O sentimento de admiração, de humildade perante um universo
tão vasto, que tem muito por conhecer, de onde surgiu a vida naquela pequena
porção que não é constituída por matéria e energia negra, e de unidade com esse
Universo é algo que se pode identificar como espiritualidade (num sentido não
religioso). Também para isso, deus não é necessário (e acreditar nele também não),
nem para fazer meditação (que pode ter realmente efeitos positivos na mente
humana (1)).
(Este vídeo também é interessante: Sam Harris - Atheist
Spirituality - http://www.youtube.com/watch?v=Q_1l90CovBk)
Ref.:
1. “Killing the Buddha” (Killing The Buddha, Sam Harris,
Shambhala Sun, March 2006 – disponível em: http://www.samharris.org/site/full_text/killing-the-buddha/
)
Deve-se distinguir o espírito subjectivo que conduz ao espiritualismo e ao idealismo do espírito objectivo que traduz a consciência social do ser humano e das suas faculdades.
ResponderEliminarPara Aristóteles o espírito foi sempre a capacidade superior de pensar.
Para Hegel o espírito era a capacidade de auto-conhecimento.
O espírito é sempre um produto da matéria. Antes do conhecimento a matéria já existia.
O conceito de espírito também se emprega na terminologia prática do quotidiano quando se refere ao espírito da época, por exemplo, como um conceito de abrangência social.
«Deve-se distinguir o espírito subjectivo que conduz ao espiritualismo e ao idealismo do espírito objectivo que traduz a consciência social do ser humano e das suas faculdades.»
EliminarQuando falei em espiritualidade, quis ir de encontro ao segundo, daí ter referido que era num sentido não religioso. No entanto penso que o primeiro tipo de espírito que mencionou é apenas o espírito objectivo, mas imortal (para quem acredita nisso, claro).
Para mim pensamento, emoção e sentimentos são emergentes de reacções físico-químicas do sistema nervoso. Mas isso não os desvaloriza de modo algum.
No entanto um ateu pode acreditar em espíritos (no sentido subjectivo) ou deixar essa questão totalmente em aberto (também para isso não é preciso deus nem acreditar nele).
EliminarPara a ciência não há espírito objectivo imortal. Para a ciência nada há de imortal nem sequer o adjectivo é usado, isto é, não faz parte da terminologia cientifica.
ResponderEliminarOs sentimentos são sempre sinónimo de emoções mas com o pensamento é diferente.
O pensamento é exclusivo do cérebro , enquanto produto da matéria organizada de forma superior e quase que exclusiva da espécie humana.
Nos animais inferiores existe uma relação imediata entre o ser e a necessidade.
No homem tal relação com a Natureza é “pensada”, isto é, é mediatizada, daí o sentimento de infelicidade porque alguém se apropriou desses meios e os usa contra a nossa liberdade.
Tudo acaba de facto por ocorrer num ambiente de relações físico-químicas mas não de forma mecânica como se julgava no século XIX já que o estímulo exterior é determinante no carácter dos indivíduos. A mesma causa pode produzir consequências diferentes, conforme o objectivo ou os anseios de cada um em que cada um é um caso notável da relação social em que vive mergulhado em si próprio mas também na relação com os outros.
Quando ao Homem se retira a sua liberdade surge invariavelmente o sentimento de frustração projectando-se num ser ideal que gostaria de ser, poderoso, rico, forte, e é nesse ambiente que se geram as religiões, todas as religiões e todas as espiritualidades..
«Para a ciência não há espírito objectivo imortal. Para a ciência nada há de imortal nem sequer o adjectivo é usado, isto é, não faz parte da terminologia cientifica.» Concordo. Quem acredita ou pelo menos gosta de falar sobre isso (espiritualismo, etc) é que parece fazer uma miscelânea em que a noção de espírito objectivo (capacidades superiores do ser humano) é algo imortal.
Eliminar«Tudo acaba de facto por ocorrer num ambiente de relações físico-químicas mas não de forma mecânica como se julgava no século XIX já que o estímulo exterior é determinante no carácter dos indivíduos.» Exacto.
