quarta-feira, 15 de junho de 2011

A ciência apoia a prática do aborto?




Este post vem a propósito de um trabalho/debate que executei ainda no ensino secundário (10º ano). A minha tese era exactamente apoiar a interrupção voluntária da gravidez como um direito da mulher, através de conceitos das ciências biológicas.

Existem sucintamente 3 tipos dominantes de opinião, tanto entre os leigos, como na comunidade científica:

1. O aborto é infanticídio, pois o ovo ou zigoto é um ser vivo desde o momento da concepçao, pois têm um genótipo individual, diferente do que está presente nas células da mãe.

2. O aborto não é infanticídio nem é imoral até ás 12 semanas (3 meses) de gestação, pois até aí, segundo o k foi apurado, o embrião não pode ser considerado consciente e n existe qualquer tipode sofrimento.
(A partir das 12 semanas o embrião passa a ser denominado feto.)

3. O aborto não é infanticídio até que o feto tenha condições para sobreviver sózinho (quando completadas as 24 semanas - 6 meses de gestação), carcterística fundamental de um ser vivo.

Eu considerava - e ainda considero um ser vivo aquele que tem condições para sobreviver sózinho. Uma das razões pelas quais os peritos deixaram de classificar os vírus como seres vivos, foi o facto de nao serem capazes de sobreviver por eles próprio, necessitando dos complexos celulares dos outros seres vivos (incluindo bactérias). No entanto tb aceito que seja causado algum tipo de sofrimento a partir do momento em que o feto tenha o sistema nervoso completamente formado, pelo que actualmente apenas defendo o aborto até ás 12 semanas de gestação, excepto em 2 casos:

a. uma gravidez indesejada na adolescência

b. uma gravidez que ponha em risco a saúde da mãe e/ou do feto (deficiências fetais, insuficiencia amniótica, entre outras) - aborto clínico tardio

Em relação ao caso "a", uma adolescente grávida é, na maioria das vezes, dependente de familiares, podendo sentir-se constrangida a comunicar a sua condição á família, pelo que quando o faz, se desejar abortar, poderá ser tarde para o fazer e essa gravidez pode destruir a vida da pessoa em causa. É claro que uma adolescente não deve ser ilibada de qualquer responsabilidade em relação ao facto de estar grávida, no entanto não merece ter a vida desfeita por ter cometido um acto irresponsável quando tinha 15 ou 16 anos, além de que uma adolescente não está, na maioria dos casos, preparada psicológicamente nem - em alguns casos - físicamente para levar a termo uma gravidez.

O argumento do "genótipo individual diferente" do da mãe descrito no ponto 1 pode parecer determinante para a defesa da proibição e condenaçao do aborto no entanto, se pensarmos um pouco, a placenta possui nas suas células uma cópia genética do feto e n é definida como um ser vivo. Contra esta afirmação poder-se-ia argumentar que a placenta, enquanto cumpre as suas funções, é parte do organismo do embrião/feto; em contrapartida os vírus tb n são actualmente classificados como seres vivos p n poderem sobreviver por eles próprios e tb têm um "genótipo individual diferente" do do ser vivo infectado.

Numa perspectiva histórica: nas sociedades primitivas da idade do bronze e nas grandes civilizações da antiguidade, as mulheres eram livres de abortar sempre que o desejassem (dentro do que era humanamente possível), pois o corpo (ao qual o embrião/feto ainda pertencia) era da mulher e como tal era ela quem deveria tomar as decisões sobre o seu próprio corpo. É um ponto de vista que tem como base os direitos essenciais das mulheres, os quais foram muito reduzidos na Idade Média (sobretudo pela acção dos líderes religiosos católicos da época), entre eles o direito de interromper voluntáriamente a gravidez.

No debate, a minha principal opositora foi uma colega de turma que tinha frequentado um colégio religioso  desde o 5º ano até á conclusão do 9º ano de escolaridade. Talvez n seja por acaso que isto se tenha verificado, pois a maioria dos cristãos (n só dos católicos) são contra o aborto de um modo geral (excepto o aborto clínico).

Alguns estados dos E.U.A. são dos locais mais liberais em relação ao aborto em termos legais, mas no entanto, devido ao fundamentalismo cristão de muitos estados, são tb onde este é mais militantemente criticado. Um exemplo: a presidente da CWA (Concerned Women for America), Wendy Wright (criacionista militante) juntou um pequeno grupo de pessoas que foram rezar para a porta de uma clínica abortiva, provocando algum constrangimento ás pacientes da clínica e violando a lei do estado em questão.

Para quê tanta confusão? Na realidade nada disto aconteceria se os direitos das mulheres nunca tivessem sido sequer desrespeitados. Mas já que tal aconteceu, haja alguém que os defenda através da ciência e de argumentos racionais.


