Encontrei um artigo (já velhinho) que fala da evolução de
sistemas irredutivelmente complexos através da redundância e perda de partes
funcionais (1). Um exemplo de redundância é a proteína p 53, proteína que pode
iniciar a apoptose, evitando assim o aparecimento de um cancro, a qual foi
“retirada” em ratinhos e isso não causou a ruptura do sistema que ela
integrava. Outro exemplo que pode ser mencionado é a própria cascata de
coagulação (que afinal de irredutivelmente complexa nada tem), que tem partes
que são redundantes – coagular lentamente não é o mesmo que não coagular. É
dessa maneira que um sistema complexo pode evoluir para se tornar
irredutivelmente complexo.
Duplicações de genes podem fazer com que apareçam novas
peças (que ao princípio podem ser redundantes) que depois são co-optadas para
desempenharem novas funções, como já foi referido anteriormente.
A complexidade redundante é uma característica dos processos
evolutivos que pode ajudar a explicar a evolução de vários sistemas complexos.
E é preciso ver que não há apenas uma via evolutiva possível, mas sim várias
possíveis capazes de explicar o surgimento de certos sistemas. A distinção de
qual é a correcta está nos pormenores que devem ser (e já estão a ser)
investigados. A capacidade dos processos naturais de explicarem o que
observamos torna desnecessária a invocação de qualquer divindade como explicação;
de qualquer modo “deus fez” não explica nada de nada.
É verdade que evolução molecular não é fácil para toda a
gente compreender, mas penso que facilitaria bastante se as pessoas deixassem a
religião de lado de vez em quando.
Ref.:
1. Behe, Biochemistry, and the Invisible Hand (2001), Niall Shanks and Karl
Joplin, Philo Vol. 4 No. 1 (disponível aqui: http://www.philoonline.org/library/shanks_4_1.htm)
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