terça-feira, 3 de setembro de 2013

Destruindo o argumento cosmológico

O argumento cosmológico é algo como isto:

Premissa 1. Tudo o que começou a existir tem uma causa
Premissa 2. O Universo começou a existir
Conclusão: logo o Universo tem uma causa. 

Daqui os crentes partem para a afirmação de que a causa é o seu deus particular (o deus judaico-cristão normalmente), o que não pode ser inferido pelas premissas acima, como referiu o Ludwig Krippahl na penúltima entrada do "Que treta!" ("O argumento cosmológico"). Nesse texto, o argumento usado por filósofos (pregadores?) cristãos como William Lane Craig é corrido à vassourada para fora de debate pelo autor do blog.  
O Ludwig Krippahl chama a atenção para o facto da física moderna demonstrar que há coisas que começam a existir e que não têm causa, pelo que a primeira premissa é falsa. E o pior (para os crentes, claro) é que a segunda premissa também é falsa - é preciso que o Universo tenha tido um começo no sentido de haver um instante antes do Universo surgir, depois o instante em que o Universo surge e por aí fora, que é aquilo a que se refere a segunda premissa (só assim é que podemos falar de causalidade porque a causa tem de preceder o seu efeito), mas não houve um “antes do Universo" e nem houve um começo propriamente dito (no tempo), segundo Hawking e Hartle.
Recomendo aos leitores que sigam o link acima e acedam ao texto. Vale a pena ler. 

Para terminar quero dizer uma coisa: o vácuo quântico de onde podem surgir universos encaixa-se perfeitamente nas teorias da física, empiricamente fundamentadas, pelo que qualquer pessoa com o mínimo de discernimento devia fiar-se nessa hipótese e não num deus que aparece num conto para crianças da Idade do Bronze, sobre o qual se foram inventando mais umas quantas coisas.

Errata*: A causa pode não preceder o efeito, mas é de notar notar que nada está garantido, quanto ao argumento, a respeito do facto do universo ter tido uma causa, uma vez que o universo não começou a existir no sentido de que foi um evento no tempo e no espaço, mesmo se considerássemos que a primeira premissa é verdadeira, pois esta refere-se a observações relativas a ocorrências no espaço e no tempo, aqui no nosso universo.
Existem evidências de que o universo surgiu espontaneamente do nada, sem precisar de deus. (para mais, ler a parte II)

*Actualizado em 18/3/2014  

1 comentário:

  1. Este post vem exactamente de encontro ao que penso, ao que sei e de encontro a tudo o que em ciência foi dito.
    Aceito melhor um erro cientifico do que uma verdade apoiada numa qualquer teoria teológica ou metafísica.

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