sábado, 28 de julho de 2012

Criação vs Evolução ou Criação vs Big Bang?

Por vezes is criacionistas utilizam argumentos contra a teoria do Big Bang na tentativa de desacreditar a Teoria Sintética da evolução.


Será uma visão correcta da situação?
já observei o seguinte argumento: "Nada se cria a partir de si mesmo, mas a Lei da Biogênese diz que Vita ex Vita, logo um Designer vivo poderia gerar vida, um Designer atemporal e onipotente e inteligente, poderia gerar a energia de que precisamos pois a Lei da termodinâmica diz que a quantidade de energia inicial é sempre maior que a final, logo para que o universo fosse gerado do nada, o nada deveria ter uma energia maior que a existente no Universo, como do nada nada vem, o Universo só pode ter sido causado por algo maior que ele, isso concorda com a Lei de Causa e Efeito."
Como é que se sabe as características físico-químicas desse tal designer, um Designer atemporal, onipotente e inteligente? Aliás, conhece-se algum ser vivo com essas características? Um ser vivo com maior energia do que a do universo ou capaz de a gerar? Além disso, segundo a teoria do Big Bang, o universo começou com uma grande quantidade de energia junta. Quanto á causa- efeito, é um pressuposto filosófico e não uma lei científica. No entanto pode-se dizer também por senso comum que tudo tem uma causa, mas por a ciência ainda não ter descoberto a causa de toda essa energia acumulada que se expandiu provocando o big bang, isso não significa que tenha sido deus (tal ser nunca foi observado na natureza nem foi evidenciada a sua presença no universo). Além de tudo isto, mesmo que a teoria do big bang esteja incorrecta não quer dizer que a Teoria Sintética da Evolução também esteja.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Dissecando as Evidências do Darwinismo V




A questão da complexidade:


Relativamente á compreensão da evolução de estruturas bioqímicas complexas, esta tem muitas falhas pois estas estruturas não deixam registo fóssil. Deste modo, pode-se conjecturar sobre a reconstrução do percurso evolutivo a partir de percursores bioquímicos mais simples. Em oposição a esta linha de pensamento cientifico tem-se a hipótese do Design Inteligente apoiada no pressuposto da complexidade irredutivel que não fornece nenhuma evidencia ou conjectura do modo como o Designer teria elaborado tais mecanismos que seja credível.


Muitas das proteínas da coagulação sanguínea são produzidas por genes relacionados que surgiram por duplicação (mutação causada por erros de divisão celular). Os genes duplicados podem evoluir separadamente e terão funções separadas de acordo com as mutações que sofrem. Como exemplo de uma proteina envolvida no processo temos o fibrinogénio, que existe e desempenha a mesma função em todos os vertebrados, pela Teoria sintética da evolução, esta seria derivada de outra que teria tido funções diferentes num ancestral comum invertebrado, proteina esta que foi identificada por Russell Doolittle da universidade da califórnia em 1990 num invertebrado (‘pepinos do mar’) na China, cuja linhagem evolutiva se dividiu há 500 milhões de anos. Esta proteina não desempenha funções de coagulação.

Ainda outra questão relativa à evolução de estruturas complexas é a do flagelo bacteriano. Como já foi descrito num post anterior (“Evolução vs Criação III”: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/y.html e “Evolução vs Design inteligente”: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/evolucao-vs-design-inteligente.html ), explicações evolutivas foram apresentadas para explicar – pelo menos ‘superficialmente’ – a origem da complexidade deste mecanismo.

Um estudo realizado por Christina Toft e tarifas Mario A. (Departamento de Genética, Instituto de Genética Smurfit, da Universidade de Dublin e Trinity College, Dublin, Irlanda) apoia a evolução do flagelo bacteriano (embora não tenha demonstrado com exactidão como esta ocorreu), como se pode observar neste excerto:  

“A redução do genoma é uma característica comum da maioria dos patógenos intracelulares e simbiontes. Redução de tamanhos de genoma é uma das formas mais caracteristicas evolutivas de organismos intracelulares para evitar manter processos biológicos dispendiosos. Bactérias endossimbióticas de insectos são exemplos de economia biológica (…). Estas bactérias não têm motilidade (….). Devido a esta relação, muitos dos processos nestes bactérias foram perdidos ou sofreram remodelação enorme para se adaptar ao estilo de vida intracelular simbiótica. Um exemplo de tais alterações é a estrutura flagelo que é essencial para a motilidade bacteriana e infectividade. A nossa análise indica que os genes responsáveis ​​pela montagem flagelar foram parcialmente ou totalmente perdidos na maioria dos simbiontes intracelulares de gama-Proteobacteria. Análises genómicas comparativas mostram que os genes flagelares foram diferencialmente perdidos (…). Apenas as proteínas envolvidas na exportação da proteína dentro da via de montagem dos flagelos (sistema de secreção e corpo basal tipo III) foram mantidos na maioria dos endossimbiontes, enquanto que os envolvidos na construção do filamento e do gancho dos flagelos foram mantidos em poucos exemplos, indicando uma mudança na funcional na finalidade desta via. Em alguns endossimbiontes, genes que controlam a exportação de proteínas-chave e o comprimento do gancho têm-se submetido a divergência funcional como mostrado através de uma análise da sua dinâmica evolutiva. Com base enos nossos resultados, é sugerido que os genes do flagelo divergiram funcionalmente em como se especializar na exportação de proteínas (…)”. Um exemplo deste tipo de bactérias é a E. coli.

