão Na Minha Garagem”

“Um dragão que cospe fogo vive na minha garagem.


Suponhamos que eu faça seriamente essa afirmação. Com certeza iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!

- Mostre-me – diz. Eu levo-o até à minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão.

- Onde está o dragão? – Pergunta.

- Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci-me de lhe dizer que é um dragão invisível.

Propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as pegadas do dragão.

- Boa ideia – digo eu –, mas esse dragão flutua no ar.

Então, quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível.

- Boa ideia, mas o fogo invisível é também desprovido de calor.

Quer borrifar o dragão com tinta para torná-lo visível.

- Boa ideia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir.

E assim por diante. Eu oponho-me a todos os testes físicos que propõe com uma explicação especial de “por que não vai funcionar”.

Qual a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhuma experiência concebível vale contra esta, o que significa dizer que o meu dragão existe? A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela. Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem carácter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração. O que eu estou a pedir é apenas que, na ausência de evidências, acredite na minha palavra.”

O texto acima é da autoria de um comentador do blog “Darwinismo” que assina “Carlos”, passado do português do Brasil para o português de Portugal. É claro que os criacionistas que o leram não entenderam a analogia com deus (ou fingiram que não entenderam). Isto é basicamente o que os crentes fazem relativamente ao seu deus, que aqui corresponde ao dragão invisível.


Dawkins, a escravatura e os criacionistas


Há uns tempos apareceu uma notícia (The Telegraph) (1) sobre o facto de antepassados do Richard Dawkins terem tido escravos. Em canais e sites criacionistas (por exemplo, no blog “Darwinismo”), instalou-se a histeria, como seria de esperar. Mas os criacionistas nem consideraram o contexto histórico, muito provavelmente de propósito.
Para quem não seja descendente de famílias de camponeses ou famílias pobres, é muito provável que já tenha tido antepassados/ familiares que tenham tido escravos. Ter escravos nessa época, pelo menos em Inglaterra, nada tinha de ilegal e, visto ser tão comum ter escravos provavelmente nem seria considerado imoral (o que muitas pessoas provavelmente considerariam imoral era a forma como os escravos de outros eram tratados e não ter escravos). É preciso ter em conta o contexto histórico dos acontecimentos.
Além de tudo o que foi dito, nada do que o Richard Dawkins fez ou disse demonstra que este é a favor de qualquer tipo de escravatura. Ele condena-a, visto que intitulou um dos seus documentários de "Slaves to superstition", tendo confirmado essa posição quando a notícia saiu (1). Mas é claro que para os criacionistas é muito mais fácil faltar ao respeito aos cientistas do que refutar a ciência.

Referências:

1. Slaves at the root of the fortune that created Richard Dawkins' family estate (http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/9091007/Slaves-at-the-root-of-the-fortune-that-created-Richard-Dawkins-family-estate.html

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Os Teoremas No Free Lunch e as parvoíces do William Dembski

Os teoremas No Free Lunch abordam a questão do desempenho de algoritmos em média para todas as funções fitness* (fitness functions), nada dizendo sobre o desempenho de diferentes algoritmos noutros casos específicos. Dembski "utilizou-os" para poder dizer que um algoritmos evolutivos (mutações e selecção) não têm melhor desempenho que uma pesquisa aleatória. Mas ele esquece-se daquilo que eu disse antes e também de que os algoritmos evolutivos funcionam bem melhor que uma pesquisa aleatória em certos casos, tanto quando há alvos definidos (em algoritmos), como quando não há (evoluçao na vida real). E tanto trabalho teve o William Dembski para nada (além de ser gozado pelos outros matemáticos e cientistas - e até por mim). 

Mais sobre os disparates do William Dembski, sobretudo sobre a sua “lei” da conservação de CSI (a qual nunca foi provada), num artigo de 2003 por Elsberry e Shallit (
http://antievolution.org/people/wre/papers/eandsdembski.pdf) e aqui (http://pandasthumb.org/archives/2008/02/id-intelligent.html), também sobre testar a hipótese da informação existir antes da vida (mais uma idiotice do Dembski, em que ele pretende implicar que vem do deus pessoal dele). Se bem que informação é um valor de logaritmo negativo de probabilidade (Shannon), pelo que se pode dizer que até “existe” (pode ser medida) no ambiente. E a selecção natural aumenta a informação nesse sentido e mesmo em condições pre-bióticas havia selecção. No fundo o que se pretende é investigar a origem da vida, ao que parece. E sobre isso não faltam estudos. Mas quando propuseram investigar isso ao William Dembski, ele fugiu com o rabinho à seringa.

