domingo, 30 de junho de 2013

Ancestral comum ou criador comum? (parte II)

Voltando ao chiqueiro criação vs evolução.

Como eu no texto anterior referi, Stephen Meyer está de volta (com um livro intitulado "Darwin's Doubt" ou, como o biólogo Nick Matzke  gosta de lhe chamar, "Meyer's hopeless monster, parte II"). Stephen Meyer deixou clara a sua posição num dos capítulos do seu livro: «é possível que os genes semelhantes possam ter sido criados separadamente para satisfazer necessidades funcionais semelhantes em contextos orgânicos diferentes», que pouco difere do tradicional "porque deus quis". Será que Meyer realmente acha que o designer (o deus judaico-cristão, deixem-se de tretas) brincou, por exemplo, com o genoma de uma espécie Drosophila entre milhares, produziu o sdic, colocou-o entre os dois genes que parecem ser os pedaços dos genes ancestrais, imitou o processo de mutação típico e, em seguida, fez uma redução direccionada da diversidade genética imitar a acção recente da selecção natural (1, 2)? Mesmo que se aceitasse que é possível que deus tivesse feito os genes semelhantes por causa da sua função, não explica o contexto. Além disso normalmente os genes duplicados divergem em função. Porque não fazer 2 genes que não pareçam duplicados (que não pareçam homólogos, neste caso parálogos), cada um com sua função e nada para enganar os cientistas? A resposta mais óbvia é porque não foi obra de nenhum deus, foram os processos naturais que já se sabe que produzem o efeito em questão.
A homologia (entre genes, proteínas ou estruturas anatómicas de organismos de espécies diferentes) é uma previsão da teoria da evolução. Esta foi cumprida. Mas agora os criacionistas estão todos histéricos a dizer que é devida a um criador comum. Pois... E isto: «Curiosamente, embora AIM2 seja importante na defesa contra algumas bactérias e vírus em ratos, AIM2 é um pseudogene na vaca, ovelha, lama, golfinho, cão e elefante. Os outros 13 genes de rato surgiram por duplicação e rearranjo dentro da linhagem, o que permitiu alguma diversificação nos padrões de expressão» (3). É claro que se pode dizer que os pseudogenes foram lá postos porque "deus quis" e não indicam ancestralidade comum, o que não explica rigorosamente nada e não encaixa sequer na noção de semelhança sequencial devido à semelhança funcional. 
Mais ainda: A mioglobina do molusco da califórnia Sulculus diversicolor tem uma estrutura diferente de mioglobina normal,
As 2 cadeias alfa e as 2 beta da hemoglobina
(originadas por duplicação),
cada uma ligada a um grupo heme .
mas tem uma função semelhante - ligação ao oxigénio reversível. O peso molecular de 41kD Sulculus mioglobina é, 2,5 vezes maior do que outros mioglobinas. Além disso, a sua sequência de aminoácidos tem nenhuma homologia com outros mioglobinas de invertebrados ou hemoglobinas, mas é 35% homóloga com indoleamina dioxigenase (IDO) humana. Outro exemplo é o das Hemoglobinas em vertebrados com mandíbula e peixes sem mandíbula, que evoluíram de forma independente. As hemoglobinas de ligação ao oxigénio de peixes sem mandíbula evoluíram a partir de um antepassado da citoglobina que não tem função de transporte de oxigénio e é expressa em células de fibroblastos. São dois bons exemplos de evolução convergente funcional. (4, 5) Por outro lado as hemoglobinas do chimpanzé e dos humanos são homólogas, mais semelhantes entre si do que entre qualquer uma delas e a sua homóloga no golfinho ou na baleia, tal como é de prever se a evolução correspondesse à realidade (6, 7). Com que então são iguais porque desempenham funções semelhantes de acordo com a vontade de deus, Dr Meyer? E precisam de ser iguais? No caso da hemoglobina, certamente que não. E o lixo no genoma? O deus do Stephen Meyer gosta muito de lixo genético (por isso mesmo deve gostar muito do Stephen Meyer). 


Referências:


1. http://www.oeb.harvard.edu/faculty/hartl/lab/PDFs/Ponce-06-Gene.pdf

2. http://www.sciencemag.org/content/291/5501/128.short 
3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3458909/ 
4. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8765749
5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2922537/
6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6639644
7. http://todd.jackman.villanova.edu/HumanEvol/WilsonKing1975.pdf 

Notas: 

1. Mais informações sobre o assunto nos arquivos do "Talkorigins" (disponível aqui: http://www.talkorigins.org/faqs/comdesc/)
2. Relativamente ao conteúdo do livro de Stephen Meyer, foi consultada a revisão pelo biólogo Nick Matzke no "Panda's Thumb" ("Meyer's hopeless monster, parte II"); as referências 1 e 2 foram encontradas através de um texto do mesmo autor no "Panda's Thumb" ("Random responses to Luskin on evolution of creationism, quotes, and information")

sábado, 29 de junho de 2013

Os criacionistas contra-atacam (ou Criacionistas, parem de se meter com a biologia)

A explosão do Câmbrico e a origem de novos genes:

Eu não entendo uma coisa: a persistência dos criacionistas. Já várias vezes ao longo da história, os criacionistas procuraram indícios da criação divina nos seres vivos e as outras hipóteses (diferentes da criação divina, nas quais eu não incluo a geração espontânea) sempre se saíram melhor, a partir do momento em que foi possível recolher alguma informação de jeito sobre a nossa realidade, do que o criacionismo. Isso começou quando Charles Darwin viajou no "Beagle", apesar de outras hipóteses evolutivas já terem sido propostas, há mais de 150 anos atrás. A teoria da evolução veio para ficar. Algumas coisas podem ser acrescentadas, é claro, mas a base vai ser sempre a teoria sintética da evolução. Não há nada na biologia de que os criacionistas possam beneficiar para apoiar o criacionismo. Desistam. Estão a fazer figuras tristes. Basta ver o exemplo do William Dembski e do Stephen Meyer, que voltou agora à carga com a porcaria da informação, da origem de novos genes e da explosão do câmbrico, cuja designação de "explosão", nem merece continuar a ser utilizada, pois foi tudo menos uma ocorrência repentina. Demorou muitos milhões de anos (sim, a escala é em milhões). Este filósofo (embora com formação em geologia) e criacionista de meia-tigela armado em cientista ignorou uma data de fósseis que mostram as transições que ocorreram entre organismos mais simples e mais complexos (entre outras parvoíces). Eu digo armado em cientista, pois os criacionistas por definição não são cientistas, pois são pessoas que partem da premissa que a sua fé no criacionismo está de acordo com a realidade e, então, tentam de tudo para espalharem mentiras sobre a evolução e sobre o que as evidências mostram. Já chega de tanta parvoíce. Às vezes parece que os criacionistas são masoquistas, pois adoram fazer figuras tristes e ser gozados. Stephen Meyer teve o descaramento de tentar refutar o papel da duplicação de genes e de outros mecanismos naturais no aparecimento de novos genes (chiça, isso foi abordado nas minhas aulas no semestre passado - muitos dos nossos genes são duplicados e um bom exemplo são os genes da hemoglobina e da mioglobina), abordando este óptimo artigo sobre o assunto: "The origin of new genes: glimpses from young and old" (1), que vale a pena ler e tem um óptimo quadro a esquematizar as mutações que levam á formação de novos genes: 
  • recombinação de exões (de diferentes genes), 
  • duplicação e divergência (modelo mais clássico), 
  • recrutamento de transposões, 
  • transferência lateral, 
  • fusão e fissão genética, 
  • origem a partir de uma região não-codificante ("de novo"). 
Alguns destes mecanismos foram dados no semestre passado (na aula de genética molecular). Mas é claro que basta os criacionistas vomitarem uma data de esterco na Internet e em livros populares para isso tudo desaparecer. Metem nojo.

Nota: A notícia do mais recente monte de esterco saído do traseiro do Stephen Meyer pode ser encontrada aqui: Meyer’s Hopeless Monster, Part II ("Panda's Thumb") e aqui fica a lista de referências que o autor do texto indicou:

É de notar que muitos são sobre a explosão do câmbrico. É um assunto bem estudado, do qual os cientistas já compreendem bastante, só os criacionistas é que não são capazes sequer de fazer um pesquisa rápida pela porcaria do pubmed (NCBI) - há uma data deles (aceder aqui: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=cambrian+explosion+evolution). 

Ref.:


1. "The origin of new genes: glimpses from young and old" (http://faculty.washington.edu/wjs18/Newgenes.pdf ou http://www.nature.com/nrg/journal/v4/n11/abs/nrg1204.html, para quem quiser pagar)

Evolução e Informação II: O Design inteligente já faz parte da literatura científica... ou não.

Pois, é verdade que o William Dembski teve um artigo seu publicado, passando por revisão de pares, numa revista de engenharia e o artigo apoia a "teoria" do criacionismo design inteligente e tudo... ou não. É claro que o artigo nem menciona tal parvoíce. Quanto muito o artigo pode servir de argumento para o evolucionismo teísta (embora também não mencione nada que se pareça), mas não para o criacionismo do design inteligente. No entanto, mesmo quanto a esse ponto de vista, seria um argumento muito fraco, pois não é necessário que um deus tenha estruturado a realidade, podem ser apenas as leis da física a comandarem isso. Isto tudo porque Dembski argumenta que a informação reside no modo como a aptidão (fitness) muda ao longo de genótipos vizinhos, de um modo que torna possível a evolução por selecção natural (pode-se dizer que a selecção “transfere” a informação para o genótipo). Como raio é que isto é um argumento a favor do criacionismo do design inteligente? Para não mencionar o facto disso nem ser mencionado no artigo. 
Para mais informações, consultar o post referente ao assunto no "Panda's Thumb" (disponível aqui: http://pandasthumb.org/archives/2009/08/a-peer-reviewed.html).
O William Dembski escrevinhou mais uns artigos na mesma linha, ignorando as críticas. Muito poucos foram publicados em revistas científicas cujo processo de admissão inclui revisão de pares - revisão de pares a sério e não criacionistas enviesados a deixarem passar todo o lixo que por lá aparece, como na nova "revista científica" (que disso não tem nada) gerida por pessoal do Discovery Institute, "Bio-Complexiy". Se ao menos os criacionistas tivessem tanto jeito para ciência como têm para inventar nomes pomposos, o futuro do William Dembski na comunidade científica seria promissor. Mas se assim fosse não seriam criacionistas, pois não?  

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Música para passagem de modelos




Ouvi esta música hoje na Stradivarius e achei que se fosse eu a organizar uma passagem de modelos, com roupas com um estilo jovem, mas ao mesmo tempo chique, esta seria a música escolhida. Eu tenho sempre boas ideias (quase sempre). 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Filogenética: ferramentas online básicas (Adenda)

Outro programa que pode ser utilizado para calcular a árvore filogenética, introduzindo os dados do alinhamento de sequências, é o TNT  (máxima parcimónia), que pode ser utilizado online aqui:
Como cusiosidade, o TNT foi utilizado no trabalho de investigação sobre o Eosinopteryx (1). 