Outro estudo (A.P. White, K. A. Sibley) concluiu que os requisitos para a colonização do trato gastrointestinal humano podem levar a mudanças do estilo de vida da E. coli (bactéria flagelada) que, por selecção, estão na origem de maior virulência.







 No entanto ainda existem críticos – e hão-de existir, o que acaba por contribuir para a evolução do próprio conhecimento. Uma das críticas do Dr. Joseph A. Kuhn, MD é o facto de serem necessárias alterações muito significativas (mutações) para que um animal que respire água origine outro que respire ar e que é necessária a mudança de vários organismos e não de apenas um, no que se refere a fósseis de transição, como o Tiktaalik roseae. No entanto, sabe-se que os processos evolutivos são graduais e que foi encontrado mais do que um espécime no caso de várias espécies transitórias.

Este cientista também critíca a teoria da abiogénese apoiada pela experiencia de Urey-Mller (e outras na mesma linha) relativamente ao facto de ainda não se ter produzido em laboratório nucleótidos apenas na forma D, tal como existe nos seres vivos, o que reduz a probabilidade destes se formarem espontaneamente. No entanto, é de salientar que as condições da terra quando ‘jovem’ não são conhecidas, apenas se podem elaborar hipóteses e recriá-las em laboratório, pelo que estas contestações não demonstram que a Teoria da Abiogénese está incorrecta, apenas que ela não é exacta e que é por isso insuficiente para explicar todos os processos de formação das biomoléculas (e consequentemente da vida em si).

Algumas das moléculas resultantes da experiencia original de Miller na década de 50, a partir de metano, água e amoníaco foram: aminoácidos, glucose, adenina e ribose.
Aqui fica um esquema da experiencia de Urey-Miller:


Uma hipótese que poderá num futuro próximo vir a ser uma alternativa á teoria da abiogénese e que apenas contraria o primeiro pressuposto do Darwinismo moderno (de que as biomoléculas primitivas começaram por aparecer directamente no planeta Terra) é a da "Nova Panspermia" defendida por Hoyle e Wickramashinghe.

Referências Bibliográficas:

 (Os artigos que estão em Inglês podem ser encontrados através do pubmed)



Australopithecus sediba: A New Species of Homo-Like Australopith from South Africa - Lee R. Berger, Darryl J. de Ruiter et al



Was Dinosaurian Physiology Inherited by Birds? Reconciling Slow Growth in Archaeopteryx - Gregory M. Erickson, Oliver W. M. Rauhut


Jerry A. Coyne - Why Evolutionis true?, Oxford University Press, 1ª Edição: 2009, Oxford


Intergenic Sequence Comparison of Escherichia coli Isolates Reveals Lifestyle Adaptations but Not Host Specificity -


A.P. White, K. A. Sibley et al


Dissecting Darwinism - Joseph A. Kuhn, MD


Snake Heart -  A Case of Atavism in a Human Being - Ishmeet Walia, MD, Harvinder S. Arora, MD et al


Sexual dimorphism in Australopithecus afarensis was similar to that of modern humans Philip L. Reno*, Richard S. Meindl*,


The Evolution of the Flagellar Assembly Pathway in Endosymbiotic Bacterial Genomes - Christina Toft and Mario A. Fares


Mais um ramo na nossa árvore evolutiva (Ensaio – Ciência Hoje) - Felipe A. P. L. Costa, Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2010/275/mais-um-ramo-em-nossa-arvore-evolutiva

Archaeopteryx : An Early Bird, disponível em: http://www.ucmp.berkeley.edu/diapsids/birds/archaeopteryx.html

"Lucy's" body height and relative leg length: human- or ape-like? -


Helmuth H.

An early Australopithecus afarensis postcranium from Woranso-Mille, Ethiopia -


Yohannes Haile-Selassie, Bruce M. Latimer, et al


A Radiação Adaptativa, Disponível em: http://www.cientic.com/tema_evoluc_txt12.html

Richard Dawkins: O relojoeiro cego. Edições 70, Lisboa, 1986.   (p. 22–24.)

Antibiotic resistance and cagA gene correlation: A looming crisis of Helicobacter pylori - Adnan Khan, Amber Farooqui et al


Constructing primate phylogenies from ancient retrovirus sequences - WELKIN E. JOHNSON AND JOHN M. COFFIN

Meet Tiktaalik roseae: An Extraordinary Fossil Fish, disponível em: http://tiktaalik.uchicago.edu/meetTik.html


"Evolution Miths: The bacterial Flagellum is Irreducibly Complex" - Michael Le Page, New Scientist (16 de Abril de 2008), disponível em: http://www.newscientist.com/article/dn13663-evolution-myths-the-bacterial-flagellum-is-irreducibly-complex.html


The mastodon mitochondrial genome: a mammoth accomplishment - Alfred L. Roca


Blogs e posts recomendados:
 
http://www.observatorio.ufmg.br/pas37.htm  - Prof. Renato Las Casas, 27 de Novembro de 2001. (imparcial e informativo sobre a experiencia original de Stanley Miller e Urey)  
  

http://ceticismo.net/2009/09/14/maquina-molecular-mostra-como-nao-existe-complexidade-irredutivel/ (humorístico mas informativo)







http://scienceblogs.com.br/vqeb/ (céptico e informativo)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dissecando as Evidências do Darwinismo IV


E quanto á evolução do Homem? Relativamente a esse assunto temos vários dados – incluindo fósseis que podem ser considerados fósseis de transição e dados genéticos.

