Mais uma vez vi a afirmação de que não podemos distinguir se as
semelhanças moleculares ou anatómicas entre espécies são devidas à
ancestralidade comum ou a um criador comum no "Uncommon
Descent".
Os seres vivos reproduzem-se e a prole herda características dos
seus ancestrais. Isto é um facto observável na natureza. Se os seres vivos se
forem reproduzindo, as populações divergindo a partir de uma população
ancestral, o resultado é que vão existir semelhanças entre si que ambos
herdaram do seu ancestral. Tudo o que é necessário é reprodução para herdar
características e isso acontece a toda a hora debaixo dos nossos olhos. O que
observamos é exactamente o que seria de esperar se a vida como hoje a
conhecemos fosse um resultado da reprodução dos seus ancestrais durante milhões
de anos. A descendência com modificação a partir de um ancestral comum é adequada para explicar as semelhanças
entre dois indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes. Já um criador
invisível, cuja acção mimetiza o resultado de processos naturais em nada é
útil, pois não deixa evidências que permitam distinguir entre uma hipótese e
outra e além disso não tem qualquer poder explicativo relativamente ao modo
como tudo foi concebido, a que se devem essas semelhanças. Foi apenas porque “deus
quis”? Isso não explica rigorosamente nada. É óbvio que essa falta de poder
explicativo enfraquece a ideia de que há um criador por trás de todo o padrão
de semelhanças e diferenças que podemos constatar. É ainda de notar que eu
posso usar um deus que produz os mesmos efeitos que fenómenos naturais
conhecidos para explicar tudo e mais alguma coisa - por exemplo, o efeito das
partículas virtuais pode ser explicado pela acção sobrenatural de deus. E esta?
O pior é que "deus fez" não explica nada.
A teoria da evolução explica muito bem as semelhanças e diferenças
encontradas em organismos de diferentes espécies (e da mesma espécie). Quanto
à hipótese do criador comum nem devia mais ser discutida. É inútil. Acabou.
Mas a herança vertical não é a única explicação para as
semelhanças. Vários processos evolutivos observados, como evolução paralela,
evolução convergente e recombinação são também capazes de explicar certas
semelhanças, incluindo moleculares (embora isso não seja muito frequente). Um
estudo em que se justificou escolher a opção ancestralidade comum em vez de
evolução foi o estudo de Douglas Theobald sobre ancestralidade comum universal,
sobre a hipótese do LUCA (que referi anteriormente aqui no blog). E é isto que
os cientistas têm que averiguar e não andar a perder tempo com criadores imaginários.
argumento falho
ResponderEliminarÉ fácil dizer isso, mas não dizer porque é que falha . Isso qualquer um pode fazer até sem ler o texto. E é preciso não esquecer que isto é um blog onde o assunto criação vs. evolução já foi abordado várias vezes e este post é mais para informar acerca da ciência evolutiva do que para argumentar contra um criador comum, pois esse assunto foi depois tratado noutro texto (a parte II).
EliminarAqui está a parte II: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2013/06/ancestral-comum-ou-criador-comum-parte.html
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