Outro programa que pode ser utilizado é este: http://www.cbrg.ethz.ch/services/PhylogeneticTree (distância e parsimónia), em que o alinhamento é opcional e as sequências podem ser em formato FASTA como tem sido costume. 
Uma árvore resultante desta análise é algo como isto, se for seleccionada a opção "unrooed":


distance tree




Tree(Leaf(opossum,-45.7098,5),0,Tree(Tree(Leaf(guineapig,-65.3521,6),-18.2245,
Tree(Leaf(mouse,-42.7937,1),-39.6013,Leaf(rat,-44.1639,3),0.9996),0.3559),
-15.2000,Tree(Leaf(horse,-34.8720,7),-26.5145,Tree(Leaf(dog,-41.2081,2),-29.9667
,Leaf(cow,-45.8691,4),0.3930),0.7587),1))


parsimony tree




Tree(Tree(Leaf(cow,31.5000,4),8.5000,Leaf(dog,33.5000,2)),0,Tree(Leaf(opossum,
85.5000,5),8.5000,Tree(Tree(Leaf(guineapig,124.5000,6),62.5000,Tree(Leaf(rat,
109.5000,3),98.5000,Leaf(mouse,110.5000,1))),26.5000,Leaf(horse,63.5000,7))))



Mas se for seleccionada a opção "Phylogram", aparece algo como isto: 

parsimony tree


Tree(Leaf(a,58.5000,1),0,Tree(Leaf(c,133.5000,3),58.5000,Leaf(b,126.5000,2)))



Ref.:

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Sistemas irredutivelmente complexos e evolução

A definição mais usada pelos criacionistas do design inteligente é a primeira proposta por Michael Behe (“Darwin’s Black Box”), que é basicamente assim: um sistema composto por várias partes que interagem e que contribuem para a sua função básica, no qual a remoção de uma das partes faz com que o sistema deixe de funcionar; normalmente é acrescentado pelos criacionistas (Michael Behe incluído) que, por isso, o sistema não pode ter evoluído. Se contarmos com esta parte que os criacionistas gostam tanto de acrescentar, nenhuma estrutura biológica ou via bioquímica (conhecida) corresponde á descrição e (michael Behe referia-se especificamente a estas). Mas é claro que se tirarmos esta afirmação ridícula, é claro que há estruturas biológicas irredutivelmente complexas. Mas a parte de não poderem evoluir é falsa. Estruturas irredutivelmente complexas, como o flagelo bacteriano e a cascata de coagulação sanguínea podem evoluir, ao contrário do que tentam argumentar os criacionistas. E isso, já eu demonstrei neste blog anteriormente.
É claro que existem homólogos de certas proteínas que são componentes da cascata de coagulação humana que funcionam muito bem sem todos os componentes, o que nos pode dar algumas indicações sobre sua evolução. Além disso, a definição a que me referi primeiro, sobre as várias partes serem todas necessárias, nada diz sobre como nada indica sobre o modo como a via ou estrutura surgiu, nada diz sobre os seus precursores.
O debate entre P.Z. Myers e Jerry Bergman em Novembro de 2009 na Universidade do Minesota foi bastante elucidativo relativamente ao valor do conceito de complexidade irredutível para os criacionistas do design inteligente, que é zero. Não contribui em rigorosamente nada para o “debate”.


Aqui fica o vídeo do debate (menos as introduções).


terça-feira, 25 de junho de 2013

Ancestral comum ou criador comum? (reeditado)

Mais uma vez vi a afirmação de que não podemos distinguir se as semelhanças moleculares ou anatómicas entre espécies são devidas à ancestralidade comum ou a um criador comum no "Uncommon Descent". 
Os seres vivos reproduzem-se e a prole herda características dos seus ancestrais. Isto é um facto observável na natureza. Se os seres vivos se forem reproduzindo, as populações divergindo a partir de uma população ancestral, o resultado é que vão existir semelhanças entre si que ambos herdaram do seu ancestral. Tudo o que é necessário é reprodução para herdar características e isso acontece a toda a hora debaixo dos nossos olhos. O que observamos é exactamente o que seria de esperar se a vida como hoje a conhecemos fosse um resultado da reprodução dos seus ancestrais durante milhões de anos. A descendência com modificação a partir de um ancestral comum é adequada para explicar as semelhanças entre dois indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes. Já um criador invisível, cuja acção mimetiza o resultado de processos naturais em nada é útil, pois não deixa evidências que permitam distinguir entre uma hipótese e outra e além disso não tem qualquer poder explicativo relativamente ao modo como tudo foi concebido, a que se devem essas semelhanças. Foi apenas porque “deus quis”? Isso não explica rigorosamente nada. É óbvio que essa falta de poder explicativo enfraquece a ideia de que há um criador por trás de todo o padrão de semelhanças e diferenças que podemos constatar. É ainda de notar que eu posso usar um deus que produz os mesmos efeitos que fenómenos naturais conhecidos para explicar tudo e mais alguma coisa - por exemplo, o efeito das partículas virtuais pode ser explicado pela acção sobrenatural de deus. E esta? O pior é que "deus fez" não explica nada.   
A teoria da evolução explica muito bem as semelhanças e diferenças encontradas em organismos de diferentes espécies (e da mesma espécie). Quanto à hipótese do criador comum nem devia mais ser discutida. É inútil. Acabou.  

Mas a herança vertical não é a única explicação para as semelhanças. Vários processos evolutivos observados, como evolução paralela, evolução convergente e recombinação são também capazes de explicar certas semelhanças, incluindo moleculares (embora isso não seja muito frequente). Um estudo em que se justificou escolher a opção ancestralidade comum em vez de evolução foi o estudo de Douglas Theobald sobre ancestralidade comum universal, sobre a hipótese do LUCA (que referi anteriormente aqui no blog). E é isto que os cientistas têm que averiguar e não andar a perder tempo com criadores imaginários.  

domingo, 23 de junho de 2013

P. Z. Myers: Evolução e desenvolvimento


P.Z. Myers deu uma palestra muito interessante em 2011 para a organização Glasgow Skeptics em Glasgow, na Escócia (Reino Unido). Da palestra constou a apresentação das evidências da evolução provenientes do estudo da embriologia e da genética, relativamente aos genes do desenvolvimento. Myers abordou a existência do estádio filotípico, enfatizando o estádio faríngula, comum a todos os vertebrados (no qual são observados os tão conhecidos arcos branquiais), que apoia a hipótese da ancestralidade comum a todos os vertebrados. Abordou também a existência de genes homeóticos homólogos, por exemplo, em moscas e em ratos, mas uma vez, apoiando a hipótese da ancestralidade comum. No fim, na parte de perguntas e respostas (Q&A), a maioria das pessoas foi respeitosa para com o professor, sendo-lhes retribuído o devido respeito. No entanto um criacionista, que já antes tinha dirigido (online) perguntas que revelaram a sua ignorância e até má educação a Myers, apareceu na palestra para o chatear com as mesmas perguntas parvas que tinham a ver com as diferenças nos estágios/ vias de desenvolvimento de diferentes espécies. O criacionista com as parvoíces que disse, deu a impressão de esperar que (pela teoria da evolução) estes tivessem que ser iguais em espécies diferentes relacionadas (absurdo) e que a parte inicial do desenvolvimento deveria apresentar-se conservado (treta). Ou seja, o criacionista (Jonathan M.) tentou refutar um espantalho. Boa tentativa, mas o que conseguiu foi ser gozado por quase todos os presentes num pub Escocês cheio de gente. E mais tarde gozado no blog de Myers, “Pharyngula”.  


Aqui ficam os 2 videos (palestra e Q&A):


O meu ponto de vista sobre Jesus

É um tema sobre o qual não penso muito, mas ontem comecei a pensar. Não sei muito sobre o assunto, mas sei que é tema de muita especulação. Desde que foi casado com uma mulher chamada Maria Madalena (coincidência), e tinha um filho chamado Judas em memória do seu companheiro Judas (a quem pediu que o traísse), até que viveu até velho, etc. Também há quem diga que não existiu e que foi apenas um mito adaptado de mitos pagãos, quem diga que originalmente fazia parte de uma seita em que João baptista era o líder, que depois se separou (Jesus para um lado e ele para o outro), entre outras coisas. Como é óbvio eu não acredito que existiu (nem que existe) um deus (e filho de um deus) chamado Jesus nem que este ressuscitou dos mortos. O que eu não ponho de parte é que possa ter existido um Jesus (ou mais do que um) com alguma relevância religiosa/moral na época, com ideias que já se distinguiam do judaísmo e que deu origem ao mito bíblico de que Jesus era deus e o seu filho. Não ponho de parte, mas mais uma vez, não sei o suficiente. Pelo que sei poucos historiadores aceitam a sua inexistência, sendo aceite que existiu um Jesus histórico na Galileia, nascido entre 7 e 2 a.c. Jesus falava aramaico, hebreu  e possivelmente grego (1). Eu não ponho também de parte que o mito Bíblico seja uma mistura de mitos pagãos com uma pessoa que realmente existiu. Existem de facto semelhanças com vários deuses pagãos, incluindo Hórus, Osíris da mitologia egípcia e Tamuz da mitologia suméria (milhares de anos antes do Jesus histórico). Até as representações de Maria com Jesus são provavelmente baseadas nas representações de Ísis com Hórus. Existem também algumas semelhanças com Buda. E, sem surpresas, as semelhanças são nas partes em que ocorrem eventos sobrenaturais, como a ressurreição, a luta contra a tentação de Satanás e andar sobre a água. A invenção do nascimento de uma virgem é nova (2,3), mas também não é difícil de explicar (não estejam já a pensar em partenogénese humana – então e o cromossoma Y?): os casamentos muitas vezes eram arranjados e as mulheres jovens não tinham escolha, mesmo que gostassem de um homem diferente daquele com quem iam casar obrigatoriamente, pelo que era possível ficarem grávidas de relações com outro que não o noivo/marido e, então, tinham que disfarçar de alguma maneira. Não é assim tão difícil de perceber como as coisas funcionam quando não se ama o homem ou mulher com quem se casou ou se vai casar.   
Resumindo: provavelmente existiu um homem chamado Jesus, influente em termos religiosos, então os cristãos acrescentaram à personagem um pouco de mitologia antiga e assim inventaram um deus chamado Jesus (neste caso uma das 3 pessoas de um deus trino). 

Ref.:




quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Mats tem vergonha da sua própria burrice

O Mats (autor do blog "Darwinismo") aplicou moderação nos comentários, o que não tem mal nenhum. O problema é a maneira como o Mats gere essa situação. É óbvio que spam, publicidade, comentários insultuosos ou desrespeitosos e coisas no estilo são coisas bastante chatas de se ter na caixa de comentários (embora normalmente spam e comentários insultuosos ou desrespeitosos provenham de criacionistas). Mas quando o comentário, apenas expõe, sem qualquer insulto ou falta de respeito a burrice (sem mencionar tal palavra) de outra pessoa, a melhor explicação é que essa pessoa tem vergonha da sua própria burrice e não quer que esta seja exposta. Foi o que aconteceu com o Mats no seu blog. Eu escrevi um comentário a expor a sua burrice crónica e este foi censurado. Outros continuam a "aguardar moderação". Também nada têm de desrespeitoso ou de ofensivo, mas é provável que também não passem - a realidade pode ser demasiado embaraçante para algum dos criacionistas. 
O meu comentário era relativo a isto: 

«Mats, uma pessoa pode não aceitar que a evolução ocorreu, mas para se saber o que é um fóssil de transição não é preciso aceitar/acreditar nisso.


Mas só existem “fósseis de transição” se a evolução ocorreu.
Tu estás tão imersa na tua visão darwinista que nem te apercebes dos erros.»

Eu apontei-lhe que os erros eram seus (do Mats), quer conceituais, quer de compreensão e que eu também não acreditava que dragões existiam, mas sabia o que estes eram (seriam se existissem), para ilustrar o meu ponto de vista. Por fim disse que esperava que o Mats tivesse percebido e que já não voltaria a explicar. Há aqui alguma coisa ofensiva? Não, é claro que não. Apenas expõe a burrice do Mats.

Na realidade, isto é apenas mais um dos comportamentos característicos dos criacionistas em geral. Tenho lido muitos textos relativamente ao modo como os criacionistas fogem com o rabinho à seringa através da censura de comentários que expõem o quanto eles são burros, desonestos e ignorantes. Um blog criacionista que tem fama dos seus administradores fazerem esse tipo de coisa é o "Uncommon Descent", gerido por pessoal do Discovery institute e companhia.


O comentário do Mats pode ser encontrado aqui: http://darwinismo.wordpress.com/2013/06/10/o-mau-uso-da-palavra-evolucao/#comment-20850 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Isto tresanda a quote mining

O último texto do Mats no blog "Darwinismo" tresanda (mas é que cheira à distância) a quote mining (1). 
Eu digo isto porque é prática frequente entre os criacionistas em geral (chegaram mesmo a escrever livros inteiros dedicados a esta arte) e eu olho para o texto do Mats e vejo um texto cheio de citações, ainda por cima de cientistas "evolucionistas", que parecem apontar para muitos problemas na elaboração de árvores filogenéticas. Este é o padrão dos textos que surgem quando um criacionista resolve dedicar-se à arte de quote mining. 
É feio, Mats. É mesmo muito, muito feio. É que isso nota-se logo. Mas será que os criacionistas têm falta de imaginação? É que as falácias deles já são tão conhecidas, que não é necessário perder muito tempo com a análise para perceber do que se trata. Vá lá... É mesmo o melhor que têm? 

O texto pode ser lido aqui: http://darwinismo.wordpress.com/2013/06/16/a-arvore-da-vida-evolucionista-esta-de-acordo-com-os-dados-cientificos/ 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Já os criacionistas têm catarro?

Para quem não conhece a expressão original, nesta é "formigas" em vez de criacionistas, mas na realidade uma coisa não é muito diferente da outra (embora haja quem pense que os criacionistas são mais parecidos com baratas).
O Mats no blog dele ("Darwinismo") resolveu dirigir-se-me nestes termos: 

«Tu vês agora o ridículo do que acreditas ou queres mais dados ?» (após ter empolado as diferenças entre mamíferos terrestres e baleias e afirmado sem qualquer justificação que estas não podem ter evoluído; provavelmente esperava que estas fossem em tudo iguais aos seus primos e ancestrais terrestres... mas assim é que não teria ocorrido evolução) 

«Lê e aprende algumas coisas: http://creationontheweb.com/content/view/3834/» What a hell was that?
Aqui está a resposta que eu lhe dei (muito bem dada):


«Em sites criacionistas não se aprende, desaprende-se – e é preciso ter muita lata, sendo um criacionista que não percebe nada de ciência (que nem sabe o que é um fóssil de transição – ainda pensa que tem que ser um ancestral directo) para me mandar (a MIM) estudar e ainda por cima por num site criacionista.
Agora digo eu (e com razão): aprenda, tem aqui um óptimo sítio para aprender um pouco de ciência (vai ver que não mata ninguém) – https://en.wikipedia.org/wiki/Evolution_of_cetaceans (tem uma lista bastante boa de referências que também podem ser consultadas). Bom estudo e cumprimentos.»*

*Não sei se vai passar pelo crivo da moderação, mas podem com certeza ver os comentários originais do Mats aqui: http://darwinismo.wordpress.com/2013/06/10/o-mau-uso-da-palavra-evolucao/#comment-20831 


A inversão do ónus da prova

A inversão do ónus da prova é uma falácia. Alguém deve provar o que afirma, mas acaba por dizer a quem não acredita na afirmação para provar que não é assim.
Um bom exemplo de inversão do ónus da prova é alguém afirmar que existe pelo menos um leopardo cor-de-rosa neste planeta e depois não querer dar evidências (fotos, vídeos, etc), mas quando alguém não acredita, mandam essa pessoa provar que não existe. Agora imaginem o que é a pessoa que não acredita ser muito burra e viajar por todo o planeta em busca do leopardo cor-de-rosa. A pessoa não encontra nada e vai a correr dizer ao aldrabão que não existem leopardos cor-de-rosa. Mas ele diz: «De certeza que deves ter falhado algum sítio onde ele pudesse estar a dormir ou escondido. De certeza que verificaste atrás de cada barroco, dentro de cada gruta, em todo o lado?» Bolas. Isto e a existência de deus são casos muito semelhantes.


Aqui fica uma explicação e mais alguns exemplos em vídeo:


Archicebus achilles – o ancestral de todos os primatas? (Adenda)

Como já foi referido anteriormente, este animalzinho é o nosso primo mais antigo e primitivo (encontrado até hoje). Foi encontrado na China (Ásia) e não em África como era de esperar. O Dr. Chris Beard do Carnegie Museum of Natural History (Pittsburgh) comentou o seguinte: “This is an amazingly complete fossil primate for this time period – there is nothing else known from the fossil record that resembles this.”

Aqui fica uma imagem ilustrativa da aparência do Archicebus achilles.



Ref.:


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Archicebus achilles – o ancestral de todos os primatas?

