Os genes de uma ribonuclease pancreática foram sequenciados em várias espécies de
primatas (incluindo no Homo Sapiens). Foi elaborada uma árvore filogenética
usando sequências de várias espécies que corresponde à árvore da espécie, pelo
que se pode dizer que estes são ortólogos. No entanto noutros primatas de uma
subamília diferente (da espécie Pygathrix nemaeus), comedores de folhas,
este gene encontra-se duplicado e o duplicado funciona melhor para valores de
pH mais baixos.
O gene original e o duplicado desta ribonuclease pancreática,
que se encontra duplicada nos macacos da espécie Pygathrix nemaeus têm a
designação de RNASE1 e RNASE1B respectivamente.
O duplicado sofreu
selecção para um aumento da carga negativa da enzima através de substituições
radicais (que mudam a carga do aminoácido relativamente ao anterior). Os
cientistas detectaram isso a partir do alinhamento de sequências e da contagem
e comparação das substituições de nucleótidos não-sinónimas e em locais
não-codificantes com o número de substituições não sinónimas. O número de
substituições não-sinónimas era significativamente superior ao número de sinónimas
e em regiões não-codificantes. Também o número de substituições radicais é
significativamente superior ao número de substituições que não alteram a carga
dos aminoácidos relativamente aos anteriores. E foi isto que sugeriu, então a
selecção para a carga negativa dos aminoácidos.
Deve-se notar que
nem sempre os duplicados originam genes úteis. Também podem dar origem a
pseudogenes (que bem não fazem, mas mal também não). Mas neste caso a
duplicação só veio trazer benefícios: esta ribonuclease é óptima para degradar
RNA bacteriano. No entanto a enzima não reteve a sua função original
(degradação de RNA de cadeia dupla), o que sugere um relaxamento da selecção
purificadora e demonstra especialização funcional (devido á evolução
adaptativa).
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