Adenda: sobre o mesmo assunto pode ser ainda consultado o artigo de 2007 de Joe Felsenstein para o National Center for science education (http://ncse.com/rncse/27/3-4/has-natural-selection-been-refuted-arguments-william-dembski

* Nota: Este conceito ficou definido anteriormente aqui no blog. 



terça-feira, 9 de abril de 2013

Origem da vida: uma perspectiva histórica


Como já todos sabem, Louis Pasteur refutou a hipótese da geração espontânea de Aristóteles (filósofo grego), com uma experiência que demonstrou contaminação nas anteriores sobre o mesmo assunto (isto até os criacionistas sabem).
Na década de 1950, Stanley Miller realizou experiências, incluindo uma experiência corrigida (com gases neutros) como sequela, nas quais demonstrou a facilidade de síntese de aminoácidos a partir de químicos mais simples.
Mais tarde houve várias sugestões de que os aminoácidos podem ter sido originados na Terra ou no espaço e estes estavam presentes no Meteorito de Murchison, alguns em excesso de enantiómeros (1), o que apoia a hipótese do espaço. A partir daí, os investigadores passaram a preocupar-se mais com a síntese de polímeros como péptidos, DNA, RNA (por exemplo, por catálise com argilas, entre outros), PNA (semelhante ao RNA) (2) até chegarmos ás pesquisas do Dr. Szostack, que explicam uma boa parte do processo que pode ter originado a vida, as quais mencionei em textos anteriores. A ambição deste cientista é produzir vida em laboratório e pelos vistos não falta tudo.
É claro que os criacionistas não devem gostar muito disto, mas paciência… Eu também não gosto de frequências e ainda hoje tive uma.

Referências:

domingo, 7 de abril de 2013

Por que não acredito em deus (Adenda)


Para quem não leu o texto sobre este assunto, nunca acreditei em deus: até determinada idade nunca dei importância ao assunto de existência/ inexistência de deus e quando passei a pensar bastante nisso, foi para me aperceber de que deus provavelmente não existia, tendo para isso contribuído a falta de evidencias a  favor da sua existência. Sempre (e “sempre” é desde que me foi explicado em casa) soube que evoluímos a partir de outros animais e de seres mais simples. Frequentei a igreja regularmente apenas por pouco tempo (até aos 8 anos) e os meus pais eram agnósticos.
Mas além de agnósticos, eles eram ateus e consideravam a religião cristã importante para a moral (ver isto: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.com/2013/04/ateismo-agnosticismo-e-cristianismo.html ), bem como o contacto com a mesma [ideias da minha madrinha, que era muito católica] (posição que mais tarde abandonaram relativamente á moral cristã), pelo que na minha casa não se pregava a existência de deus nem a ressurreição de Jesus ou fosse de quem fosse. No texto “Por que não acredito em deus” abordei a questão da falta de evidências, mas nesta adenda vou abordar a questão da moral. Um dos assuntos relevantes no meu desenvolvimento foi a questão do mal: “Se deus existir e for um ser infinitamente bom, que tudo sabe e tudo pode, por que deixa todas estas coisas más acontecerem?”. Para mim isso não fazia sentido nenhum. E esta era mais uma razão para não acreditar em deus. Outra questão relacionada com a moral surgiu quando pesquisei um pouco sobre a descrição bíblica do fim trágico de Sodoma e Gomorra e descobri que deus tinha mandado assassinar pessoas. Mas que deus é este? Será que devo venerar esse deus horrível, mesmo que ele exista? Isso levou-me a pensar que deus não existia, mas que, se este existisse, era mau e não devia ser venerado. Quando cheguei a este ponto frequentava o 10º ano de escolaridade (teria entre 15 a 16 anos). Após este “boom” de descrença e aversão á ideia de deus, veio uma fase em que não quis pensar mais nisso durante bastante tempo. E até 2011, de facto não pensei mais no assunto. Quando voltei à velha questão da (in)existência de deus, atentei nas oportunidades que tinham sido dadas aos teístas para evidenciar a existência do seu deus, e que não deram em nada a favor destes, antes pelo contrário (ver isto: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.com/2013/04/deus-nao-precisa-de-mais-oportunidades.html ). Assim, escolho não acreditar em deus.

Deus não precisa de mais oportunidades


No texto anterior ("Ateísmo, Agnosticismo e Cristianismo") falei da falta de evidências da existência de deus, entre outras coisas. Um dos exemplos que dei foi o do unicórnio em Marte: é impossível procurar em todo o planeta Marte por um unicórnio e no fim dizer que este não existe, pois podíamos não o ter visto, pode-se tornar invisível, etc. (é de notar que o crente em unicórnios marcianos poderia inventar o que lhe apetecesse relativamente a estes para fugir á falsificação). Esta falta de evidencias leva á descrença em deus ou deuses, sobretudo quando combinada com o conhecimento das várias oportunidades que os teístas (cristãos e outros) tiveram de evidenciar a existência dos seu deus. A mais famosa é a oportunidade de evidenciar deus através da confirmação do criacionismo. Mas em vez disso, o ser humano descobriu a evolução e possíveis explicações para a origem da vida. Existem ainda outros exemplos, como por exemplo a hipótese de que os trovões sejam o resultado da acção de deuses.