Retrovirus endógenos fornecem informação filogenética de 2 formas: comparando o polimorfismo do local de integração e por comparação do material proviral (percursor ou forma latente de um vírus integrado no genoma) e sequencia de nucleótidos. Neste estudo, árvores são construídas com as repetições terminais não codificantes de vários loci de R.V.E.

Como as 2 LTR de R.V.E. são idênticas aquando da integração mas evoluem independentemente, cada locus de RVE pode fornecer 2 estimativas da filogenia de espécies baseada na evolução molecular da mesma sequência ancestral.

O uso deste método em estudos sobre humanos, permite a comparação de árvores com um padrão filogenético estabelecido – o dos antigos primatas. Num estudo publicado (Welkin E. Johnson and john M. Coffin), os loci dos R.V.E. forneceram pelo menos 3 fontes de sinal filogenético. Um locus de RVE partilhado por 2 ou mais espécies é descendente de uma única integração e prova de que as espécies partilham um ancestral comum, cuja linha germinativa integrou originalmente o vírus. Se os vírus infectarem as células percursoras de gâmetas, estes podem ser transmitidos de geração em geração – o genoma humano possui milhares desses vírus. Estes permanecem no mesmo locus nos cromossomas humanos e nos dos chimpanzés – vírus que certamente infectaram o ancestral comum. É também de notar que entre o Homem e o chimpanzé existe 98% de semelhança nos 2% codificantes do genoma e 75% no total do genoma.  

Relativamente ao registo fóssil, o diagrama seguinte mostra de forma sucinta o registo fóssil da evolução do Homem:



Figura 2: Arvore filogenética do género Homo


Este salienta a presença do Australopitecus sediba, uma espécie de hominídeo descoberta na África do Sul (Lee R. Berger, Abril de 2010) que pode representar um elo entre os gêneros ‘Australopithecus’ e ‘Homo’.

Os restos fósseis indicam que a A. sediba tinha mais características em comum com as primeiras linhagens do género Homo do que qualquer outra espécie de Australopithecus.

A nova espécie seria, portan­to, o elo mais recente – ao me­nos entre as espécies conhecidas – na transição entre os australo­pitecíneos e o género Homo. Assim, A. sediba parece ser um forte candidato a ocupar uma posi­ção-chave na árvore evolutiva.



Figura 3: Craneo do A. Sediba
 


O elo perdido entre os humanos e seus parentes vivos mais próximos é uma das lacunas atuais do conhecimento sobre a história evolutiva dos antropoides. No entanto, é de notar que o número de espécies de antropoides fósseis semelhantes aos seres humanos tem aumentado nos últimos anos. Entre esses novos achados, o candidato a elo mais antigo que se conhece é o Sahelanthropus tchadensis (‘homem de Toumai’), cujos primeiros restos fósseis – um crânio, pedaços de mandíbulas e alguns dentes – foram encontrados no deserto de Djurab, no Chade, em 2001 por Michel Brunet.
A sua datação de há 7 milhões de anos um dado importante a favor desta hipótese.

Ainda restam algumas dúvidas sobre o facto do Australopitecus Aferensis ser um fóssil de transição, devido em parte á imprecisão das estimativas da sua altura No entanto, esta é descrita como um fóssil de transição por Jerry Coyne na sua obra “Porque a Evolução é verdade?”. Um estudo (Yohannes Haile-Selassie) no qual foram analisadas as proporções dos membros, forma torácica e património locumotor . Juntas, essas características ainda estabeleceu que a faculdade de caminhar em 2 pernas deste Australopithecus era altamente evoluída e que a forma torácica diferia substancialmente da qualquer símio Africano.

Dissecando as Evidências do Darwinismo III


Até aqui foram expostas as evidências da Teoria Sintética da Evolução sem considerar o registo fóssil. No entanto, ainda que incompleto, este continua a fornecer algumas das provas mais fortes de que esta teoria não só merece creditação, como é a que melhor explica a origem da diversidade e complexidade da vida. Aqui estão eles:

Durante mais de metade da história da vida as espécies eram de invertebrados e nos restantes casos, os organismos atravessaram intensos períodos de mudança da crosta terrestre, logo não se pode esperar que o registo fóssil esteja completo. No século XIX, o registo fóssil era inconclusivo e o conhecimento de certas estruturas moleculares (como o DNA) não existia, portanto a Teoria de Darwin só conquistou a credibilidade  científica após a sua morte. Os primeiros organismos completos datam de há 3,5 mil milhões de anos e sobraram também outras formas (invertebradas) da terra jovem.

Os seguintes gráficos demonstram a evolução e especiação de espécies fósseis.




Gráfico 1: Registo fóssil evidencia alterações evolutivas na Globorotalia conoidea. O gráfico disponibiliza o numero de câmaras da concha.




Gráfico 2: Evolução e especiação do Eucyrtidium.O gráfico disponibiliza a largura do 4º segmento.

Na transição réptil-ave, os fosseis de transição deveriam estar posicionados na arvore filogenética após os repteis terem evoluído, mas antes do aparecimento dos pássaros, apresentando características intermédias. E assim foi, se atentarmos no fóssil do archaeopterix lithographica descoberto em calcário do jurássico na Alemanha em 1860.


Ao contrário de todas as aves vivas, o Archaeopteryx tinha um conjunto completo de dentes, um esterno bastante plano, uma cauda longa e óssea, gastralia ("costelas da barriga"), e três garras na asa que poderia ter ainda sido usados ​​para agarrar a presa (ou talvez árvores). No entanto, as suas penas, asas, fúrcula ("osso da sorte") e os dedos são reduzidos são características das aves modernas.



