A homologia é testada, não se pressupondo que as semelhanças
entre certas estruturas anatómicas, genes ou proteínas indicam por si só que estes
são homólogos (isto é, que estes partilham um ancestral comum). Uma abordagem interessante
para distinguir entre múltiplas origens e ancestralidade comum, é a apresentado
por Douglas Theobald num artigo intitulado “A formal test of the theory of
universal common ancestry” (1). Outra abordagem (2) é que, apesar de que talvez
o que Theobald pretendia fazer seja inalcançável, há várias linhas de evidência
que levam os cientistas a poder afirmar que a origem independente (o que
incluiu evolução convergente por selecção devido á função da proteína) é muito
menos provável do que a ancestralidade comum: várias vias estão disponíveis
para a evolução proteica, os casos registados de evolução convergente não incluem
sequências muito semelhantes, enzimas diferentes têm a mesma função.
Muitas vezes ao analisar dados moleculares (que são usados
na elaboração de hipóteses filogenéticas) descobrem-se casos de homoplasia anatómica
(morfológicas), como aconteceu com certas espécies de plantas da família Malvaceae
(malvas) (3). Mais ainda, um bom exemplo de homologia genética, mas não anatómica
é o do gene regulador Pax6, que existe em animais tão distintos como moscas do
género Drosophila e ratos, o qual funciona como um interruptor para diferentes
programas de desenvolvimento em diferentes tipos de organismos, sendo tido como
homólogo não só apenas pela sua semelhança bioquímica (sequencial), mas pela
sua distribuição taxonómica (4).
Em termos de desenvolvimento anatómico temos o exemplo dos
arcos branquiais, cuja distribuição taxonómica das vias de desenvolvimento através
destes é evidência para ancestralidade comum entre peixes e tetrápodes (4).
Há ainda que distinguir dois tipos de homologia molecular: um
par de genes pode incluir parálogos, que partilham um gene ancestral em comum
que se duplicou, ou ortólogos, cujo ancestral comum estava presente numa espécie
que deu origem a outras, suas descendentes, cada uma com a sua versão do mesmo
gene. Os últimos são usados para construir árvores filogenéticas de uma espécie
e os primeiros são usados para construir árvores de genes. E, como já foi
referido algures aqui no blog, em filogenética não se assume ancestralidade
comum.
As evidências da evolução não estão apenas nas semelhanças
observadas entre genes, proteínas e estruturas anatómicas, mas no padrão que
elas formam – Já foram dados vários exemplos anteriormente (ao longo dos textos
deste blog) e, de um modo geral, é o padrão de uma árvore genealógica.
Apesar de tudo o que eu já expliquei ser assim desde que se estudam estas coisas os criacionistas não conseguem acertar uma relativamente ao assunto, o que ficou bastante explicito no livro de Wells, "Icons of Evolution" (2000).
Nota: Uma extensa crítica ao livro de Wells, “Icons of
Evolution” (2000), elaborada pelo Dr. Alan D. Gishlick do NCSE (geólogo), pode
ser encontrada aqui: http://ncse.com/creationism/analysis/icons-evolution.
Referências:
1. “A
formal test of the theory of universal common ancestry”, Nature – Maio,
2010. Ver o artigo completo aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário