quinta-feira, 1 de agosto de 2013

“The edge of evolution”: revisão III

Como já referi anteriormente, Michael Behe calculou a probabilidade de duas mutações ocorrerem em simultâneo. Para Behe, a baixa probabilidade de duas mutações ocorrerem em simultâneo (na mesma célula) diz-nos que a ocorrência é impossível (por causas naturais). Mas os cálculos de Behe estão muito longe de abordar a situação real, como também já referi. No entanto, há quem continue a afirmar que Behe está correcto (criacionistas como ele (*a)). Mas o biólogo Steve Matheson (biologia celular) explicou (mais uma vez) porque é que Behe estava errado e os cálculos não tinham nada de realista (*b) o problema é exactamente este: não se pode fazer esses cálculos como se os eventos fossem ocorrer na mesma célula (em simultâneo), quando há vários possíveis descendentes onde pode aparecer a segunda mutação ou quando a mutação se pode fixar (até por deriva genética). Parece é que os criacionistas não conseguem admitir que os seus ídolos (como Behe, por exemplo) estão errados e que isso é mais uma razão para a hipótese da criação permanecer no caixote do lixo onde tem estado desde o tempo em que Charles Darwin publicou a sua obra prima, “A Origem das Espécies”. Acabou. Ou os criacionistas aceitam isso ou então convém calarem-se para não fazerem más figuras. O que mantém o criacionismo vivo é que as pessoas religiosas têm necessidade de um “pai do céu” (e não uma entidade que apenas criou o universo, à semelhança do deus dos deístas), tal como por vezes as crianças têm necessidade de ter amigos imaginários. 

*Notas: a.) Michael Behe demonstrou no seu primeiro livro uma posição mais “soft” relativamente à ideia do design inteligente. Ele apontava apenas para certos casos particulares que ele designou como irredutivelmente complexos, enquanto que neste parece estender a sua opinião sobre o criacionismo do design inteligente até a um banal par de mutações. Behe é um criacionista no sentido estrito (embora não acredite numa terra jovem) e não um “evolucionista teísta”. Li que Behe era católico. Mas será que passou a ser evangélico? Se não passou, parece.
              b.) Behe and probability: one more try (disponível em: http://sfmatheson.blogspot.pt/2010/04/behe-and-probability-one-more-try.html#more) – é de leitura recomendada 

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