Figura 1 – Archaeopterix lithographica.



Outro fóssil que também pode ser considerado de transição é o fóssil do Tiktaalik roseae.







Figura 2: Medidas do Tiktaalik roseae.

Um cientista da universidade de Chicago, o Dr. Neil H. Shubin liderou uma equipa de paleontólogos para tentar descobrir este fóssil de transição numa ilha a cerca de 965 km do polo norte, pois as rochas existentes teriam 375 milhões de anos. Este fóssil demorou mais de 5 anos a ser descoberto. Só em 2004 os objectivos foram atingidos e a descoberta foi publicada na revista "Nature". Isto demonstra uma grande dificuldade em encontrar fósseis e digo mesmo que os cientistas têm muita sorte em terem encontrado tantos, inclusivamente fósseis de transição.
O fóssil apresentava as seguintes características:
a. Escamas e membranas natatórias

b. Cabeça achatada
c. Cabeça, pescoço bem diferenciadas do resto do corpo
d. Os ossos das barbatanas eram semelhantes aos dos animais terrestres, inclusivamente aos do nosso braço.
Este pode ser considerado um elo directo entre os peixes e os primeiros anfíbios.

Dissecando as Evidências do Darwinismo II


Anteriormente foi abordado o tema evolução.
Quanto á selecção natural: Se as espécies diferem geneticamente umas das outras e algumas dessas diferenças podem afectar a capacidade individual de sobrevivência e reprodução no seu ambiente, então na próxima geração os genes que geram maior capacidade de sobrevivência e reprodução terão mais cópias no fundo genético de uma população. Ao longo do tempo, esta vai-se tornando cada vez mais adaptada, pois é um fenómeno cumulativo. 


Para evidenciar este processo temos o caso do mamute peludo que habitou o norte da Eurásia e da América e se adaptou ás baixas temperaturas – espécies mumificadas em gelo foram encontradas enterradas na tundra. Sabendo-se que estes estão filogeneticamente relacionados com os elefantes (através de um ancestral comum), com base na análise de sequencias de DNA pode-se mesmo afirmar que este teria derivado de uma espécie com pouco pêlo e que mutações nestas teriam levado a que alguns indivíduos (tal como acontece no homem actual) fossem mais peludos do que outros.


A comparação com o exemplo oposto também aponta para que a selecção natural tenha de facto ocorrido – em climas frios, muito pêlo e em climas quentes pouco pêlo, o que nos remete para o conceito de deriva continental. Este processo – selecção natural, não produz a perfeição que se esperaria de um designer. Comparando o rinoceronte africano com o indiano, que está mais bem adaptado do que o seu ancestral sem cornos, mas menos bem adaptado do que o africano para se defender de predadores. Semelhante a este caso, temos os casos de extinção (mais de 99% das espécies conhecidas).              





Na América, as plantas suculentas são membros da família cactus, mas na Ásia, Austrália e África, são da família dos euphorbs. Estamos perante uma evolução convergente, devido a pressões selectivas iguais em espécies diferentes.

Pode também ser verificado o contrário – radiação adaptativa. Os exemplos mais conhecidos podem ser retirados desta citação: “Durante a história da vida, ocorreu frequentemente que os descendentes de pequenos grupos de organismos se diversificaram rapidamente, colonizando um grande número de ambientes e criando numerosas novas espécies. Isto ocorre quando alguns indivíduos se encontram de repente num ambiente com poucas espécies, ou poucos concorrentes. A selecção natural faz com que esses organismos ocupem todos os nichos ecológicos disponíveis, e a população originária divide-se em grupos com especializações diferentes. Com o tempo, cada um destes grupos pode tornar-se tão diferente da população originária que acaba por constituir uma nova espécie.
O exemplo mais famoso é dado pelas 14 espécies de tentilhão das ilhas Galápagos, descendentes de um antepassado comum que colonizou as ilhas quando estas emergiram do mar há cerca de 4 milhões de anos. Desde então, alguns tentilhões especializaram-se na captura de insectos e outros na recolha de sementes. Entre os primeiros, alguns estabeleceram-se à beira-mar e outros nas árvores. Entre os segundos, alguns desenvolveram bicos aptos para abrir as sementes maiores, enquanto outros preferiram as sementes mais pequenas. E assim por diante. Entre os fósseis, encontram-se numerosos testemunhos de radiações adaptativas. Há 300 milhões de anos, os primeiros répteis invadiram rapidamente todas as terras emersas. Mais tarde, com a extinção dos dinossauros, foram deixados livres muitos habitais, que foram rapidamente ocupados graças à evolução de novas espécies de mamíferos. Entre estes, contam-se os antepassados dos actuais primatas, animais que viviam nas árvores e que, há 30 milhões de anos, começaram a diversificar-se rapidamente dando origem a numerosas espécies de hominídeos. Entre estas, só uma, o Homo sapiens, conseguiu sobreviver até hoje.”


in Gallavotti, B. 1997. Segredos da Vida

Uma questão que pode ser levantada a respeito deste assunto é: Porque é que um criador deixou anfíbios, mamíferos, peixes e répteis apenas nos continentes e não nas ilhas oceânicas? Para dar a aparência de evolução?


