terça-feira, 25 de junho de 2013

Ancestral comum ou criador comum? (reeditado)

Mais uma vez vi a afirmação de que não podemos distinguir se as semelhanças moleculares ou anatómicas entre espécies são devidas à ancestralidade comum ou a um criador comum no "Uncommon Descent". 
Os seres vivos reproduzem-se e a prole herda características dos seus ancestrais. Isto é um facto observável na natureza. Se os seres vivos se forem reproduzindo, as populações divergindo a partir de uma população ancestral, o resultado é que vão existir semelhanças entre si que ambos herdaram do seu ancestral. Tudo o que é necessário é reprodução para herdar características e isso acontece a toda a hora debaixo dos nossos olhos. O que observamos é exactamente o que seria de esperar se a vida como hoje a conhecemos fosse um resultado da reprodução dos seus ancestrais durante milhões de anos. A descendência com modificação a partir de um ancestral comum é adequada para explicar as semelhanças entre dois indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes. Já um criador invisível, cuja acção mimetiza o resultado de processos naturais em nada é útil, pois não deixa evidências que permitam distinguir entre uma hipótese e outra e além disso não tem qualquer poder explicativo relativamente ao modo como tudo foi concebido, a que se devem essas semelhanças. Foi apenas porque “deus quis”? Isso não explica rigorosamente nada. É óbvio que essa falta de poder explicativo enfraquece a ideia de que há um criador por trás de todo o padrão de semelhanças e diferenças que podemos constatar. É ainda de notar que eu posso usar um deus que produz os mesmos efeitos que fenómenos naturais conhecidos para explicar tudo e mais alguma coisa - por exemplo, o efeito das partículas virtuais pode ser explicado pela acção sobrenatural de deus. E esta? O pior é que "deus fez" não explica nada.   
A teoria da evolução explica muito bem as semelhanças e diferenças encontradas em organismos de diferentes espécies (e da mesma espécie). Quanto à hipótese do criador comum nem devia mais ser discutida. É inútil. Acabou.  

Mas a herança vertical não é a única explicação para as semelhanças. Vários processos evolutivos observados, como evolução paralela, evolução convergente e recombinação são também capazes de explicar certas semelhanças, incluindo moleculares (embora isso não seja muito frequente). Um estudo em que se justificou escolher a opção ancestralidade comum em vez de evolução foi o estudo de Douglas Theobald sobre ancestralidade comum universal, sobre a hipótese do LUCA (que referi anteriormente aqui no blog). E é isto que os cientistas têm que averiguar e não andar a perder tempo com criadores imaginários.  

3 comentários:

  1. Respostas
    1. É fácil dizer isso, mas não dizer porque é que falha . Isso qualquer um pode fazer até sem ler o texto. E é preciso não esquecer que isto é um blog onde o assunto criação vs. evolução já foi abordado várias vezes e este post é mais para informar acerca da ciência evolutiva do que para argumentar contra um criador comum, pois esse assunto foi depois tratado noutro texto (a parte II).

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    2. Aqui está a parte II: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2013/06/ancestral-comum-ou-criador-comum-parte.html

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