Não é bem assim. Este pequeno mamífero, apelidado (carinhosamente) de Archie é, mais provavelmente um descendente primitivo do ancestral, bastante semelhante ao que este seria, sendo um dos primatas mais primitivos e o mais antigo, com 55 milhões de anos, que foi encontrado até hoje. E mais uma vez os fósseis dizem “sim”. O nosso parente fossilizado tem apenas sete centímetros de comprimento e uma enorme cauda e a sua espécie apareceu pouco depois da extinção dos dinossauros. Ele é ainda como um dos pequenos mamíferos do tempo dos dinossauros tantas vezes referidos nas aulas de ciências do secundário (e mesmo antes). Para verificarem como ele é de facto muito antigo e primitivo, confiram a figura abaixo.



Como se vê na figura, o Archie é apresentado como um antepassado directo dos társios modernos (que também são nossos primos primatas), apesar das diferenças significativas. No entanto alguns cientistas, como Marc Godinot , sugeriram que este pequeno mamífero pode mesmo ser o ancestral comum a todos os primatas (onde se inclui o Homo Sapiens). É esperar para ver onde isto acaba.

Ref.:

Perguntas estúpidas que os criacionistas fazem

Bem ao estilo do William Dembski, o criacionista turco Harun Yahya, no seu website, resolveu fazer 25 perguntas aos “darwinistas”, que ele acha que estes não vão conseguir responder. Começa logo bem: « Is there a single intermediate form fossil among all the 100 million or so that have been unearthed to date? Name one...». As restantes perguntas estúpidas e as respostas a estas podem ser lidas no “Rational Wiki” (1). É óbvio que todas as perguntas eram muito fáceis de responder.

Ref.:

1. http://rationalwiki.org/wiki/Ask_Darwinists#cite_note-1

Pais que preferiram a oração à medicina acusados de homicídio

A notícia de 23 de Maio deste ano no site da BBC news (1) sobre a morte de duas crianças, uma de dois anos e outra de sete meses, relata-nos que os pais foram acusados de serem os responsáveis pela morte da segunda criança em Abril deste ano e que colocaram a vida da primeira em perigo em 2009. Os pais fazem parte de uma igreja cristã denominada first century gospel church. Estes não proporcionaram cuidados médicos á criança, devido ao facto de acreditarem no poder de deus para curar a criança, preferindo a oração ao tratamento adequado a uma pneumonia bacteriana, condição da qual a criança sofria.
O casal, Herbert e Catherine Schaible, vai enfrentar cinco a dez anos de prisão pela acusação de homicídio involuntário e três e meio a sete anos por pôr em perigo uma criança em 2009 (o filho de dois anos), pois foi condenado por estes 2 crimes (2).    
Os membros da igreja da qual este casal fazia parte também evitavam o uso de cintos de segurança e pasta de dentes. Ou seja, eram um perigo para eles próprios e para os filhos.


Refs.:


  1. http://www.bbc.co.uk/news/world-us-canada-22633937
  2. http://www.christianpost.com/news/faith-healing-couple-convicted-in-son-s-death-48021/

Ateísmo: como dizer a pais cristãos que és ateu?

É verdade que se pode dizer que eu não tenho muitas experiências nesse campo para contar na primeira pessoa, pois os meus pais não eram muito religiosos e pode-se mesmo dizer que eram agnósticos e, além de na minha casa não se pregar a existência de nenhum deus, durante a maior parte da minha infância só me levavam à missa no Natal e por vezes na Páscoa. No entanto, eu convivi com crianças e adolescentes cujos pais eram muito religiosos e os obrigavam a rezar antes de deitar, ir à missa de domingo regularmente e a noção de deus era quase uma constante em casa dessas pessoas. Por isso eu consigo fazer uma ideia de como é ter que dizer a uns pais desse género que não se acredita em deus e não se quer ir à missa por isso. É claro que além da religiosidade temos que considerar também o feitio das pessoas: se são tolerantes relativamente a outras opiniões, a outras religiões, se são pessoas calmas ou se se irritam com facilidade. 
Eu já contactei com casos de vários tipos, embora todos passados com famílias católicas. Uma colega minha que já não acreditava em deus estava a ser pressionada pelos pais para ir à catequese e fazer a crisma (também designada por confirmação). Além disso também a chateavam por não ir à missa. E quase todos os dias havia discussões lá em casa. Nunca chegou ao ponto de castigos /violência física (que eu saiba, mas acho que ela não ia dizer a ninguém se assim fosse). O que me pareceu mais estranho neste caso é que os pais da rapariga nem se ralavam com as notas da filha; ralavam-se era com as escolhas religiosas desta. Isto para mim não é normal: o que é que é pior: ser ateu e ter um emprego decente ou ser muito religioso e fazer carreira a varrer ruas? Mas voltando ao que interessa: nestes casos o que se deve fazer é exactamente o que ela fez: manter a sua posição até ao fim, a menos que se passe a pensar de modo diferente, usando a razão e não agir por medo.
Apesar do que afirmei anteriormente, há ainda que considerar que pode ser pior do que o que eu descrevi e os pais cristãos (católicos ou outros) se podem tornar violentos, especialmente evangélicos fundamentalistas. Por muito menos que ser ateu (para o evangélico fundamentalista isso é um dos piores crimes contra deus), uma menina de 7 anos foi espancada até à morte e era regularmente espancada (ela e os irmãos) com cintos, paus, tubos, etc, tudo isso um nome de deus. Segundo a descrição que fizeram do corpo nas notícias da CNN, a criança parecia uma vítima de um sismo (1). Nem se quer mostraram os ferimentos mais graves da menina (já morta) e da irmã para evitarem o choque de quem estivesse a ver as notícias. Portanto, quando alguém ainda é jovem (normalmente entre os 10 e os 18 anos) e ainda vive na mesma casa que a família é aconselhável que em casos em que os pais sejam muito religiosos e tenham comportamentos violentos normalmente ou, mesmo que não tenham, se forem cristãos evangélicos fundamentalistas, irritando-se facilmente quando o assunto é religião, e cujo discurso habitual seja algo como: «A evolução é uma mentira vinda do inferno e os evolucionistas parecem possuídos», ou «O ateísmo leva à imoralidade»*, nem pensar em dizer nada antes de saírem de casa e quando disserem, que seja de preferência por telefone ou carta, ou e-mail, algo do género. Aí podem dizer tudo o que pensam. Mas já sabem que não podem contar mais com os vossos pais.
É preciso ter em atenção que não estou a estender isto a todos os cristãos evangélicos; como eu disse, o feitio das pessoas também conta, não apenas a devoção religiosa. Mesmo entre os cristãos evangélicos há pessoas tolerantes e que tentam conversar em vez de partir para discussões ou violência.   