No que toca à selecção natural, foram realizados vários estudos em bactérias, pois estas têm uma vida curta para cada geração, possibilitando a sua observação á escala da vida humana e adaptam-se com facilidade (como exemplo, a crise da resistência aos antibióticos). Richard lenski na Universidade do Michigan State, este colocou estirpes geneticamente idênticas de E. Coli num meio de cultura com condições de nutrição instáveis. Este estudo durou 18 anos (10.000 gerações de bactérias), estas continuaram a acumular novas mutações, de modo a aumentarem a sua taxa de crescimento, mesmo em condições adversas, relativamente ás primeiras.

Processos aleatórios, como aquele que permitiu a sobrevivência de abelhas europeias no Japão, face aos ataques das vespas nativas – resistência destas a altas temperaturas contrariamente ás nativas. Também a deriva genética, que sendo aceite como baseada em processos de segregação aleatória não é causada pela selecção natural, mas sim pelo facto de um individuo que tenha um genótipo Aa, tem apenas 50 % de hipótese de que a descendência herde o alelo A e outros 50% para o a. Esta deriva ocorre porque há sempre segregação numa população de tamanho limitado.

Há que considerar ainda que é necessário definir espécie e apresentar algumas evidências da especiação.

O termo espécie foi definido por Lineu como um conjunto de indivíduos que se assemelham entre si mais do que com membros de outros conjuntos. No entanto, Mayr propôs outra definição (mais exacta) de espécie em 1942: uma espécie é uma comunidade reprodutiva – um fundo genético. Ainda segundo este, as barreiras reprodutivas são produto da selecção natural (ou sexual) que fez com que populações geograficamente separadas evoluíssem divergentemente. Espécies com relação próxima mantém-se distintas no mesmo espaço porque o pico do seu período de desova estão separados por horas, de modo que só os ovos da espécie correspondente encontram o esperma. Há também alterações genéticas que modificam a expressão de feromonas, limitando a atracção e, no caso das plantas, podem usar diferentes polinizadores - caso das Mimulus ou "monkeyflowers". 




 Pode então levantar-se o problema da frequência das barreiras geológicas face aos milhões de espécies que existem no planeta. No entanto, a as barreiras geográficas são muito mais comuns do que se supõe.  – formação de montanhas e rios, deriva continental e até mesmo vegetação.

Quanto á hipótese de Mayr, foi testada em laboratório quando Paul Rayney da Universidade de Oxford, colocou uma estirpe bacteriana (Pseudomonas fluorescens) em cultura; após 10 dias, estas dividiram-se passando a ocupar locais diferentes na mesma cultura e a forma ancestral continuou a existir num local intermédio.

Dissecando as Evidências do Darwinismo I


Este post (e os seguintes sobre o mesmo tema) não pretende expressar a minha opinião, apenas expor os factos e evidencias, conclusões e conjecturas de cientistas da Biologia, Genética, Bioquímica e afins, publicados em artigos diversos e obras completas. No fim da abordagem deste tema, publicarei uma lista de referências bibliográficas para que todos as possam consultar.

O que diz a teoria sintética da evolução?

Talvez tenha começado mal a abordagem à principal temática do blog.

O que é que a Teoria sintética da evolução afirma de facto?

A vida na Terra evoluiu gradualmente, tendo começado no planeta por uma espécie primitiva – começando com uma molécula auto-replicadora, que viveu há mais de 3,5 mil milhões de anos. A espécie ramificou-se ao longo do tempo, originando muitas espécies novas e diversas e o mecanismo para a maioria (e não para todas) das mudanças evolutivas é a selecção natural. Simplificando: evolução, gradualismo (são necessárias várias gerações), especiação, ancestralidade comum, selecção natural e mecanismos não selectivos.

O facto “evolução”: as espécies sofrem mudanças genéticas ao longo do tempo – ao longo de muitas gerações estas evoluem para outras diferentes, cujas diferenças são baseadas em alterações do DNA que originam mutações. A teoria não pressupõe que tenham de evoluir em larga escala nem todas com velocidades semelhantes.



Quais são as evidências da evolução? Na realidade novas evidências da evolução vão surgindo ao longo do tempo, mas algumas podem ser conferidas neste post, mas para já algumas explicações:



Evolução: ao longo de muitas gerações as espécies evoluem para outras diferentes, cujas diferenças são baseadas em alterações do DNA que originam mutações. A teoria não pressupõe que tenham de evoluir em larga escala nem em períodos de tempo semelhantes.

 Em termos de predições deveríamos encontrar casos de especiação, para além dos parentescos definidos pelas análises de DNA.

Além destas predições, a Teoria Sintética da Evolução poderia ser também apoiada por factos que só fariam sentido se as afirmações da teoria sintética da evolução fizessem sentido, os quais incluem os padrões de distribuição geográfica das espécies no planeta, a lei da biogenética e a existência de características vestigiais, como crianças humanas nascerem com caudas vestigiais – atavismos, isto é, reaparecimento de características ancestrais e corações com características de corações de répteis – também atavismos.

