quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Selecção natural na Terra primitiva e o papel do ferro

As moléculas grandes de RNA usam magnésio (Mg2+) para desempenharem as suas funções (catalíticas). Numa época pré-biótica, a estrutura geológica da Terra tinha um grande manancial de iões de ferro (Fe2+). A pesquisa de Loren Dean Williams mostrou que o ferro foi provavelmente o principal co-fator de activação para que o RNA fizesse o seu trabalho. Este cientista e a sua equipa testou se o ferro podia substituir o magnésio e este de facto podia. Esta pesquisa fora publicada na PloS One e também na Nature.
Mas o planeta era instável. Com a ascensão dos primeiros organismos fotossintéticos, a atmosfera começou a ter oxigénio em abundância e o Ferro II passou a ser oxidado, perdendo um electrão e transformou-se em Ferro III, e isso prejudicou os seres vivos primitivos.
E é aqui que entra em cena a Selecção Natural, que começou também a fazer seu trabalho e as mutações que ocorreram, as quais propiciaram ao RNA usar não só Ferro II, mas outro metal, o Magnésio II. As moléculas de RNA que não tinham esta capacidade de usar outro metal como co-fator foram negativamente seleccionadas, só ficando os que tinham esta nova capacidade.
Isto tudo significa que devemos a nossa existência a essas moléculas de RNA com uma ajudinha dos iões Ferro II e Magnésio II.
A vida nasceu de reacções químicas simples e acabou com a complexidade que vemos hoje após milhões e milhões de anos. É interessante como com um pouco de ciência se consegue descobrir até algumas características dos nossos antepassados de há cerca de 4 mil milhões de anos, que não eram mais (ou eram pouco mais) que moléculas de RNA com capacidade catalítica.

Ref.:

http://www.plosone.org/article/fetchObject.action?uri=info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0038024&representation=PDF

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