quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

The Edge of Evolution: revisão II


Uma mutação neutra (ou aproximadamente neutra) pode ser seguida por outra(s) e o conjunto final pode ser benéfico para o organismo ou pode cada uma das mutações trazer algum benefício para este. É assim que a evolução ocorre, ocorre aos poucos. Mas para encaixar nas ideias distorcidas de Michael Behe sobre “tudo ter que estar no seu devido lugar desde o início”, a evolução tem que ocorrer por “saltinhos” em que 2 ou mais mutações têm que ocorrer em simultâneo, com uma probabilidade super baixa. O exemplo utilizado por Behe é o das mutações responsáveis pela resistência do parasita da malária, o Plasmodium falciparum, á cloroquina. Este calculou um valor probabilístico limite que corresponde á probabilidade de 2 mutações ocorrerem em simultâneo. Para Behe mais do que 2 mutações em simultâneo é um acontecimento impossível de acontecer aleatoriamente.  E para que serve tudo isto? Para o Michael Behe lá enfiar o unicórnio do costume (leia-se deus/designer). As suas motivações religiosas são demasiado óbvias. E quando estas, bem como os seus erros óbvios são referidas pelos cientistas (não os criacionistas, os normais como Jerry Coyne e Richard Dawkins) este fica aborrecido (1). O que esperava, um Prémio Nobel por só dizer disparates? Sorry, that’s not gonna happen. Muito trabalho teve o Michael Behe para acabar ridicularizado. Sinceramente…  


Referências:
 
1. http://www.talkreason.org/articles/Coyne.cfm

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Madre Teresa não acreditava em deus


Certas cartas pessoais de Madre Teresa de Calcutá colocaram-na numa posição diferente da conhecida pelo público: Madre Teresa perdeu a fé em deus pouco depois de começar a trabalhar em Calcutá, mas desejava que a fé que abandonou correspondesse á realidade. E tentou acreditar. Em vida (e mesmo depois de morta) era um ícone da ICAR e uma boa figura publicitária. Pena que na realidade ela fosse ateia. A verdade deve doer. 

Na altura em que começou a perder a fé, escreveu: "Where is my faith?" she wrote. "Even deep down… there is nothing but emptiness and darkness... If there be God — please forgive me."

E não fica por aqui – oito anos depois a sua posição podia resumir-se numa única palavra, ateísmo: "Such deep longing for God… Repulsed, empty, no faith, no love, no zeal," afirmou.

Está em aberto um processo de canonização. Se a canonizarem será algo irónico: uma ateia canonizada. Gostava de ver isso.

Madre Teresa era também caracterizada pela sua tolerância para com outras religiões como o hinduísmo e o islamismo e pela sua posição “pró-vida” relativamente ao aborto.


Referências:


A origem do DNA e o código (outra vez…)


A informação no DNA e a origem deste:

“ (…) um graminha de DNA, que armazena 2,2 biliões de gigabytes, que precisa de várias peças funcionando ao mesmo tempo –Esse não! Surgiu por acaso, sem a necessidade de um projeto…", é o que se pode ler no blog “Considere a possibilidade”. O texto seguinte é baseado numa conversa que realmente ocorreu no original (1).

Nenhum cientista disse que era por acaso (que eu saiba). Certamente seria um misto de aleatoriedade e não aleatoriedade. O primeiro teria sido o RNA e depois o DNA que teria sofrido alguma pressão selectiva por ser melhor armazenamento do que o RNA, embora haja a possibilidade de este se formar também espontâneamente a partir de químicos que se supõe terem estado presentes na Terra primitiva, e isso indicaria que este pode ter precedido a vida propriamente dita. Os proto-organismos teriam utilizado os nucleótidos de DNA de modo vantajoso, quando os mantimentos naturais começaram a escassear (2). Das primeiras sequências de RNA provavelmente só muito poucas teriam alguma funcionalidade (ex.: capacidade catalítica) e essas teriam sido as percursoras daquelas que seriam as moléculas de uma proto-célula. Em principio o código genético emergiu de sequências aleatórias e pelas propriedades das moleculas (ex.: afinidade directa para peptidos) e depois foi sofrendo modificações (e selecção natural) e evoluiu para ser o que é hoje.

Mas temos o velho mito do ovo-galinha ressuscitado: “O RNA precisa de proteínas para ser fabricado, mas é fabricado por proteínas. Quem veio primeiro? O ovo ou a galinha? Que processos naturais são conhecidos como plausíveis, capazes de ligar dois nucleotídeos simples de RNA, sem ação enzimática?” – Mas  tudo se resume a uma coisa: “Não sei, portanto, deus fez.” Os oligonucleótidos, cadeias curtas de RNA ou DNA, são sintetizados quimicamente utilizando fosforamidites de nucleósidos naturais ou quimicamente modificados, ou até compostos não-nucleosídicos (3). Sem enzimas. Não quer dizer que foi este o processo na natureza (não sei), mas demonstra que não é obrigatório ser pelos processos que ocorrem nas células com recurso a enzimas e consciencializa-nos para o facto do argumento anterior ser um argumento por falta de imaginação e por ignorância – “não sei” ou “não consigo pensar em como poderá ter sido”, logo “deus fez”. 

Mas: “Afinal, que tipo de processo faz um DNA?” – Para os nucleótidos de RNA:
Os materiais de partida para a síntese são: cianamida, cyanoacetylene, glicolaldeído, gliceraldeído-fosfato inorgânico, que são plausíveis em condições pré-bióticas. Existiriam intermediários de arabinose, amino-oxazolina e anhydronucleoside. O fosfato inorgânico é incorporado nos nucleótidos apenas numa fase tardia da sequência, mas a sua presença desde o início é essencial, uma vez que controla a três reacções nas fases anteriores, actuando como um catalisador de ácido / base de modo geral, um catalisador nucleofílico e um tampão de pH (4). Para os de DNA, já há investigações sobre o assunto e até agora conseguiram descobrir como se pode ter sintetizado um composto semelhante (2).
Relativamente á informação, o DNA tem informação, os cubos de gelo têm informação e os flocos de neve também (qualquer programador dirá o mesmo).


O código (not again!)