O conceito de vida a partir do momento da concepção não é universal entre todos os que se dedicam á ciencia (posso afirmar por experiencia propria). Além disso, a expressão genética num embrião não é a mesma do que num ser humano completamente formado - o genótipo não chega para ter um ser humano. contra factos não há argumentos. há ainda que considerar que até ás 12 semanas não há sofrimento e também os direitos naturais da mulher de fazer escolhas sobre o seu proprio corpo - a mesma é submetida a esforço fisico e psicologico acrescido ao longo da gravidez, que como ser pensante e livre tem o direito de rejeitar - chamemos-lhe selecção natural.

Nota: o texto destacado é uma resposta a isto: http://georgeestudos.blogspot.pt/2012/07/uma-das-piores-crises-do-mundo-moderno.html 

7 comentários:

  1. Venho com muita satisfação expressar o que estudei sobre o assunto, e diante do seu comentário declaro que partir do momento da concepção, do ponto de vista biológico, temos um ser vivo. Sei que muitos dizem que o aborto não mata um bebê: o que mata é um feto. É curioso notar que duzentos especialistas americanos elaboraram um texto onde começam por se referir à “criança” e não ao feto ou ao zigoto. Também no livro de Baruch Brody, Abortion and the Sanatity of Human Life, MIT Press, 1975, ele afirma que enquanto não conseguir distinguir feto de criança rejeitará a palavra feticídio usando indistintamente a palavra homicídio.

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    No século XIX descobriu-se que a partir da concepção tínhamos um novo ser humano e que, por isso, o aborto consistia em matar deliberadamente um ser humano inocente. Interessa, pois, saber se desde então foi feita alguma descoberta científica que anulasse ou questionasse as descobertas desse século.
    Os livros a seguir citados são usados em cerca de 80% das Faculdades de Medicina dos Estados Unidos da América e em muitos outros países do mundo. Os sublinhados foram acrescentados ao texto.
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    Veja isto: http://aborto.aaldeia.net/aborto-ciencia/

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    1. estamos a falar de coisas diferentes: eu defendo o aborto de embriões e fala-me de fetos. Além disso o conceito de vida a partir do momento da concepção não é universal entre todos os que se dedicam á ciencia (posso afirmar por experiencia propria). Além disso, a expressão genética num embrião não é a mesma do que num ser humano completamente formado - o genótipo não chega para ter um ser humano. contra factos não há argumentos. há ainda que considerar que até ás 12 semanas não há sofrimento e também os direitos naturais da mulher de fazer escolhas sobre o seu proprio corpo - a mesma é submetida a esforço fisico e psicologico acrescido ao longo da gravidez, que como ser pensante e livre tem o direito de rejeitar - chamemos-lhe selecção natural.

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  2. Eu falo de pesquisas cientificas e não de concepção humana. O que vc precisa saber em sua formação egocêntrica é que existe o Zigoto que é célula resulta da fertilização de um oócito por um espermatozóide e é o início de um ser humano… “Cada um de nós iniciou a sua vida como uma célula chamada zigoto.” Cada um dos animais superiores começou a sua vida como uma única célula. A formação, maturação e encontro de uma célula sexual feminina com uma masculina, são tudo preliminares da sua união numa única célula chamada zigoto e que definitivamente marca o início de um novo indivíduo. O zigoto é a célula inicial de um novo indivíduo.
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    “Sempre que um espermatozóide e um oócito se unem, cria-se um novo ser que está vivo e assim continuará a menos que alguma condição específica o faça morrer. Eu estou falando da fase de diferenciação orgânica, ou seja, da etapa conhecida como período embrionário que é a tão conhecida estrutura multicelular que, em conjunto com o trofoblasto e a blastocele, constitui o blastocisto recém-implantado no endométrio.
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    “O zigoto representa o início de uma nova vida.” Como já se disse o valor científico destas afirmações é inquestionável, pois constam dos livros adotados pela maioria das Faculdades de Medicina dos EUA.
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    O que muitas pessoas precisão entender é que no momento da concepção, do ponto de vista biológico, temos um ser vivo, individualizado e humano. Agora compreenda que o embrião humano não é uma coisa, pois todo embrião pertence à humanidade e toda existência humana passou por esse estágio.
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    Agora Maria Madalena, veja que todo embrião já é um ser humano e não um objeto disponível para o homem. Ele não está à mercê do modo de ver nem da opção dos outros. Entenda que Juntamente com eles, pertence à mesma e única comunidade de existência. Esse é o meu posicionamento que se apóia em evidência científica.