Houve um caso (publicado por Ishmeet Walia, MD, Harvinder S. Arora, MD, et al) no qual a angiografia coronária mostrou que o paciente tinha um miocárdio não compactado, juntamente com múltiplas fístulas coronárias que escoavam o sangue das artérias coronárias direita e esquerda para a cavidade do ventrículo esquerdo. Ao apresentar comunicações directas com a cavidade ventricular, o coração possuía características de um coração de réptil. Segundo as predições evolutivas, os mamíferos têm um ancestral comum com os répteis, então, aqui fica mais uma evidência. A explicação evolutiva – e a mais simples, é que ocorre re-expressão de genes inactivos, que teriam sido funcionais num ancestral comum, mas que por selecção natural deixaram de ser transcritos, sendo esperado encontrar nos genomas de muitas espécies genes como estes. Pode-se verificar que mutações mudaram o gene, de modo a que este não produza proteínas úteis ou se regiões de controlo foram inactivadas. Isto foi verificado, encontrando-se mesmo DNA de outras espécies – vírus, mais especificamente retrovirus, os quais inserem o seu material genético no genoma do hospedeiro, através de um mecanismo complexo, no qual é de salientar a acção da transcriptase reversa.

 Os ratos têm um grande número de genes que “controlam” o aparelho olfactivo activos, que podem ter sofrido duplicação ao longo de gerações, ao contrário de outras espécies que não tiram tanta vantagem dessa característica – como o Homo Sapiens Sapiens.
  

Relativamente á ancestralidade comum, significa que podemos encontrar linhagens usando sequencias de DNA e/ou fosseis. A classificação natural (de Lineu) é por si só uma evidência, pois é baseada no pressuposto racional de que organismos com características semelhantes também têm genes semelhantes e por estão mais relacionados em termos filogenéticos. Actualmente os genes podem ser comparados directamente, como já foi demonstrado – sequenciação de DNA de várias espécies e medição das semelhanças, de modo a reconstruir as suas relações evolutivas. Estas não têm demonstrado grandes alterações no que se pressupunha pelas características orgânicas. Podemos agrupar os repteis e as aves (baseado na análise sequencial de DNA).

segunda-feira, 23 de julho de 2012

"Off- Topic"

Desta vez, o post será menos sobre ciencia...
Sou baptizada, mas tive uma educação católica apenas dos 7 aos 8, 9 anos. Os meus pais não eram conservadores, tendo mesmo deixado de ser praticantes, pelo que não tive uma educação católica "completa". No 2º ciclo (5º e 6º ano) não escolhi ter aulas de Educação Moral e Religiosa Católica e os meus pais concordaram, apesar das objecções da directora de turma. Aos 11 anos afirmei-me como ateia - um ateísmo fraco, não pretendendo gerar conflitos. Um dia, num corredor, alguns colegas da turma chamaram-me satânica, pois sabiam que não tinha aulas de religião e que não tinha por hábito dizer orações. Ao mesmo tempo, passavam outros colegas e professores que começavam  a observar a cena. Foi das vezes em que me senti mais envergonhada no ensino básico. Eu não era satânica e para mim, como criança, isso era algo de imoral, de mau - como se não bastasse o tom reprovador e ao mesmo tempo trocista dos meus colegas. Ao longo do meu percurso escolar do ensino básico fui forçada a responder a perguntas (de professores) sobre as minhas opções religiosas, sendo imediatamente fulminada pelos seus olhares reprovadores assim que descobriam a verdade. Depressa passei para o ateísmo forte e militante (entre o 9º ano e o 11º ano  - 2º do ensino médio). Tudo isto fez de mim uma pessoa completa, pois as más experiencias podem ser bastante elucidativas.
 Actualmente sou agnóstica, humanista e feminista, como já declarei anteriormente. Sou uma pessoa de dúvida, de espírito crítico. Ponderei bastante a respeito da publicação deste post, que apenas serve para realçar a discriminação religiosa - nomeadamente contra o ateísmo, que ainda hoje existe e existirá nos países ditos desenvolvidos. Espero que sirva de exemplo, para quem ainda pensa que a religião é sobre paz e amor e sobre a criação por um deus de amor á sua imagem e semelhança.   

domingo, 22 de julho de 2012

Evolução vs design inteligente II - Quem desenhou o designer?

No seguimento do meu ultimo post, saliento a opinião de um perito em biologia e, mais do que isso, em evolução já bastante mencionado ao longo dos posts enteriores: Dr. Richard Dawkins. Na sua obra "Deus: Um Delírio", este chama a nossa atenção para um problema maior do que todas as falhas dos modelos evolutivos: quem desenhou/projectou o designer? Para críticos como o Dr. William Lane Craig (filósofo) este argumento não é válido, pois em filosofia da ciencia é inconcebível procurar sempre a explicação da explicação. Isso poderá ser válido noutros casos em que não ter a explicação da explicação não pressuponha a ausência de resolução da questão-problema (em ciência trabalha-se com questões-problema que necessitam de resolução). Qual a origem da vida e da sua complexidade? Se procurarmos a origem da vida e da sua complexidade, não podemos atribui-la a outra forma de vida mais complexa do que esta sem explicar a sua origem e a origem da sua complexidade, pois então não estariamos a resolver a questão-problema, mas sim a arranjar uma nova questão igual á anterior mas aplicada a um objecto de estudo diferente.
Este vídeo é uma crítica á refutação do Dr Craig:


Evolução vs Design Inteligente

A hipótese do Design Inteligente opõe-se á macroevolução por selecção natural, não aceitando que esta possa ter originado a complexidade irredutivel. Mas será que o pressuposto de complexidade irredutivel está totalmente correcto? Será que retirando uma "peça" o mecanismo perde a função? Ou apenas passa a desempenhar funções diferentes... É certo que os modelos evolucionistas têm sido insuficientes no ao tentar explicar os mecanismos naturais de formação dos flagelos. No entanto são o mais próximo que existe de uma explicação viável. Há um princípio lógico (para quem costuma afirmar que a Teoria Sintética da evolução tem erros de lógica) denominado regra de Ockham (do lógico inglês William de Ockham): "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a mais provavel", a explicação mais simples é a que não inclui a existencia de um criador supercomplexo, pois os processos de génese da vida como a conhecemos não variam muito nas várias explicações, atendendo a que o argumento da complexidade irredutivel é pelo menos em parte refutado até pelo simples senso comum, pois um ser vivo não se "constrói" todo de uma só vez, sendo que os seres vivos que conhecemos tiveram que ser concebido ou evoluir passo a passo, molécula a molécula, célula a célula... A grande diferença é: Selecção natural ou criador supercomplexo? Relativamente á ultima hipótese,  não é necessário que se prove que o criador não existe, mas sim que as pessoas se apercebam de que não há provas da sua existencia e que o criador teria que ser mais complexo do que a criação e do que os processos que desencadeou ou controlou, bem como a sua origem. Para explicarem as modificações e caracteristicas da vida com base na intervenção de um designer inteligente, teriam também que explicar a origem supercomplexa do designer.
Voltando á complexidade irredutivel: será que os flagelos são irredutivelmente complexos no sentido que os proponentes do D.I. afirmam que são?

O flagelo mais bem estudado (bactéria E. coli) contém cerca de 40 tipos de proteínas diferentes, mas só 23 destas proteínas são comuns a todos os flagelos de bacterias estudadas. Das 2 uma: ou um designer supercomplexo, de origem supercomplexa criou milhares de variantes do flagelo ou, é possível fazer alterações consideráveis ​​que apenas modifiquem (e até façam evoluir) o mecanismo.
Destas 23 proteínas, verifica-se que apenas duas são exclusivas para os flagelos. As outras, todas se assemelham a proteínas que realizam outras funções na célula, ou seja a grande maioria dos componentes necessários para fazer um flagelo pode já ter estado presente nas bactérias antes do aparecimento desta estrutura.
Também tem sido demonstrado que alguns dos componentes que formam um flagelo, de um modo geral - o motor, a máquina de extrusão para a "hélice" e um sistema de controle direcional primitivo - podem desempenhar outras funções na célula, tais como a exportação de proteínas.
  
Agora, uma explicação de acordo com a evolução por selecção natural:
Tem sido proposto que o flagelo tenha se originado a partir de um sistema de exportação de proteínas. Ao longo do tempo, este sistema pode ter sido adaptado para possibilitar a adesão da bactéria a uma superfície por extrusão de um filamento de adesivo. Uma bomba de iões para expelir as substâncias a partir da célula pode então ter mutado para formar a base de um motor rotativo. Rodar qualquer filamento assimétrico iria impulsionar uma célula e dar-lhe uma enorme vantagem sobre as bactérias não-móveis.
Finalmente, em algumas bactérias os flagelos tornaram-se ligados a um sistema desenvolvido para dirigir o movimento em resposta ao meio ambiente. Em E. coli, funciona mudando a rotação de flagelos do sentido anti-horário para o horário e vice-versa, possibilitando mudanças de direcção.
É certo que os mecanismos genéticos para a formação das estruturas do flagelo é bastante complexo e pode mesmo afirmar-se organizado.
Relativamente ao flagelo da Salmonela, existem 3 classes de promotores (iniciam a expressão do gene quando reconhecidos pelo RNA polimerase e uma proteína associada - factor sigma). Essas três classes de promotores são designadas “Classe I”, “Classe II” e “Classe III”. Quando a construção do corpo basal enganchado é completada, o fator antissigma FlgM é secretado através das estruturas flagelares que são produzidas pela expressão de genes de corpo basal Classe II. Os promotores da Classe III (que são responsáveis pela expressão dos monômeros flagelinos, do sistema de quimiotaxia e dos geradores de força motor) são finalmente activados pelo σ28, e o flagelo pode ser completado. É um mecanismo deveras complexo, no entanto ainda mais complexo seria se de facto um designer (superinteligente e complexo) tivesse "programado", projectado algo assim.
A Teoria sintética da evolução, no que diz respeito á selecção natural ainda não explica tudo, mas a hipótese do Design Inteligente está ainda mais longe de explicar mínimamente a complexidade dos mecanismos das estruturas vivas.
Relativamente á dita evolução química, se se atentar em posts anteriores, estão sucintamente descritos os resultados da experiencia de urey-miller e de experiencias mais recentes (2008) que completaram esta ultima ("Evolução um facto cientifico? sim" - ultima parte. link: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2011/06/evolucao-um-facto-cientifico-sim.html)

"The bacterial flagellum: truly an engeneering marvel" - Jonathan M under, Uncommon Descent (24 de Dezembro de 2010), disponível em: http://www.uncommondescent.com/intelligent-design/the-bacterial-flagellum-truly-an-engineering-marvel/

"Evolution Miths: The bacterial Flagellum is Irreducibly Complex" - Michael Le Page, New Scientist (16 de Abril de 2008), disponível em:  http://www.newscientist.com/article/dn13663-evolution-myths-the-bacterial-flagellum-is-irreducibly-complex.html

sábado, 21 de julho de 2012

Hipótese vs Teoria

Desta vez, vou abordar a temática hipótese vs teoria, no ambito cientifico, evidentemente.
As palavras teoria e hipótese em ciência têm um significado ligeiramente diferente do que em linguagem corrente.
Hipóteses são conjecturas que quando testadas se transformam em teorias, apoiadas por factos observáveis ou testados experimentalmente. Eu própria tenho por vezes sido descuidada a utilizar estes 2 termos, nomeadamente para designar o Design inteligente, que é ainda uma hipótese cientifica e não uma teoria cientifica, pela definição desta, enquanto que a Teoria Sintética da Evolução é de facto uma teoria.