“Com certeza, Maria. Os cubos de gelo, quando reunidos, funcionam com base em um código de 4 bases, o qual possui um código semântico, uma linguagem, capaz de formar uma cadeia polipeptídica com vários aminoácidos.” E ainda: “Mas, quando você admite que o DNA surge por aleatoriedade você está me dizendo que uma sopa de letrinhas, dado tempo necessário, produz Os Lusíadas…” – Eu estava a comparar bits de informação e fala-me em códigos e semântica. E Moléculas são moléculas, letras são letras. Moléculas reagem, até se auto-replicam e letras não. O DNA é uma molécula que reage com outras.

 
E continua com a comparação do DNA a textos e línguas: "O fato de você não enxergar linguagem no DNA revela o quanto você está entendendo tudo errado… Os nomes das fases de síntese proteica: “transcrição” e “tradução”." – Isso é por analogia e nada significa. Tudo bem, podem chamar-lhe código, podem chamar-lhe linguagem á vontade. Continuam a ser moléculas que reagem com outras.

Mas não há como afirmar que não se trata de moléculas que reagem com outras: "Proteases e proteínas são moléculas que reagem umas com as outras; ferro (Fe2) e oxigénio (O2) são moléculas que reagem umas com as outras; mas não DNA E RNA. Elas regulam (regem, estabelecem, controlam…" – Ou seja, reagem (com as helicases, com os factores de transcrição, etc); isso tudo é através de reacções químicas.

E acabou assim: “Se para você um mapa metabólico é essencialmente igual à oxidação do ferro, realmente você não tem imaginação, Maria. Você olha, mas não vê. Curioso…” – Igual não é, mas continuam a ser moleculas a reagirem com outras.


E agora pasmem: a pessoa que afirmou que o DNA não é uma molécula que reage com outras é um professor de biologia. Das duas uma: ou esteve a dormir nas aulas de bioquímica e de genética molecular ou então é desonesto.

*Nota: muitas expressões/frases foram transcritas tal e qual como estavam no original.


Referências:




4. “Synthesis of activated pyrimidine ribonucleotides in prebiotically plausible conditions.” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19444213)

Homologia e homoplasia


Semelhanças (nas sequências de DNA e proteínas, estruturas anatómicas…) são devidas a processos evolutivos (ex.: evolução convergente, recombinação) ou ancestralidade comum. No segundo caso trata-se de homologia propriamente dita e no primeiro trata-se homoplasia. Isso pode gerar confusão.

Ao inferir ancestralidade comum, deve-se usar métodos que permitam escolher entre ancestralidade comum e evolução. E no estudo sobre a probabilidade da ancestralidade comum universal (LUCA) e nos estudos filogenéticos de um modo geral, isso verifica-se (1, 2). Por exemplo, uma estrutura homoplásica que evoluiu várias vezes foi o talo suculento dos catos (2).  

Deparando-nos com esse obstáculo (se assim se pode designar), voltar ao século XVIII (antes da Darwin), como certos criacionistas propõem (3) não é solução. A resposta não está em pôr mãos ao ar e dizer “deus fez”. Isso ainda é pior. Mesmo que a teoria da evolução não explicasse tudo, não seria certamente um livro escrito por ignorantes da idade do bronze que explicaria.  Continuar a investgar, seja em que situação for, é o procedimento correcto em ciência. E dizer “deus fez” é desistir, não é investigar. 

 

Referências:



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Por quanto erraram os criacionistas?


Os criacionistas estão errados a respeito de muita coisa (quase tudo), por exemplo "o olho é irredutivelmente complexo e por isso não pode ter evoluído", mas relativamente á idade da Terra, por quanto erraram os criacionistas da Terra jovem? De acordo com Richard Dawkins, o erro (de 6-10.000 anos para 4,6 mil milhões de anos) é equivalente a dizer que a distância de New York a S. Francisco é de 28 pés (~ 8,5 metros). Aqui está uma ilustração da evolução do olho e um excerto de uma palestra com Richard Dawkins a apresentar a dimensão do erro relativo á idade da Terra:




Blown Out Of The Water: "Irreducible Complexity"
http://www.youtube.com/watch?v=e8Tx6egn2TI

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Estou farta da evolução, estou farta do criacionismo


Estou farta da evolução. Mas sobretudo, estou farta do criacionismo. Estou mesmo muito, muito farta. Os criacionistas não aprendem. Têm uma profunda aversão á aprendizagem, á ciência e ao progresso. Para eles, tudo o que precisam de ler e aprender são os textos da Bíblia. E o pior é que pensam que sabem mais do que cientistas que dedicaram as suas vidas ao estudo das origens. Isto desanima… Quanto á evolução, estou farta do mesmo assunto de sempre; sobretudo estou farta da luta para que as pessoas que lêem percebam que não há pé de igualdade entre evolução e criacionismo do D.I., que não há 2 teorias, mas apenas uma teoria e uma crendice aceite por fé e por ser compatível com a ideia de deus e apoiá-la. Já para não falar da treta do código… Por outro lado, esta abordagem tem-me trazido alegrias e motivos para me rir um pouco, como por exemplo: um criacionista a dizer que não há explicação científica para as marés, outro a dizer que divergência e especiação não contam como evolução, outro a comparar “primos” para estabelecer limites da evolução molecular e ainda a aprendizagem sobre as origens (extra o que aprendi na faculdade).

Acho que durante uns tempos não vou andar por aqui, primeiro porque vou ter exames, e segundo porque preciso de uma pausa (grande) com kit-kat.      

Criacionismo: concurso “Crocopato” Dourado 2013 - A grande final

Vou indicar os escolhidos entre os finalistas para o prémio "Crocopato" Dourado 2013:

- Crocopato Dourado:

* Gauger e Axe, 2011 (o mais semelhante ao crocopato original e muito conhecido)


- Crocopato Pigmeu:

* Daniel Ruy Pereira (concepção errada da própria teoria da evolução; bom para me rir um bocadito)

*Parabéns aos vencedores!*

A burrice criacionista e o fantasma do DNA

Muitas vezes me pergunto: "Como terão os criacionistas evoluído para serem tão burros?" E cada vez que leio os disparates que eles escrevem, volta essa interrogação.

O Jónatas Machado na caixa de comentários do blog "Que treta" escreve o seguinte (1):
"É por existirem no mundo espiritual e não físico que as instruções para a produção e reprodução dos seres vivos, contidas no DNA, têm que ser codificadas para poderem ser descodificadas e executadas por máquinas moleculares também programadas pelo DNA."

