Alguns criacionistas acreditam que a evolução (aqui, apenas
significa mudança ao longo do tempo) dos seres vivos tem sido guiada por deus
(directamente), embora actuem também os mecanismos evolutivos conhecidos pela
ciência – isto é o que se pode designar por criacionismo progressivo. Um
exemplo de alguém que defende este ponto de vista é o filósofo cristão William
Lane Craig.
Um dos problemas com a posição acima referida é o facto do
termo “evolução” aqui empregue não ir de encontro àquilo que os cientistas
entendem como evolução. Outro problema (muito mais grave) é que, tanto quanto
sabemos, os mecanismos conhecidos a nível populacional e molecular são
suficientes para explicar o que observamos nos seres vivos e no registo fóssil.
Se os mecanismos naturais chegam para explicar as observações, deve-se escolher
a hipótese sem deus, pois este é desnecessário. Se a ideia é dizer que deus
imita os processos naturais, mas quer que acreditemos nele – ou então vamos
para o inferno, isso é uma contradição e essa posição não deve ser levada a
sério, também porque foge a qualquer tipo de teste a que possam querer submeter
a hipótese proposta. É a mesma coisa que dizer que é deus que faz com que
pareça que existem partículas virtuais, porque imita muito bem o efeito de
Casimir* (só para ilustrar o ridículo de tudo isto). Talvez seja um teste de fé
- estranho para quem deseja com muita, muita força que acreditem nele. Os seres
humanos têm que ter fé num deus imitador de partículas e não nas partículas em
si, ou então vai tudo para o inferno servir de ventoinha ao diabo. Agora
substituam partículas por mecanismos evolutivos (que são observados a ocorrer
actualmente) e, então, têm uma breve descrição daquilo em que muitos
criacionistas acreditam.
*Nota: Duas placas carregadas afectam fotões virtuais e
geraram uma força – ou uma atracção ou uma repulsão, dependendo do arranjo
específico das duas placas (The
Force of Empty Space, Physical Review Focus, December 3, 1998).
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