Esta relação é um pouco complicada. Muitos ateus e
agnósticos foram influenciados pela teoria da evolução (Charles Darwin, Richard
Dawkins) (1), mas outros (e eu própria estou nessa categoria) desenvolveram
interesse pelas origens, incluindo pela teoria da evolução, pois, não se
agarrando ao sobrenatural, necessitaram de uma explicação científica
satisfatória. Há ainda uma relação entre ciência e ateísmo, pois a maioria dos
cientistas são ateus ou agnósticos, tendência esta que se verifica desde 1914 e
tem vindo a acentuar-se – apenas 5,5 % na área das ciências biológicas e 7,5%
na área das ciências físicas acreditavam em deus, sendo os restantes ateus
(maioritariamente) e agnósticos (2).
Na realidade pode-se dizer que existe uma tendência das
pessoas mais esclarecidas em termos científicos para serem ateias, mas não me
parece que a causa para serem ateias provenha sempre desse esclarecimento –
embora seja esta a causa normalmente apontada, mas que apenas as pessoas que
são ateias (ou com tendências ateístas) têm também mais tendência para se
interessarem pela ciência, incluindo pela teoria da evolução. Talvez por serem
menos comodistas em contraste com pessoas religiosas (“deus fez porque está na
Bíblia e pronto”) e por isso serem mais curiosas relativamente ao que a ciência
tem para ensinar. Não se contentam com um cómodo “deus fez”.
O impacto da teoria da evolução no pensamento científico foi
exactamente em direcção ao ateísmo. É claro que esta não refuta a existência de
deus, mas refutou a ideia de que deus era a explicação para as origens e,
obviamente está de acordo com a versão ateísta de que a natureza pode ser
explicada sem deuses, fadas, duendes ou unicórnios azuis. Isto dá sustento á
hipótese que afirma que os cientistas são ateus devido ao seu nível de
conhecimento. No entanto, penso que esta não se aplica a todos os casos (ou
mesmo a uma grande maioria).
Referências:
Entrevista com Richard dawkins – October 21, 2009,
Paul Hoffman (http://bigthink.com/ideas/17052)
Leading
scientists still reject God – NATURE, VOL 394, 23 JULY 1998 (http://www.stephenjaygould.org/ctrl/news/file002.pdf) *
* Nota: as estatísticas apresentadas são de 1998. Podem estar
desactualizadas.
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