É tão grande a confusão na cabeça do Jónatas Machado que eu nem sei por onde é que hei-de pegar...
Talvez por aqui:  "É por existirem no mundo espiritual e não físico que as instruções para a produção e reprodução dos seres vivos (...)" Uau. Por este excerto, parece que o Jónatas Machado pensa que existe uma espécie de fantasma que são as instruções para se produzirem e reproduzirem os seres vivos. Continuando: " (...) contidas no DNA, têm que ser codificadas para poderem ser descodificadas e executadas por máquinas moleculares também programadas pelo DNA." Ao que parece em algum momento ou em vários, o fantasma passou a moléculas de DNA e programou (depois de já ser DNA) máquinas moleculares para voltarem a converter a instruções em fantasma (em vez de DNA), presumidamente para depois passar a proteínas. pff. Acho que comparável a isto, nem a dos "macacos que deviam continuar a evoluir para humanos". Nem mesmo o designer maldoso do Michael Behe que nos declarou guerra biológica com o parasita da malária. Devia ter sido nomeado para "crocopato" com esta frase especificamente e ido á final.

1. http://ktreta.blogspot.pt/2013/01/saber-se-existe.html#comment-form

Ainda o código genético e a origem da vida


Aqui ficam, em resumo, alguns acontecimentos que contribuíram para a origem da vida e do código genético: nucleótidos activados – sequências aleatórias de RNA + membranas lipídicas + osmose + termodinâmica + catálise enzimática + micropéptidos – capacidade de replicação + síntese de péptidos + código genético primitivo (simulações em que um código genético emergiu de vários códigos possíveis) + selecção natural + evolução do código genético.

 
Referências:


- Exploring Life’s origins – “Building a protocell: Fatty acids; Nucleic Acids; Protocells” (http://exploringorigins.org/protocell.html; http://www.youtube.com/watch?v=U6QYDdgP9eg&list=PL0696457CAFD6D7C9) 


Mais informação sobre a origem do código genético:



* Os criacionistas estão muito atrasados: os cientistas já andam a estudar a origem do código genético (com bons resultados) desde 1978.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Bill O’Reilly (Criacionista) vs Crianças de 5 anos


Nunca ouviram a expressão “uma criança faria melhor”? No caso de muitos criacionistas, pode-se dizer que se aplica e há mesmo criacionistas, como Bill O’Reilly (Fox News), que parece que nunca puseram os pés numa escola. Vejam se não acreditam:

 
Acho que enquanto as outras crianças ouviam os professores, ele ouvia o seu amigo imaginário (deus).

Evolução vs Design Inteligente: Behe vs. Lynch (Adenda)


EVOLUÇÃO POR DUPLICAÇÃO E MODIFICAÇÕES MULTI-RESIDUAIS


Num texto anterior, em 2012, apresentei uma discussão entre Michael Behe (e Snoke) e Michael Lynch, na revista “Protein Science” que decorreu entre 2004 e 2005 sobre a capacidade dos processos Darwinistas (descendência com modificação e selecção natural) de explicar a evolução por duplicação e modificações multi-residuais. Tenho a clarificar que a principal diferença entre os modelos utilizados por Lynch e Behe é que enquanto que Behe assume que as mutações são deletérias. Lynch, que se baseou em várias linhas evidência, assumiu que estas eram neutras, tendo apontado este modelo (em que os estados intermediários da evolução da proteína envolvem produtos funcionais sem efeitos positivos imediatos sobre a aptidão do organismo) como uma via evolutiva que serve perfeitamente como explicação.
Ainda várias vias evolutivas foram propostas pelo próprio Michael Behe e por Snoke, as quais envolviam fenómenos de inserção, delecção, recombinação e selecção de estádios intermediários. (Acho que o Lynch exagerou um pouco quando afirmou: “Although an alternative mechanism for protein evolution was not provided, the authors are leading proponents of the idea that some sort of external force, unknown to today’s scientists, is necessary to explain the complexities of the natural world (Behe 1996; Snoke 2003).”, pois os autores propuseram alternativas, e não foram “deus fez” ou “o designer fez”.

Referências:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2253472/#snoke-2003 (Lynch)

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2286568/ (Behe e Snoke)

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2253464/ (Behe e Snoke – resposta a Lynch)


Leitura adicional:

http://newtonsbinomium.blogspot.pt/2005/08/bs-model-gets-lynched.html

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2253483/ 

Os católicos, a teoria da evolução e as mutações aleatórias


Normalmente os católicos, tal como os protestantes, não são criacionistas da Terra jovem ao contrário de outras seitas cristãs mais fundamentalistas. A sua posição pode ser descrita como criacionismo progressivo, evolucionismo teísta ou algures no meio dos dois. Tenho encontrado alguns que afirmam que, para eles, onde a ciência nos diz que foi “o acaso”, ou seja, que algo derivou no todo ou em parte de eventos aleatórios, foi deus. Um exemplo são as mutações aleatórias. Um destes belos exemplos é o Michael Behe (para citar um exemplo conhecido). Para ele as mutações são controladas por unicórnios azuis, ups!, eu queria dizer por deus, quero dizer por um designer. Outro exemplo menos “gritante” é o Dr. Kenneth Miller, que não considera necessária a intervenção divina (como todo o bom cientista), mas que acredita que deus intervém. Mas quando observamos as mutações que ocorrem numa população, o que observamos é que estas ocorrem naturalmente e que uma pequena parte é benéfica para os organismos, e que estas são aleatórias no sentido de não serem adquiridas pelo organismo para melhorar o seu desempenho (excepto talvez com algumas excepções), mas que o seu valor adaptativo vai ser determinado segundo o ambiente em que se encontram e a selecção natural pode actuar. Dizer que foi aleatório ou foi feito de propósito por deus não está em pé de igualdade. Os dados de que disponho é que as mutações são aleatórias (ex.: HbS) e que de acordo com o ambiente têm (ou não) valor adaptativo. O que os dados não permitem inferir é que o Monstro do Esparguete Voador ou qualquer deus alguma vez tenha intervindo na nossa evolução.        

