quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Evolução? Os genes dizem sim! (parte II)

Tal como anteriormente foi exemplificado através das evidências da evolução de baleias, podemos exemplificar mais evidências da evolução proveniente da genética molecular da nossa própria espécie (não somos nenhuma excepção).
O sentido do olfacto é possibilitado por um conjunto de proteínas, os receptores olfactivos, encontrada na superfície de células que revestem a cavidade nasal. Compostos que andam pelo ar ligam-se a estes receptores, enviando assim os sinais para o cérebro, que interpreta o padrão de ligação de um determinado odor.
Consideremos 15 pseudogenes presentes nos seres humanos, mas não em chimpanzés. De acordo com a hipótese da ancestralidade comum, estes 15 pseudogenes têm surgido desde que os humanos e os chimpanzés tiveram um ancestral comum (há cerca de 6 milhões de anos atrás). Se isso for assim, poderiamos prever que nenhum dos 15 pseudogenes estará presente em primatas teriam divergido ainda mais cedo. Isto é exactamente o que encontramos ao examinar os genomas do gorila e do orangotango.
Seis pseudogenes com mutações de inactivação idênticas são encontrados em todas as quatro espécies. Humanos e chimpanzés compartilham doze pseudogenes idênticos em comum, mas os seres humanos e os gorilas compartilham apenas nove. Estes nove, como previsto, são um subconjunto dos 12 pseudogenes partilhados por humanos e chimpanzés. É de lembrar que muitos, muitos mais foram analisados e dão resultados paralelos.
Os dados de pseudogenes também pode ser estendido para muito mais espécies distantemente relacionadas. Todos os mamíferos, por exemplo, seriam os descendentes evolutivos de antepassados que punham ovos. A previsão da evolução, de que os mamíferos são descendentes desses antepassados, ​​já foi testada, procurando os restos de um gene inactivado, responsável pela produção de gema de ovo no genoma humano. Este gene, o chamado gene da vitelogenina, é utilizado como um componente de gema de ovo numa ampla gama de espécies que põem ovos. Um grupo de investigadores levantou a seguinte questão: seria possível encontrar os restos mortais do gene da vitelogenina no genoma humano? E foi possível encontrar esses vestígios no nosso genoma.
Genes intimamente ligados, podem ficar juntos por muito, muito tempo. Usando essa noção, os investigadores: localizaram o gene da vitelogenina (funcional) no genoma de galinha, verificaram qual era o gene "do lado" do gene da vitelogenina na galinha, confirmaram que este gene vizinho estava presente no genoma humano e no mesmo local em relação ao gene vizinho no genoma humano descobriram os restos mutantes do gene da vitelogenina no genoma humano, precisamente neste local.
A hipótese da ancestralidade comum é uma boa explicação para o padrão de pseudogenes que observamos, bem como para o todo do padrão de semelhanças e diferenças que observamos.

Referências:

- Brawand, D., Wali, W. and Kaessmann H. 2006. Loss of Egg Yolk Genes in Mammals and the Origin of Lactation and Placentation. PLoS Biology 6: 0507-0517. (http://www.plosbiology.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pbio.0060063)

- Gilad, YG., Man, O., Paabo, S., and Lancet, D. 2003. Human specific loss of olfactory receptor genes. Proc. Natl. Acad. Sci. 100: 3324-3327. (http://www.pnas.org/content/100/6/3324.long)


- Zhang, ZD, Cayting, P., Weinstock, G. and Gerstein, M. 2008. Analysis of of nuclear receptor pseudogenes in vertebrates: how the silent tell their stories. Mol. Biol. Evol. 25: 131-143. (http://mbe.oxfordjournals.org/content/25/1/131.full)

P.S. Este texto foi escrito ao som desta música:



E quando passava esta parte: «I feel nothing when you cry/
I hear nothing, see no need to reply/ I can smile now and turn away», eu só conseguia pensar que era assim que eu me sentia em relação aos criacionistas, especialmente o primeiro verso: «I feel nothing when you cry». Agora chorem de vergonha (ou de raiva, se preferirem), que eu não tenho pena de vocês!

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