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    1. apoiado em evidencia cientifica? Claramente não entende nada de expressão génica - mais uma vez, um genótipo não chega para ter um ser humano - uma célula humana sim, mas não um ser humano pensante e com capacidade para sofrer (estou na area das ciencias da saúde, acredite que sei do que falo).

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  3. O bom é que você esta na área das ciências da saúde, pois na escrita você já esta mostrando a sua formação.
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    Para os amigos do blog vou relembrar o sentido da palavra genótipo, que em sua integra significa a constituição hereditária de um individua ou vegetal.
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    Depois de ler a sua ultima postagem Maria Madalena, resolvi modificar a minha metodologia de dialogo e apegar-se a uma simples e nítida linguagem, e nesta incumbência, continuarei advogando contra o aborto. E faço jus a sua compreensão que com limpidez não enxerga a realidade com clareza.
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    Voltando ao âmbito:
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    Seria o embrião um mero “amontoado de células”?
    Entenda, que a célula-ovo é a nossa primeira morada. Estude e aprenda que o desenvolvimento humano é um processo contínuo que começa quando o óvulo de uma mulher é fertilizado por um espermatozóide de um homem. Assim, uma única célula, o zigoto (célula-ovo), após muitas modificações, transforma-se em um ser humano multicelular.
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    Uma afirmação Maria Madalena que torce as suas alegações.
    Com base na verdade científica, os grandes mestres, figuras notáveis da obstetrícia brasileira, Álvaro Guimarães Filho, Domingos Delascio, Ciro Ciari Jr., e Francisco Cerrutti, fizeram uma declaração conjunta: “Abortamento induzido de um embrião significa a eliminação de uma pessoa biologicamente viva”. (Comentário extraído do livro “A Vida Contra o Aborto”)
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    A gora análise outras razões que deslocam os seus argumentos capciosos.
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    A célula-ovo surge no processo de concepção ou fertilização, no instante em que se fundem os dois gametas – o espermatozóide e o óvulo. No início, mede cerca de 130 micrômetros (medida dimensional histológica), um mês depois, porém, já terá um aumento de massa de dez mil vezes. Em nenhum momento da história humana, de qualquer indivíduo, esta velocidade de crescimento se repetirá.
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    O que você alega em sua falácia contradiz a Embriologia que diferente das suas afirmações já tenha definido como certo ser o embrião inicial um organismo humano vivo, há os que insistem, assim como você em reduzi-lo à condição de um “amontoado de células”, uma “coisa”, um “objeto”, totalmente dependente do organismo materno, removível a qualquer tempo. Com tal espécie de premissa, alienada a realidade fática, reduzem o extraordinário fenômeno da vida a um evento banal, destituído de importância.
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    Não é isso, no entanto, o que as pesquisas científicas revelam.

    Erwin Schrödinger, um dos pais da física quântica e grande incentivador do desenvolvimento da Biologia, ressalta que “todo o padrão tetradimensional é determinado pela estrutura daquela única célula: o ovo fertilizado.”, chamando a atenção para o potencial extraordinário da célula-ovo, que encerra em si mesma todo o projeto de um novo ser e é capaz de construir um organismo adulto, com toda a sua complexidade.
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    Finalizo afirmando, que é uma heresia em ponto maior, proclamar que o aborto é um direito da mulher, pois em qualquer período de gravidez ela transporta um bem indisponível.

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    1. No way... vc n percenbeu mesmo nada: o que me interessa é o que o embrião (ou célula, mórula ou célula) é no momento do aborto e não o que ele pode vir a ser com o tempo... interessa-lhe o que a sua especie é hoje ou o que esta será quando sofrer tantas modificações que já não poderá considerar-se da mesma espécie (ou mesmo do mesmo género e ainda mais)?
      Além disso, bem me parecia que n iria compreender nd de nd do que uma mulher seria obrigada numa gravidez indesejada e o que iria ser para uma criança não ser devidamente amada por ela... aposto que é daquelas pessoas que condena o aborto mesmo em caso de violação.
      Se n compreende agora penso que nunca irá perceber nem de ciencia nem do resto. Nem vale o esforço... Heresia? Mas que fundamentalismo aqui vai... Na realidade 'heresia' significa escolher (ou escolha)... se é uma heresia o que eu disse, óptimo, é um elogio.

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    2. *Além disso, a informação contida no genótipo das células não torna a célula num organismo humano completo - a expressão genética e todo o processo de desenvolvimento é que iriam fazer um organismo completo - não podendo de modo nenhum designar-se qualquer das estruturas referidas de organismo humano completo. quanto muito a partir do momento em que se torna um embrião pode designar-se de proto-humano, pois já é um organismo, ainda que incompleto e incapaz de autonomia.

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