A evolução e a genética de populações: A ignorância dos criacionistas


 
 
 
 
Música: Mariah Carey feat. Young Jeezy - Side Effects

Algoritmos genéticos: como funciona a evolução

Aqui fica um video (meu) a explicar como funciona a evolução e o que são algoritmos genéticos:

 
 
Múcica: Fly - Nicki Minaj feat. Rihanna


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Stephen Hawking e a origem do universo: um universo que veio do nada


De acordo com o físico Stephen Hawking (apoiado por Lawrence Krauss), universos podem aparecer espontaneamente do nada e que na realidade o nada transforma-se sempre em algo. E aplicando a mecânica quântica á gravidade, pode ser demonstrado que o espaço e o tempo podem começar a existir a partir do nada – nada significa nem tempo nem espaço, neste caso, apenas existiam as leis físicas. É claro que os teístas e deístas diriam então, de onde vieram estas? Mas vejamos: eles primeiro começam com “de onde veio o universo?” ou “qual foi a causa do universo?” e agora que isso ficou respondido, eles perguntam “de onde é que vieram as leis, ainda antes do universo?”. Isto é um exemplo clássico de deus das lacunas: se uma pessoa não tem uma explicação para cada pergunta de suas excelências, logo tem que se admitir que o facto de existirem leis físicas apoia a existência de deus porque não se conhece uma explicação para a sua existência.     

O que fazer disto: é ótimo que existam coisas por descobrir, pois isso significa que a ciência vai continuar a ser necessária para levar a cabo essas descobertas, mas por outro lado cada vez que um religioso maníaco nos faz uma pergunta difícil e não sabemos responder, temos que dizer “Não sei”, e então ele diz “Haha! Foi deus que fez!” e isso é um bocado desconcertante.  

Referências:

Lawrence Krauss, 20 de Março de 2011, North Carolina State University (http://www.youtube.com/watch?v=ijQYW8cQuBE)*

*Nota: relativamente ao debate (que pode ser visualizado no youtube), a audiência votou a favor do William Lane Craig, mas na realidade o Lawrencw Krauss esteve de parabéns, demonstrando que quando se trata de conhecimento a democracia não leva a lado nenhum.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O suicídio e o cristianismo


O suicídio é uma escolha. E cada pessoa tem o direito de escolher acabar com a própria vida. A eutanásia é uma espécie de suicídio assistido ao qual qualquer animal em sofrimento tem direito, menos o ser humano.

O suicídio nem sempre é a melhor escolha. Mas se fôssemos julgados por cada má escolha que fazemos pelos cristãos como são as pessoas que cometem ou tentam o suicídio, como por exemplo conduzir em velocidade excessiva devido a um atraso por qualquer motivo, seria uma lista interminável de coisas para julgar: deixar a miúda na piscina mais meia hora, deixar o cão subir ao andar de cima, mudar de casa para o Porto, tomar mais 4 comprimidos de paracetamol 1000 para as enxaquecas, deixar o gato dormir na cama da criança, dormir de meias, etc. Mas para os cristãos não é apenas uma má escolha (conforme as circunstâncias), mas sim um pecado horrível, porque as pessoas devem sofrer na terra consoante os planos de deus – até têm um mandamento contra o suicídio. Não poderia ser mais estúpido. Estamos a falar do mesmo deus que ama a humanidade, que nos criou fisicamente ou espiritualmente com amor? Parece é aquele sádico do antigo testamento a que já estamos acostumados – “Quem não faz o que eu mando vai sofrer eternamente”. Que disparate. E o pior é que há quem acredite nesse ser “supremo” que sabe da vida dos 6 biliões de pessoas habitam a Terra e condena cada um deles por não fazer o que ele manda, que está escrito num livro escrito na idade do bronze por pessoas que actualmente, comparadas até com uma empregada de biblioteca seriam consideradas iletradas. Lindo. Podem continuar assim.         

Referências:

Criacionismo: concurso “Crocopato” Dourado 2013


O “crocopato” é um animal imaginário metade pato, metade crocodilo, tendo sido apontado como o fóssil que os cientistas deviam ter descoberto para evidênciar a Evolução. É claro que tal coisa não é necessária e a ideia resulta da interpretação errónea de que devem existir intermediários evolutivos tipo quimeras entre 2 espécies actuais. Tem sido utilizado para designar interpretações erróneas da Teoria da Evolução. Daí o título. Aqui, vai ser utilizado para designar não só versões espantalho da teoria da evolução, como também outras más interpretações relacionadas com o assunto.

Como sub-categoria do “Crocopato” Dourado, existe o “Crocopato” Pigmeu. O primeiro será atribuído a cientistas e filósofos conhecidos e o segundo a bloggers, comentadores, entre outros.

 
Aqui ficam as listas de nomeados:

 
 - “Crocopato” Dourado:

 
William Dembski: CSI no Flagelo bacteriano – calculou a probabilidade de um flagelo bacteriano, partindo do pressuposto não demonstrado de que este não pode ter evoluído por mutações e selecção natural, “No Free Lunch”, 2002  


Michael Behe: Cálculo probabilístico do aparecimento de mutações em simultâneo, de modo a demonstrar os limites da evolução, “Edge of Evolution”, 2007


Gauger (e Axe): Constatou a dificuldade de uma proteína evoluir para outra proteína, sua “prima”, de modo a demonstrar limites na evolução de proteínas “The Evolutionary Accessibility of New Enzymes Functions: A Case Study from the Biotin Pathway”, 2011  


David K.Y. Chiu (e Kirk K. Durston): A mesma coisa que o anterior, “A Functional Entropy Model for Biological Sequences”, 2005


Axe: Escolha de uma variante da TEM-1 penicilinase particularmente difícil de evoluir (baixa actividade, sensibilidade á temperatura) de modo a demonstrar limites na evolução de proteínas “Estimating the Prevalence of Protein Sequences Adopting Functional Enzyme Folds”, 2004     


Michael Behe (e Snoke): Avaliar a capacidade dos mecanismos evolutivos darwinistas na evolução por duplicação, utilizando um modelo não darwinista, “Simulating evolution by gene duplication of protein features that require multiple amino acid residues”, 2004
 

William Lane Craig: referência a um valor probabilístico do aparecimento espontâneo do genoma humano, para argumentar que a evolução foi obra do seu deus num debate com o falecido Christopher Hitchens. 