Ref.:



*Baseado no discurso do Mats. 

domingo, 16 de junho de 2013

Evolução adaptativa e duplicação: a origem de novos genes e proteínas

Os genes de uma ribonuclease pancreática foram sequenciados em várias espécies de primatas (incluindo no Homo Sapiens). Foi elaborada uma árvore filogenética usando sequências de várias espécies que corresponde à árvore da espécie, pelo que se pode dizer que estes são ortólogos. No entanto noutros primatas de uma subamília diferente (da espécie Pygathrix nemaeus), comedores de folhas, este gene encontra-se duplicado e o duplicado funciona melhor para valores de pH mais baixos.
O gene original e o duplicado desta ribonuclease pancreática, que se encontra duplicada nos macacos da espécie Pygathrix nemaeus têm a designação de RNASE1 e RNASE1B respectivamente.
O duplicado sofreu selecção para um aumento da carga negativa da enzima através de substituições radicais (que mudam a carga do aminoácido relativamente ao anterior). Os cientistas detectaram isso a partir do alinhamento de sequências e da contagem e comparação das substituições de nucleótidos não-sinónimas e em locais não-codificantes com o número de substituições não sinónimas. O número de substituições não-sinónimas era significativamente superior ao número de sinónimas e em regiões não-codificantes. Também o número de substituições radicais é significativamente superior ao número de substituições que não alteram a carga dos aminoácidos relativamente aos anteriores. E foi isto que sugeriu, então a selecção para a carga negativa dos aminoácidos.
Deve-se notar que nem sempre os duplicados originam genes úteis. Também podem dar origem a pseudogenes (que bem não fazem, mas mal também não). Mas neste caso a duplicação só veio trazer benefícios: esta ribonuclease é óptima para degradar RNA bacteriano. No entanto a enzima não reteve a sua função original (degradação de RNA de cadeia dupla), o que sugere um relaxamento da selecção purificadora e demonstra especialização funcional (devido á evolução adaptativa). 

Ref.:


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Evolução e saúde III (a teoria da evolução não é inútil)

Um criacionista vai ao médico…



Em Março deste ano, foi publicado um estudo sobre a evolução da multi-resistência a fármacos do agente etiológico da tuberculose, avaliando entre outras coisas os custos e compensação das mutações que conferem a resistência (1). Penso que a partir de uma universidade o acesso é gratuito (não tenho a certeza, pois de momento estou em casa sem poder verificar). A tuberculose é uma doença infecciosa reemergente exactamente devido a esta questão da evolução de resistência. It sucks to be a creationist.    

Ref.:


segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Mats, a pele fossilizada e a termodinâmica

O Mats como de costume fez das dele e nem percebeu (ou não quis perceber) o título de um texto (1) que referiu, que relatava a descoberta de pele de dinossauro fossilizada, como indicado no título, em que a rocha fossilizou a pele, afirmando que esta estava intacta e que isso apoiava o criacionismo da Terra jovem. 
Podem ver mais detalhes da confusão que estava no texto do Mats através do Que treta (2) * 
Mais um tiro no pé do Mats sobre a segunda lei da termodinâmica, em que ele cita um artigo que o desmente, na parte em que os autores afirmam «The functional order maintained within living systems seems to defy the Second Law; nonequilibrium thermodynamics describes how such systems come to terms with entropy.» Também no Que treta (3).
A termodinâmica explica as diminuições locais (aumentando a entropia total). Até é bastante lógico: havendo uma compensação, o problema fica resolvido.

Ref.:

domingo, 9 de junho de 2013

Novas tecnologias

A mulher está na cama com um amigo e de repente ouve o barulho da chave na fechadura. Fica nervosa, principalmente, porque nos apartamentos modernos não há espaço debaixo da cama, estão a 20 andares de altura, não há armários... e, de repente, ela diz ao amante:
- Querido, fica tranquilo e faz tudo o que eu disser. Fica ali de pé, como se fosses um robot, sem pestanejar.

O marido entra: - Olá amorzinho! Olha, anteciparam o voo e eu cheguei um dia antes... mas... quem é esse gajo e que raio está aqui a fazer nu, aí plantado?

A mulher sorri e responde:

- Como me tens abandonado com essas viagens e reuniões, resolvi comprar este 'robot escravo sexual modelo RTSEX-2007'. Vem, aproxima-te... toca-o... Tem pele de verdade; é arrefecido a água; gasta pouco, processador de 256 bites, ligação GPRS à Internet, actualizações automáticas, etc, etc...

- Mas, amor... Havia necessidade disso?

- E o que querias? Que me enrolasse com algum vizinho ou com o porteiro do prédio?

- Está bem, deixa-te de parvoíces e vamos para a cama - disse ele.

A mulher, que já estava cansada, responde:

- Ai, fofinho, é que... me dói a cabeça e além do mais eu estou naqueles dias...

- Que má sorte a minha. Então, porque não vais arranjar qualquer coisa para eu comer?