P.S. - só uma dúvida: no primeiro comentário quando se referiu ao espírito subjectivo estava a referir-se à noção de espírito presente no espiritualismo, certo? (Algo deste tipo: "a existência de uma alma imortal no homem, isto é, de um princípio substancial distinto da matéria e do corpo". Foi isso que eu entendi, devido à referência ao espiritualismo. Mas agora surgiu a dúvida de que pudesse estar a referir-se a um dos momentos dialéticos do espírito, de acordo com Hegel.
Quando me referi ao espírito objectivo quis dizer isso mesmo: O espírito objectivo traduz a consciência social do ser humano e das suas faculdades.
ResponderEliminarNão queria referir-me à noção de espírito presente no espiritualismo.
Não existe uma alma imortal no homem e nada é distinto ou independente da matéria
A matéria é uma categoria filosófica e as categorias são conceitos fundamentais que permitem ao homem chegar a conhecer profundamente o mundo que o rodeia.
O espiritualismo é uma teoria idealista. Para alguns a matéria é a forma como Deus se manifesta e para outros é uma ilusão da consciência humana e para eles a alma existe independentemente do corpo e pretendem destruir a ciência pela fé cega na providência divina.
Para os idealista existir é ser percebido. Julgam que estamos condicionados pelas sensações, como é o caso de Berkeley e atribuem uma origem sobrenatural a todas as espécies de animais e de plantas mas a ciência moderna prova a total inconsistência do criacionismo. Darwin é a melhor resposta.
«Quando me referi ao espírito objectivo quis dizer isso mesmo: O espírito objectivo traduz a consciência social do ser humano e das suas faculdades.» Ok, obrigada pelo esclarecimento. Devo fazer notar que no meu primeiro comentário, quando fiz estas afirmações: «Quando falei em espiritualidade, quis ir de encontro ao segundo, daí ter referido que era num sentido não religioso. No entanto penso que o primeiro tipo de espírito que mencionou é apenas o espírito objectivo, mas imortal (para quem acredita nisso, claro).», tinha entendido que a sua noção de espírito subjectivo ia de encontro à noção de espírito do espiritualismo. Quando falei em espiritualidade (no texto) quis ir de encontro, então, ás capacidades que o ser humano tem de pensar sobre o que os rodeia e sobre a sua própria existência e de ter certos sentimentos (que os animais não têm). E para isso deus não é necessário. Não elaborei muito porque a filosofia não é propriamente a minha área (como já deve ter reparado), embora eu a considere importante.
Eliminar«(...) atribuem uma origem sobrenatural a todas as espécies de animais e de plantas mas a ciência moderna prova a total inconsistência do criacionismo. Darwin é a melhor resposta.» Concordo. E isso é o tema principal deste meu blog.
Só a Filosofia consegue combater a teologia que perdura e cresce no meio da fome e da miséria. Os melhores mestres das ciência, nomeadamente físico-químicas, não são preparados para esse combate e são facilmente destruídos como é o caso de Darwin a quem continuam a chamar o homem macaco. Esse sábios magníficos comovem-me sempre por serem vítimas da sociedade e das experiências a que se submetem. Madame Curie foi vítima do Rádio. Só Em 1906 Moisson recebe o prémio Nobel da Química por isolar o flúor depois de durante séculos o flúor ter sido o causador da morte de vários cientistas na sua manipulação.
ResponderEliminarAinda hoje ouvi um anúncio na Rádio Nascença a divulgar algo relacionada com o Concílio de Trento.
Com o Concílio de Trento?
Se a Igreja Católica tivesse vergonha nem sequer invocava esse triste acontecimento histórico que nos condenou a humanidade ao pecado original.
Antero de Quental na "Causa da Decadência dos Povos Peninsulares" desenvolve bem a trama desse crime.
Esse Concílio veio agravar a perseguição aos sábios que eram condenado nos tribunais da Inquisição. Pedro Nunes, o nosso último matemático, morreu e com ele toda a família até à terceira geração, foram todos presos e condenados à morte.
Gil Vicente morreu na fogueira da Inquisição e tantos outros.
Em Portugal deixou de haver homens sábios porque eram todos condenados à fogueira da Inquisição, razão pela qual perdura entre nós tanta crendice considerando Deus todo poderoso criador do céu e da terra.
Essa é a razão de haver tanta crendice entre nós porque o inconsciente colectivo perdura como um instinto animal durante séculos e só pelo Conhecimento se consegue libertar as pessoas do criacionismo.