 

- “Crocopato” Pigmeu:


Jónatas Machado (“perspectiva”, comentador do blog “Que treta”): http://ktreta.blogspot.pt/2013/01/treta-da-semana-azul-e-rosa.html#comment-form

 

“Lucas”/ “Mats” (autor do blog “Darwinismo” e comentador deste blog): Insistiu que eu afirmei que os únicos céticos da teoria da evolução eram religiosos, quando eu não afirmei tal coisa. De seguida referenciou alguns filósofos não-religiosos céticos da mesma e disse que eram cientistas.

 

Daniel Ruy Pereira (autor do blog “Considere a Possibilidade”): Diz que especiação e divergência não contam como evolução.

 

Christine O’Donnell (E.U.A): Pensa que a Teoria da Evolução afirma que somos descendentes dos macacos actuais e que estes deviam continuar a evoluir para seres humanos   

 

Francisco Tourinho (autor do blog “Reflexões sobre a origem da vida” e comentador deste blog): Insistiu durante muito tempo que a Teoria da Evolução afirma que a diversidade biológica é fruto do acaso.

 

De seguida apresento 2 finalistas de cada lista para votação:

 

- “Crocopato” Dourado:

 

* Gauger (e Axe), 2011

 

* Michael Behe, 2007

 

- “Crocopato” Pigmeu:

 

* Daniel Ruy Pereira (autor do blog “Considere a Possibilidade”)

 

* “Lucas”/ “Mats” (autor do blog “Darwinismo” e comentador deste blog)

 

Não se esqueçam de votar nos vossos “crocopatos” preferidos. Não custa nada e seria divertido ver os resultados. Quem tiver sugestões para finalistas diferentes destas também pode deixá-las na caixa de comentários. Seria ainda melhor. Quem quiser votar apenas numa das categorias (“Pigmeu” ou “Dourado”) pode fazê-lo.

*Nota: Resolvi que não iria esperar pelas votações e que iria escolher os vencedores hoje (23-1-2013). As votações estão encerradas. Aproveito também para clarificar que Michael Behe (e Snoke) , 2004 está na lista por utilizar um modelo em que as mutações são deletérias e não neutras, de modo a dar a entender que os processos Darwinistas não são capazes de explicar emergência de certas estruturas.
 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ateísmo, ciência e o ónus da prova (reeditado)

Quem faz uma afirmação (ex.: deus existe ou existem unicórnios em Marte) deve evidenciar a veracidade da sua afirmação. Se me disserem que existe um unicórnio em Marte e eu simplesmente disser que não acredito que isso seja verdade, será que tenho que ser eu a provar que não é verdade? Não. Nem posso provar tal coisa. Até podem enviar sondas, mas então alegariam que estava escondido, que estava a dormir numa gruta, etc. É exactamente a mesma coisa que se passa entre ateus e religiosos teístas: os teístas afirmam que existe um ser omnipotente, omnipresente, omnisciente, imaterial, inteligente, fora do espaço e do tempo (fora do Universo), mas que intervém na natureza e o ateu apenas diz: “não acredito no teu deus, mostra-me evidências da sua existência.” E á aqui que o teísta diz para o ateu provar que não existe. Mas na realidade não são os ateus que têm que provar que não existe.
Se não há provas da existência de deus ou de unicórnios, então porque é que estes hão-de ser tidos em conta como uma explicação para a existência do que observamos? Não há razões para isso. Mas assumindo que deus é uma possível explicação para a origem da vida e das espécies, temos a hipótese do criacionismo e podemos testá-la; ao testar essa hipótese verificou-se que esta era falsa e que afinal a vida muito provavelmente surgiu naturalmente (embora as teorias sobre a origem da vida não sejam capazes de uma explicação satisfatória existem evidências da sua origem natural) e que as espécies se foram modificando ao longo do tempo, ao longo das gerações através de epimutações, mutações, selecção natural, simbiose, recombinação e transferências horizontais até atingirem o seu estado actual. E pronto. Deus não criou nenhum ser vivo. Á medida que a ciência progride, cada vez mais hipóteses com deuses vão sendo descartadas. Esta é uma delas, outra é de que as doenças eram provocadas pela ira de deuses, demónios ou espíritos malignos. Actualmente sabe-se que a elas estão associados factores genéticos, comportamentais, microrganismos, parasitas animais, etc.
Se não há evidências da existência de algo e, mais ainda, se as hipóteses que incluem esse algo são refutadas pela ciência, então porque é que devemos acreditar que existe e viver a nossa vida de acordo com essa crença? Não devemos. O máximo que se pode afirmar é “não sei se existe ou não, mas acredito por fé/ porque gosto de acreditar que é possível que exista”, mantendo uma posição agnóstica. Mas afirmar que se sabe que existe e ainda que se deve viver a vida com base nessa pressuposição (que é o que normalmente os cristãos fazem, pelo menos de acordo com a minha experiência) não é racional. Para mim o melhor é mesmo afirmar: “não acredito, pois não há evidências e, assim, assumo que não existe até prova em contrário.”

O ateísmo e a teoria da evolução


Esta relação é um pouco complicada. Muitos ateus e agnósticos foram influenciados pela teoria da evolução (Charles Darwin, Richard Dawkins) (1), mas outros (e eu própria estou nessa categoria) desenvolveram interesse pelas origens, incluindo pela teoria da evolução, pois, não se agarrando ao sobrenatural, necessitaram de uma explicação científica satisfatória. Há ainda uma relação entre ciência e ateísmo, pois a maioria dos cientistas são ateus ou agnósticos, tendência esta que se verifica desde 1914 e tem vindo a acentuar-se – apenas 5,5 % na área das ciências biológicas e 7,5% na área das ciências físicas acreditavam em deus, sendo os restantes ateus (maioritariamente) e agnósticos (2).

Na realidade pode-se dizer que existe uma tendência das pessoas mais esclarecidas em termos científicos para serem ateias, mas não me parece que a causa para serem ateias provenha sempre desse esclarecimento – embora seja esta a causa normalmente apontada, mas que apenas as pessoas que são ateias (ou com tendências ateístas) têm também mais tendência para se interessarem pela ciência, incluindo pela teoria da evolução. Talvez por serem menos comodistas em contraste com pessoas religiosas (“deus fez porque está na Bíblia e pronto”) e por isso serem mais curiosas relativamente ao que a ciência tem para ensinar. Não se contentam com um cómodo “deus fez”.