É claro que as pessoas podem recorrer a deuses que não fazem nada para além de proporcionar meios para o universo se originar. Mas evidências a favor dessa afirmação não existem e adorar esse deus (se é que se pode assim designar) é inútil. Também podem acreditar que a evolução estava nos planos de deus aquando da concepção do universo ou que deus interveio na evolução através das mutações, por exemplo (o caso da maioria católicos e de muito poucos evangélicos, pelo que sei até agora). Mas se não existem evidências disso ou se um deus desses não é do tipo de deixar evidências (como é o primeiro caso da primeira hipótese sobre a evolução e os planos de deus), então continua a não haver razão para acreditar nessas afirmações e mais uma vez os teístas falharam quando lhes foi dada uma oportunidade de demonstrar que deus existe. Em vez da existência de deus ser evidenciada, os teístas tiveram que fugir com o rabo á seringa e inventar mais umas quantas coisas sobre deus. 

Ateísmo, Agnosticismo e Cristianismo (Adenda)


A confusão sobre ser ateu e ser agnóstico (a qual já me apoquentou) pode ser proveniente do facto de se ficar com a noção de que ser ateu é saber que deus não existe e não ter falta de crença em deus ou acreditar que este não existe. É claro que podem existir ateus que dizem saber que deus não existe. Mas alguém que simplesmente não acredita em deus (normalmente por falta de evidências) e que não sabe ao certo se deus existe ou não é ateia. Normalmente este tipo de ateísmo é designado por ateísmo fraco (ou ateísmo negativo) e agnóstico. Fraco ou negativo porque afirma apenas a descrença em deus (em comparação com a afirmação da crença de que deus não existe), agnóstico porque não se sabe ao certo se deus existe ou não, e isto pode ser baseada na ideia de que deus é inatingível para ser refutado (não é propriamente como levantar uma pedra e constatar que não existem escaravelhos debaixo dela). Mas mesmo assim um deus que intervém na natureza pode deixar evidências e até agora nada. Parece que deus se quer esconder eternamente. Não há razões para acreditar que existe e isso chega.  

Ateísmo, Agnosticismo e Cristianismo



A palavra agnóstico refere-se ao conhecimento sobre a existência de deus - se podemos saber/ sabemos se deus existe. Ateísmo refere-se ao que acreditamos ou não relativamente à existência de deus - há ateus que simplesmente não acreditam em deus e ateus que acreditam que ele não existe.
Agnosticismo e ateísmo podem conviver sem contradição: uma pessoa pode ser ateia por não acreditar em deus e ser agnóstica porque não pode saber/ não sabe ao certo se deus existe ou não, aplicando-se o mesmo a fadas, unicórnios e elefantes cor-de-rosa. Não podemos fazer/ é difícil fazer uma pesquisa global para sabermos se existem ou não fadas; é impossível procurar em todo o planeta Marte por um unicórnio e no fim dizer que este não existe, pois podíamos não o ter visto, pode-se tornar invisível, etc. Com deus a situação é semelhante. Mas se este não deixa evidencias não há razões para acreditar nele. E esta é a minha posição neste assunto.

É claro que também podem existir pessoas que não se queiram pronunciar relativamente à crença em deus e sejam agnósticas - não sabem se deus existe ou não, nem querem saber.

E quanto ao cristianismo, este é compatível com o agnosticismo, tal como o ateísmo, pois pode-se acreditar sem afirmar que se sabe ao certo (normalmente por razões que o próprio admite só que só o convencem a si próprio). Mais uma vez, um refere-se ao que se sabe e o outro àquilo em que se acredita.

O ateísmo também é compatível com o cristianismo em certos aspectos. É claro que em termos de crença no sobrenatural (deus, ressurreição, anjos, etc), ateísmo e cristianismo são completamente incompatíveis, mas um ateu pode ser cristão no que respeita à afirmação da importância da religião cristã para a moral, através dos ensinamentos de Jesus, que são seguidos pelo ateu cristão.

Algumas pessoas que se auto-descrevem como ateus ou agnósticos frequentam a Igreja não por necessidade espiritual, mas para acompanharem os seus filhos, não só para que estes tenham conhecimento sobre a religião, mas também porque consideram essa religião importante a nível ético e moral (1).

Para terminar, ateísmo, agnosticismo e cristianismo (relativamente a ensinamentos morais) podem coexistir na mesma pessoa e sem qualquer incompatibilidade, pelas razões anteriormente referidas. A pessoa em causa sabe ao certo se deus existe? Não. Acredita em deus: Não. Segue os ensinamentos morais de Jesus? Sim.


Referências:


1. "Atheists Who Go to Church: Doing It for the Children", By COLUMN by LEE DYE | ABC News – Tue, Dec 6, 2011. http://news.yahoo.com/atheists-church-doing-children-225034079.html

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Jesus ressuscitou

Jesus ressuscitou.

"All the violence of god." Galt Aureus – Monolith




In the statuette,
you saw a monolith;
before the silent altar,
you hear commandment;
at the deepest well,
where your victims slept,
every chamber filled,
their gunpowder wet

She tore the teeth out
of every beast she called upon.
She's sewn a jaw now,
for all the violence of god.

In the statuette,
you saw a monolith;
before the silent altar,
you hear commandment;
at the deepest well,
where your victims slept,
every chamber filled,
their gunpowder wet;
you beg forgiveness,
of your statuette,
and pile the bodies up:
to see your monolith.

She scrapes the skin bare,
she strips our figures to the bone.
She's too deep in to forsake him:
the toothless god I know is only stone.