Penso que alguns cientistas aceitam melhor a hipótese do Design Inteligente do que a Teoria Sintética da Evolução, da qual faz parte o conceito de evolução por selecção natural porque não é tão chocante relativamente ao contexto religioso em que foram criados - mesmo que actualmente não se encontrem tão ligados á religião.  

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Evolução vs Criação III


Y. Pestis
Em ciência trabalhamos com hipóteses, que quando testadas se transformam em teorias, apoiadas por factos observáveis ou testados experimentalmente. As teorias, quando sobrevivem a exaustivos testes e ás novas descobertas ao longo do tempo podem passar a ser designadas por lei. A Teoria Sintética da Evolução permanece uma Teoria – a mais aceite entre a comunidade científica, mas a ocorrência de evolução é um facto verificado através da observação e de testes experimentais. 


A lei da Biogénese afirma que seres vivos só provêm de outros seres vivos.


A 1° lei da termodinâmica, ou a lei da conservação da energia constata que a energia não pode ser criada ou destruída, sendo a quantidade total de energia no universo constante.


A 2ª Lei da Termodinâmica determina que a entropia (desordem) total de um sistema termodinâmico isolado tende a aumentar com o tempo.


A ocorrência de evolução e a abiogénese não vão contra estas leis, pelo que ainda se mantém aceites pela maioria da comunidade científica.


No entanto muitos continuam iludidos ao tentarem submeter a Teoria Sintética da Evolução á lei da biogénese, á 1ª lei da termodinâmica e á 2ª lei da termodinâmica.


Os proponentes do criacionismo, ao tentarem provar que a Evolução não ocorre, pois iria contra estas leis, afirmam que  as primeiras formas de vida não poderiam ter sido geradas a partir de matéria não viva segundo a lei da biogénese, que a Teoria Sintética da Evolução não pode ser verdadeira por afirmar que o universo está em constante expansão e evolução, o que vai contra a primeira lei da termodinâmica e , ainda, que a tendência para a organização (dos seres vivos) proposta pela Teoria Sintética da Evolução é contra a 2ª lei da termodinâmica (lei da entropia).


Seria uma óptima defesa para o criacionismo, se não fosse o facto dos seus proponentes continuarem a ignorar alguns pressupostos presentes nos próprios enunciados das leis, ou intrínsecos a estas, tais como:



1. A Lei da Biogénese aplica-se ás condições dos estudos de Pasteur e walter reed e ás formas de vida actualmente existentes, não certamente ás do pre-cambrico; a geração espontânea que Pasteur e outros refutaram era a idéia de que formas de vida tais como ratos, vermes e bactérias podem aparecer completamente formados. Não há nenhuma lei da biogênese a afirmar que a vida muito primitiva não pode se formar a partir de moléculas cada vez mais complexas.

2. a) De acordo com a 1ª Lei da Termodinâmica nada de "cria" – deus não poderia ter "criado" nada

   b) Não é a Teoria Sintética da Evolução que afirma que o Universo está em expansão – este pressuposto é de uma das facções dos teóricos do Big Bang.

3. A 2ª Lei da Termodinâmica aplica-se a sistemas isolados, não se aplicando por isso aos seres vivos que são sistemas abertos.




Quando se trata desta questão surge ainda a Lei da causa-efeito que afirma que a causa nunca pode ser menor que o efeito. No entanto, o que muitos não sabem é que não se trata de uma lei científica, mas sim de um pressuposto filosófico que é actualmente aplicado ás cultura budista e espírita, pelo que não pode ser utilizada para discutir sobre uma teoria cientifica como a Teoria Sintética da Evolução.

Relativamente ao Design inteligente, penso que já ficou minimamente claro o mecanismo evolutivo do olho. Mas, relembrando o caso Dover, há que ter em conta a evolução do flagelo das bactérias. Durante o julgamento do D.I., foram apresentados estudos que mostravam que há muito tempo já se conheciam diversos flagelos para variados fins noutras bactérias.
 Relativamente à bactéria Yersinia pestis, responsável pela transmissão da peste bubónica, o flagelo não roda, portanto não é usado como motor. Porém é usado como agulha para infectar o hospedeiro. Neste estrutura, apesar de muito semelhante, faltam muitas proteínas que estão presentes no flagelo de E. coli, mas mesmo assim é totalmente funcional. Se o pressuposto da complexidade irredutível estivesse totalmente correcto isto não poderia ser verificado – no entanto é. A função não é a mesma se “retirarmos uma das peças”, mas podem ser desempenhadas outras funções valiosas pela estrutura. Assim, o flagelo que permite a locomoção de bactérias é apenas uma evolução destas estruturas.

Esquema do flagelo de Y. Pestis





Referências Bibliográficas:



“Lei de cause e efeito (Budismo)”, Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_causa_e_efeito_(Budismo)



“Judgement Day: Inteligent Design on Trial” – Nova Beta, Disponível em: http://www.pbs.org/wgbh/nova/evolution/intelligent-design-trial.html




Créditos do documentário:




Edited by:


Jonathan Sahula

Produced by:



Joseph McMaster
Gary Johnstone
Vanessa Tovell



Written by:



Joseph McMaster



Directed by:



Gary Johnstone
Joseph McMaster