O impacto da teoria da evolução no pensamento científico foi exactamente em direcção ao ateísmo. É claro que esta não refuta a existência de deus, mas refutou a ideia de que deus era a explicação para as origens e, obviamente está de acordo com a versão ateísta de que a natureza pode ser explicada sem deuses, fadas, duendes ou unicórnios azuis. Isto dá sustento á hipótese que afirma que os cientistas são ateus devido ao seu nível de conhecimento. No entanto, penso que esta não se aplica a todos os casos (ou mesmo a uma grande maioria). 

 

Referências:


Entrevista com Richard dawkins – October 21, 2009, Paul Hoffman (http://bigthink.com/ideas/17052)


Leading scientists still reject God – NATURE, VOL 394, 23 JULY 1998 (http://www.stephenjaygould.org/ctrl/news/file002.pdf) *

 
* Nota: as estatísticas apresentadas são de 1998. Podem estar desactualizadas.

Multiverso: há sempre uma alternativa ao criacionismo


Multiverso: há sempre uma alternativa ao criacionismo

 

Defensores do criacionismo do design inteligente ocasionalmente propõem argumentos fora do ramo da biologia, sendo de notar o argumento baseado no conceito das "constantes universais bem afinadas", que tornam possíveis a existência de vida, e portanto alegando que as constantes não devem ser solenemente atribuídas a processos naturais. Mas a ciência tem uma resposta: o universo está bem afinado para a morte e não para a vida e, alem disso, existe a possibilidade de um enorme número de universos em que as leis são diferentes para cada um deles e no nosso, elas ficaram “certas” para que houvesse vida numa pequena parte do universo. Dawkins, Hawking e Krauss são adeptos desta hipótese (1, 2). Para mim, as coisas existem, há algumas teorias bastante boas para explicar a sua existência e as suas características e pronto. Não são necessários deuses, fadas madrinhas, monstros de esparguete ou coelhinhos da Páscoa. 

O título do texto serve para ilustrar que a ciência proporciona sempre uma alternativa viável para quem não acredita num deus criador. Dawkins afirmou ser possível ser um ateu intelectualmente realizado devido á teoria da evolução de Charles Darwin , embora o ateísmo não fosse de descartar em termos lógicos (3). Na realidade, todas as áreas da ciência têm produzido resultados nesse sentido. Antes de certos avanços científicos terem sido conseguidos não existiam teorias naturalistas satisfatórias para as origens.

Agora, imaginemos que estamos no século XVI e que o pensamento criacionista (bíblico) é a visão dominante. Quais são as evidências desta hipótese e qual o seu embasamento científico? Nada – um livro escrito por camponeses da Idade do Bronze não conta. Se os ateus não tinham onde se agarrar, os criacionistas também não. Mas graças a Darwin (e outros), a situação do ateísmo melhorou, enquanto que a do criacionismo e da religião em si piorou.  

 

Referências:


1. Dawkins, Richard, 2006, The God Delusion 


 

3. Dawkins, Richard, 1986. The Blind Watchmaker. New York: Norton. (http://en.wikiquote.org/wiki/Richard_Dawkins)

domingo, 13 de janeiro de 2013

Evolução: "analfabetismo" científico nos E.U.A.


Agora pasmem: Christine O’Donnell afirmou que deus guiava a sua campanha (em 2010) e que a evolução é um mito porque se fosse verdade, os macacos continuariam a evoluir para pessoas. Não acreditam? Vejam (e ouçam) por vocês mesmos:

 

Para quem pensa que aprender sobre evolução é inútil, meditem um pouco neste exemplo – que mais não seja do que para não fazer má figura, aprender algumas coisas básicas sobre evolução (ex.: humanos não vieram dos macacos actuais, mas de ancestrais semelhantes a estes) é bastante útil.

Evolução para tótós


Aqui fica um vídeo com uma simulação (simplista) de como a evolução ocorre, baseado num algoritmo genético. É bastante elucidativo para quem quer perceber como funciona a evolução. É de notar que não estou a usar a simulação como evidência, mas sim como uma ferramenta para compreensão do processo evolutivo.*

 
 
* Comentários sobre espantalhos de estimação criacionistas e aspectos irrelevantes (desta vez) serão apagados. Estou sem paciência.

Epic fail criacionista: fósseis


Fossilização de acordo com os criacionistas: Tromba de água (enviada por deus) + lava + animais mortos+ pessoas mortas (tudo cozinhado como um guisado). Por isso não encontramos fósseis de animais pequenos nem de humanos
 
Alguns processos (reais) de fossilização: filme de carbono, substituição, recristalização, mineralização, mumificação, etc.
 

Ilustração da formação de fósseis
 
 
 
 

Foram encontrados vários fósseis de animais pequenos: Archaeopteryx, aranhas, etc.

Status: Fail

E aqui fica um vídeo com todos os pormenores do discurso do autor desta brilhante teoria científica criacionista (e respectiva refutação) – divirtam-se:

 
 
 


Referências:


http://www.t-rat.com/Pages/FossilPreservation.html

sábado, 12 de janeiro de 2013

Criacionismo: a pessoa que mais me diverte


Como seria a pessoa mais divertida que sou capaz de imaginar? Seria assim:

  1. Nem uma única multa (nem de estacionamento) durante toda a vida
  2. Obsessão com o cumprimento de regras
  3. Obsessão com as escrituras bíblicas
  4. Obsessão com a factualidade bíblica (“tudo tem que estar de acordo com o que a bíblia diz”)
  5. Pratica “quote minning” frequentemente em discussões.
  6. Usa e abusa do “cientista X”
  7. Justifica as suas boas acções com o desejo de agradar a um deus imaginário
  8. Chateia a cabeça ás pessoas normais quando estas não escrevem “deus” com letra maiúscula.
  9. Promove/elabora teorias da conspiração (ex.: os iluminatti)
  10. Abusa da probabilística
  11. Inventa “códigos”
  12. Defende crueldades indefensáveis apenas porque a Bíblia as coloca como comportamentos adequados
  13. Tem “amigos imaginários” – leia-se deus(es)
  14. Nega a evolução contra todas as evidências
  15. Diz que especiação e divergência não são exemplos de evolução (nega o óbvio)
  16. Chateia as pessoas normais com assuntos/aspectos irrelevantes para uma dada discussão.
  17. Comete a falácia do espantalho frequentemente
  18. Comete a falácia do argumento da ignorância (mais conhecida como deus das lacunas)
  19. Diz aos outros que vão sofrer consequências nefastas por serem pessoas normais, e não criacionistas
  20. Repete as mesmas asneiras ad nauseam, apesar de saber que estão erradas
  21. Insiste em dizer que há mais de 2 mil anos existiu um judeu eunuco que era o próprio pai e que o pai o transformou em zombie e que este se chamava Jesus (não confundir com o possível Jesus histórico)
  22. Pensa que o dito zombie (que é o próprio pai) vai voltar para transformar todas as outras pessoas mortas em zombies
  23. Nega as evidências da origem natural da vida, construindo um espantalho que incluiu o apelo á teoria do RNA world.
  24. Insiste em afirmar que existem sistemas/estruturas orgânicas irredutivelmente complexas (ou seja, que não podem ter evoluído) quando já se sabe que isso é falso.
  25. Insiste em afirmar que o criacionismo é compatível com o conhecimento científico actual
  26. Pensa que a Terra tem entre 6 e 10.000 anos
  27. Usa a palavra sodomia para designar basicamente tudo o que se refere a sexo (excepto a penetração vaginal)
  28. Diz que a teoria da evolução afirma que vírus se transformaram em virologistas
  29. Pensa que a evolução é um processo estritamente aleatório
  30. Constrói sempre o mesmo espantalho da “origem da vida por processos aleatórios”
  31. É puritano com a mulher e depravado com as prostitutas
  32. Compara primos com primos para poder afirmar que estes não podem ter tido um ancestral comum
  33. Acredita em cobras falantes e que Adão e Eva realmente existiram
  34. Acredita que viemos directamente da lama por vontade do seu próprio amigo imaginário
  35. Considera-se intelectualmente superior ás pessoas normais por ser criacionista, sem se aperceber que a única relação que se pode estabelecer é que isso é evidência do contrário.
  36. Usa as caixas de comentários de blogs alheios para efeitos terapêuticos

E o mais divertido é que esta hipotética pessoa é baseada em várias pessoas que realmente existem e que têm em comum pelo menos 2 coisas: são todas criacionistas e cristãs.

Descubram quem são:








4. Dembski, Behe e Gauger


5. Outros

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Debate: Evolução vs Criação


Para ver o debate aceda aqui: http://www.sockshare.com/file/C2601F777ED5C7AE# (deixe carregar e comece a ver nos 34 min, porque o resto não interessa, são apenas introduções desnecessárias)

Evolução: Novos genes em pouco tempo


Foram comparadas sequências de genomas inteiros entre várias espécies de Drosophila para determinar com que frequência novos genes aparecem numa linhagem – D. melanogaster, a qual divergiu de D. willistoni há 35 milhões de anos. Novos genes são os genes presentes na espécie D. melanogaster mas não na D. willistoni. O processo que explica o seu aparecimento é (como não podia deixar de ser) a duplicação genética e divergência. Foram identificados 566 novos genes – cerca de 4% dos genes totais da D. melanogaster, bastante dado o tempo de divergência. No género Drosophila, pelo menos 7% do genoma é composto de novos genes.  
30% dos genes que compunham a amostra considerada (195 genes) assumiram novas funções rapidamente, as quais fazem com que a mosca não possa sobreviver sem elas.
Os novos genes essenciais mais jovens têm uma forte assinatura de selecção natural (elevada taxa de substituição no DNA).
Foram estimadas quais as proteínas com que o produto de um gene interage. Muitos dos produtos de novos genes interagem com proteínas completamente diferentes das dos genes ancestrais – os genes adquiriram nova função.


Referências:

Evolução: além da síntese moderna


* Transferências horizontais, especiação por hibridação (frequente em plantas) – alteração da árvore da vida (1).


* Efeitos epigenéticos, mediadores entre desenvolvimento, ambiente e genes (padrões de metilação, etc), como resposta a estímulos ambientais (2).


* As únicas coisas que produzem variação passível de ser herdada não são as mutações, mas também mais precisamente a recombinação, também devido a trocas genéticas entre organismos (e mesmo de genomas inteiros, por exemplo, no caso das células eucarióticas).  

* Evolvabilidade (capacidade de evoluir adaptativamente), Robustez (persistência de certas características num sistema sob perturbações) e modularidade no desenvolvimento e evolução (3, 4) 


 Referências:





quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Os criacionistas são mesmo surdos…


Pessoa normal: As populações evoluem, aqui estão as evidências: (…)

Criacionista: What?!


Pressões selectivas, divergência, especiação e o ensino da evolução


Pressões selectivas diferentes (por vezes associadas ao isolamento geográfico) levam á divergência entre populações. Um exemplo disso, são os padrões diferentes de cores em borboletas Heliconius de diferentes espécies espacialmente separadas. A selecção natural leva a que diferentes alelos se fixem. E por vezes pode mesmo levar a que determinadas características seleccionadas levem á especiação (ou esta pode ocorrer devido á deriva genética) (1). Por outro lado, existe também a evolução convergente, com selecção para o mesmo. Se raciocinarmos um pouco, estes factos tornam-se evidentes.

Os criacionistas (alguns) aceitam isto. Seja de pasmar ou não, há pelo menos um criacionista que é professor de ciências e não tem problemas em ensinar coisas como especiação, divergência e selecção natural e mutações (2). Para ele isso não é ensinar teoria da evolução, mas sim biologia e factos comprovados. Ok. Isto é mais estranho do que o evangélico Francis Collins continuar a dizer que acredita em deuses criadores, Adão e Eva e cobras falantes e ainda assim dizer que aceita a teoria da evolução e não considera o D.I. uma proposta válida. Tudo isto que acabei de mencionar é a base da teoria da evolução. Se isto não é ensinar a teoria da evolução, então o que é que significa “ensinar a teoria da evolução”? Pelo que percebi do texto da pessoa em causa é que significa “ensinar transformismo entre taxons”. A ancestralidade comum entre pássaros e répteis é tão comprovada como tudo o resto, e até o LUCA. Isto é uma tentativa infeliz de lidar com descobertas que vão contra as suas crenças religiosas e que não há qualquer razão para serem descartadas. Não há nada como tapar os ouvidos e dizer “Não é teoria da evolução, é biologia”. Parabéns: é aquilo a que os criacionistas chamam “evolucionista” mas ainda não o sabe.  