A mulher sai do quarto e vai para a cozinha. O marido, que ficou a sós com o suposto 'robot', olhando-o diz:

- Se este invento é bom para a minha mulher, também vai servir para mim.

E então, puxa-o pelo braço, atira-o para cima da cama, põe-no de quatro e quando já está em cima do robot, este diz nervosamente e com a voz mais metálica e robótica que consegue:

- 'ERRO! ERRO DE SISTEMA, ENTRADA INCORRECTA! ERRO! ERRO DE SISTEMA, ENTRADA INCORRECTA'.

O marido mira-o de alto a baixo, sobe as calças e diz:

- Que se lixe a merda do robot moderno. Vou atirá-lo agora mesmo pela janela fora...

O amante, assustado ao lembrar-se dos 20 andares do prédio, grita com a mesma voz metálica:

- SISTEMA ACTUALIZADO! DOWNLOAD DE SOFTWARE COMPLETO! PORFAVOR, TENTE DE NOVO!



Anemia malárica grave e a expressão da IL-18




















Nota: Este é um trabalho de apresentação de artigo meu para a cadeira de patologia molecular (não é ainda a versão final).

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A vida quotidiana na Arca de Noé... (Parte III) - O último episódio

No episódio anterior, Noé ficara preso num pequeno barco amarrado à Arca com o macaco, no ânus do qual se costumava aliviar há já dois dias. Até ao dia em que o macaco preferiu inverter os papéis. «Sara, tira-me daqui! Eu sou teu marido!», gritava o Noé, com o macaco já montado e o pénis grande a roçar a entrada do seu orifício traseiro. «Não, tu agora és casado com o macaco, lembras-te, querido?» era a resposta trocista da Sara. 
Dorido da penetração profunda do macaco tarado, Noé meditava sobre qual seria a melhor vingança a aplicar a Sara quando conseguisse sair daquele barco infestado de fezes suas e do macaco, o qual de vez em quando tentava atirar alguns bocados para o convés. 
No dia seguinte de manhã, Noé (ainda mais dorido) acordou e viu os seus dois filhos que se levantavam primeiro que a mulher, a espreitarem-no do convés. «Filhos, atirem uma escada ao pai, por favor.», ao que o filho mais velho respondeu, enquanto tirava macacos do nariz: «Tens alguma prenda para nós?». Noé coçou a cabeça picada pelos piolhos e acabou por responder: «Agora não, mas se me atirarem a escada eu posso comprar-vos montes de prendas no próximo sítio onde pararem, coisa que a vossa mãe não está a pensar em fazer.» As crianças olharam uma para a outra e de seguida atiraram a escada ao pai, que também pediu depois uma corda bem forte.   
Noé deixou estar a escada estendida até si e esperou que a mulher se fosse deitar. Ele tinha uma ideia de quando era porque se ouvia Sara refilar com as ovelhas enquanto as espantava à vassourada para fora da sala, como sempre fazia antes de se deitar.  
Finalmente fez-se silêncio e as ovelhas dispersaram, deixando caganitas por onde passavam. Noé esperou um pouco e depois subiu pelas escadas com o macaco ás costas bem atado com a corda. 
Caminhou com dificuldade até ao quarto onde Sara dormia, desatou o macaco e colocou-o em cima da mulher. O macaco não tardou a excitar-se e a começar a penetrar-lhe o ânus. Sara começou a gemer, num crescendo, até que com uma voz ensonada disse: «Como cresceste, meu querido!», referindo-se provavelmente ao pénis de Noé (ou ela assim pensava). Noé estava tão ocupado a rir-se baixinho que nem reparou na cauda do macaco que chegava ao chão e acabou por pisá-la, pelo que o macaco começou a guinchar. 
Sara reconheceu os guinchos do macaco. «É o macaco! Onde estás Noé? É desta que te mato...». Noé acabou por correr para o barco pequeno, para dentro do qual o macaco foi literalmente atirado por Sara. E foi assim que Noé acabou encalhado numa ilha, a correr em círculos á volta desta, perseguido por um macaco cheio de pica. 


Fim. 

Evolução e saúde II (a teoria da evolução não é inútil)


Como se deu a conhecer através de exemplos anteriormente referidos, a teoria da evolução trouxe algum contributo para a área da saúde. 
A variação decorrente de mutações nos vírus é tida em conta relativamente à vacinação e à administração de fármacos anti-virais. Por exemplo, o HCV (vírus da hepatite C),  um vírus de RNA de cadeia simples, tem uma elevada taxa de mutação, o que leva a uma maior variabilidade, o que é importante para a sua evasão ao sistema imunitário e resposta à terapia. Esta situação é, portanto analisada através de uma perspectiva evolutiva: a variabilidade decorrente das mutações pode levar à adaptação dos vírus - resistência aos fármacos, evasão imunitária, entre outras coisas (1).

Outra das coisas que deve ser analisada por perspectiva evolutiva, é a resistência do agente etiológico da malária a fármacos como a cloroquina. Mais uma vez as mutações levam a que o parasita (Plasmodium falciparum) adquira resistência aos medicamentos, pelo que é preciso desenvolver novos fármacos para combater esta doença infecciosa. Este assunto foi apresentado no V congresso de Análises Clínicas e Saúde Pública da ESALD pela Prof. Dr.ª Ana Júlia Afonso (IMT), no qual eu estive presente (2). 

Em geral, quem se opõe à ciência, inclusivamente à teoria da evolução (normalmente por motivos religiosos) afirma que os médicos não necessitam da teoria da evolução, mas esquecem-se de que a medicina é muito mais do que passar receitas. Muitos médicos dedicam-se também à investigação na sua área, bem como outros profissionais de saúde. 

Referências: 




Nota: Se algum criacionista pensar em comentar este texto, é bom que tenha feito pelo menos uma cadeira de genética e outra de virologia clínica. Só para que fiquem avisados.