sábado, 29 de junho de 2013

Os criacionistas contra-atacam (ou Criacionistas, parem de se meter com a biologia)

A explosão do Câmbrico e a origem de novos genes:

Eu não entendo uma coisa: a persistência dos criacionistas. Já várias vezes ao longo da história, os criacionistas procuraram indícios da criação divina nos seres vivos e as outras hipóteses (diferentes da criação divina, nas quais eu não incluo a geração espontânea) sempre se saíram melhor, a partir do momento em que foi possível recolher alguma informação de jeito sobre a nossa realidade, do que o criacionismo. Isso começou quando Charles Darwin viajou no "Beagle", apesar de outras hipóteses evolutivas já terem sido propostas, há mais de 150 anos atrás. A teoria da evolução veio para ficar. Algumas coisas podem ser acrescentadas, é claro, mas a base vai ser sempre a teoria sintética da evolução. Não há nada na biologia de que os criacionistas possam beneficiar para apoiar o criacionismo. Desistam. Estão a fazer figuras tristes. Basta ver o exemplo do William Dembski e do Stephen Meyer, que voltou agora à carga com a porcaria da informação, da origem de novos genes e da explosão do câmbrico, cuja designação de "explosão", nem merece continuar a ser utilizada, pois foi tudo menos uma ocorrência repentina. Demorou muitos milhões de anos (sim, a escala é em milhões). Este filósofo (embora com formação em geologia) e criacionista de meia-tigela armado em cientista ignorou uma data de fósseis que mostram as transições que ocorreram entre organismos mais simples e mais complexos (entre outras parvoíces). Eu digo armado em cientista, pois os criacionistas por definição não são cientistas, pois são pessoas que partem da premissa que a sua fé no criacionismo está de acordo com a realidade e, então, tentam de tudo para espalharem mentiras sobre a evolução e sobre o que as evidências mostram. Já chega de tanta parvoíce. Às vezes parece que os criacionistas são masoquistas, pois adoram fazer figuras tristes e ser gozados. Stephen Meyer teve o descaramento de tentar refutar o papel da duplicação de genes e de outros mecanismos naturais no aparecimento de novos genes (chiça, isso foi abordado nas minhas aulas no semestre passado - muitos dos nossos genes são duplicados e um bom exemplo são os genes da hemoglobina e da mioglobina), abordando este óptimo artigo sobre o assunto: "The origin of new genes: glimpses from young and old" (1), que vale a pena ler e tem um óptimo quadro a esquematizar as mutações que levam á formação de novos genes: 
  • recombinação de exões (de diferentes genes), 
  • duplicação e divergência (modelo mais clássico), 
  • recrutamento de transposões, 
  • transferência lateral, 
  • fusão e fissão genética, 
  • origem a partir de uma região não-codificante ("de novo"). 
Alguns destes mecanismos foram dados no semestre passado (na aula de genética molecular). Mas é claro que basta os criacionistas vomitarem uma data de esterco na Internet e em livros populares para isso tudo desaparecer. Metem nojo.

Nota: A notícia do mais recente monte de esterco saído do traseiro do Stephen Meyer pode ser encontrada aqui: Meyer’s Hopeless Monster, Part II ("Panda's Thumb") e aqui fica a lista de referências que o autor do texto indicou:

É de notar que muitos são sobre a explosão do câmbrico. É um assunto bem estudado, do qual os cientistas já compreendem bastante, só os criacionistas é que não são capazes sequer de fazer um pesquisa rápida pela porcaria do pubmed (NCBI) - há uma data deles (aceder aqui: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=cambrian+explosion+evolution). 

Ref.:


1. "The origin of new genes: glimpses from young and old" (http://faculty.washington.edu/wjs18/Newgenes.pdf ou http://www.nature.com/nrg/journal/v4/n11/abs/nrg1204.html, para quem quiser pagar)

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