Referências:

  1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2702799/ 
  2. http://considereapossibilidade.wordpress.com/2009/11/06/ensinar-ciencias-sem-acreditar-em-darwin-e-possivel/#comment-772

Evolução: Especiação e Isolamento Reprodutivo (reeditado)


Neste Blog documentei um caso de especiação relativo ao isolamento geográfico (e reprodutivo) de 2 populações (neste caso, se adoptarmos os conceitos ecológico de espécies, espécies) de salmão. Quando duas populações que estão geograficamente separadas e sujeitas a pressões selectivas diferentes estão a evoluir diferentemente (ou seja, genes diferentes estão a ser fixados), o isolamento reprodutivo também evolui entre essas populações, comprovando que o isolamento reprodutivo evolui como um subproduto da divergência entre as populações alopátricas. Um estudo descritivo de uma nova espécie designada Rhipidomys ipukensis, evidenciou a importância que o isolamento (geográfico, através de um rio) teve na diferenciação entre as espécies. O estudo foi publicado na revista Zootaxa, contando com a participação de investigadores da Universidade de Aveiro.

Outro exemplo de isolamento reprodutivo está na experiencia de Dodd, no qual se verificou o surgimento de isolamento entre populações de Drosophila pseudoobscura mantidas em meios nutritivos diferenciados à base de amido ou maltose. Após várias gerações, as populações mantidas nesses meios nutritivos desenvolveram adaptações aos recursos diferenciados. E quando machos e fêmeas dessas populações foram colocados em contacto observou-se que houve preferência de acasalamento entre moscas de “amido” com parceiros de “amido” e entre moscas de “maltose” com parceiros de “maltose” demonstrando que algum isolamento pré-zigótico havia evoluído. Dessa forma o isolamento reprodutivo foi uma consequência no evento de divergência das populações (e não foi alvo de selecção). O isolamento reprodutivo iria levar com o tempo á diferenciação das populações (ou, aplicando o conceito ecológico de espécie, espécies)
 

Referencias:


DODD, D. M. B. Reproductive isolation as a consequence of adaptive divergence in Drosophila pseudoobscura. Evolution. 1989. 43, 1308-1311 (http://www.hummingbirds.arizona.edu/Courses/Ecol525/Readings/Dodd_1989.pdf)


http://www.ua.pt/uaonline/detail.asp?c=20054

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A teoria da evolução e a genética de populações



Os criacionistas várias vezes afirmam que aceitam a variação genética ao longo do tempo, sem se aperceberem que isso é evolução. Cheguei mesmo a ver comentários do Jónatas Machado no Que treta a afirmar que a especiação não é evolução. Isso está errado. É claro que especiação é evolução. Pode mesmo incluir-se na categoria “macro-evolução”, ou seja, modificações que não ocorrem apenas “dentro” da mesma espécie. Ocorre mudança na frequência alélica e incompatibilidade genética entre indivíduos das diferentes populações. É evolução.

A evolução é definida por alguns geneticistas como alteração da frequência alélica numa população ao longo das gerações. O caso da resistência á malária, associada a uma frequência mais elevada no alelo mutante nas regiões endémicas (polimorfismo equilibrado – “balanced polimorfism”) é um exemplo de evolução.

Em certos países endémicos da malária cerca de 45% da população possui o alelo mutante associado á anemia falciforme. Foi realizada uma análise epidemiológica em que se estudou a frequência alélica nas regiões endémicas para a confirmação da hipótese malária.

Foi também desenvolvido um estudo que sugeriu um mecanismo de resistência á malária cerebral, complicação mais grave da infecção por plasmodium falciparum.

Os indivíduos heterozigóticos acumulam níveis reduzidos (não patológicos) de heme livre no plasma. Uma vez libertado da Hb (fenómeno favorecido no caso da HbS) pode tornar-se citotóxico.

Em grandes quantidades, o grupo heme livre, sendo citotóxico para as células endoteliais provoca a destruição desta camada, expondo a camada subendotelial á cascata de coagulação sanguínea, levando á formação de trombos, provocando vaso-oclusão, isquémia e hipoxia cerebral, ocorrência típica da malária cerebral.

O efeito atenuador é mediado pelo CO, que se liga á Hb livre, inibindo a sua oxidação, prevenindo a libertação do grupo heme e por sua vez a patologia designada por malária cerebral.

Dado que a expressão da HO-1 e a produção de CO é induzida em indivíduos com a cadeia beta da Hb modificada, este mecanismo poderá ser parte da explicação do mecanismo que atenua os casos mais graves de malária em indivíduos portadores da mutação.

 
Referências

The American Heritage® Medical Dictionary, 2004 - Houghton Mifflin Company. Publicado por:  Houghton Mifflin Company. (http://medical-dictionary.thefreedictionary.com/balanced+polymorphism)

“Global distribution of the sickle cell gene and geographical confirmation of the malaria hypothesis” - Frédéric B. Piel, Anand P. Patil et al, Nature comunications, 2010

“Sickle Hemoglobin Confers Tolerance to Plasmodium Infection” - Ana Ferreira, Cell 145, 398–409, April 29, 2011

 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A evolução e a dignidade humana

Um dos problemas da evolução para os criacionistas é que esta, na sua opinião, retira a dignidade ao ser humano. O seu raciocinio é baseado no facto de, ao sermos o resultado de processos "irracionais" (nas palavras do Jónatas Machado), ou seja de processos naturais e não da vontade de um deus inventado, não temos dignidade, pois não teríamos sido criados á imagem e semelhança de deus (ao contrário de tudo o resto). Isto é uma falácia genética. A teoria da evolução explica como surgiu o ser humano, mas em nada lhe tira a dignidade. Continuamos a ser únicos neste planeta pelas nossas capacidades e nada altera isso - não é o facto de não sermos criados por deus (directamente ou indirectamente) está incluído.
Talvez este mal entendido seja um dos principais motivos que leva a tanta aversão á ciência por parte dos criacionistas. A teoria da evolução baixa-lhes a auto-estima.
Além de tudo isto, se a evolução for verdade e aquela treta dos pecados de Adão e Eva não for, não é necessário ser cristão (ninguém precisa de ser "salvo"), mesmo que exista um deus que deu o "primeiro empurrão" ao Universo.