quarta-feira, 31 de julho de 2013

Tretas dos cristãos

De um vídeo* que mostra a jornalista brasileira Raquel Sherazade a dizer disparates sobre ateísmo e religião, quero abordar um ponto que me chamou a atenção:
“Cristianismo é uma escolha pessoal e racional (…) onde até o baptismo de crianças católicas precisa de ser confirmado na idade da razão” (A propósito de uma espécie de manifestação organizada por alguns ateus contra a imposição do baptismo).
A última parte está bastante próxima da realidade. Mas normalmente a confirmação católica, também designada por crisma pode ser feita a partir dos 14 anos (deve ser essa a idade da razão a que os católicos e outros cristãos se referem), que é muito cedo para decidir que religião é que se quer seguir para o resto da vida. Sei isto porque tive uma madrinha muito católica, que até convenceu a minha mãe a baptizar-me e a mandar-me à catequese, embora eu não tenha ido longe nisso (na catequese, não fui muito além da primeira comunhão). Além disso na minha turma quase toda a gente fazia a confirmação ou crisma. Em religiões protestantes não tenho a certeza de que idades escolhem para fazer o equivalente ao crisma, mas sei que Dawkins, no seu tempo foi confirmado na Igreja de Inglaterra aos 13 anos (1), o que é ainda pior. Além de tudo isto há ainda uma religião cristã (ortodoxa) que crisma as crianças quando são ainda muito pequenas (2).
Desde quando é que o cristianismo é uma escolha pessoal a esse nível? Não é sequer uma escolha; é imposto ás crianças e adolescentes ficarem a pertencer a esta ou àquela religião porque os levaram a participar em certas cerimónias com certos procedimentos (sem eles terem idade para decidir considerando várias questões com um entendimento razoável das mesmas) dos quais muitas vezes nem percebem nada mesmo que frequentem a catequese (como é o caso do crisma ou confirmação). Muitos destes não são apenas levados a participar nisso são mesmo obrigados pelos pais ou outros familiares. Há ainda casos em que fazem porque a maioria dos amigos faz ou algo do género, o que não sendo uma imposição directa, resulta de um clima propício devido ás próprias regras (em termos de idades) da Igreja Católica, não sendo de modo algum uma escolha racional, nem mesmo relacionada com a religião em questão. Lá se vai a parte da escolha racional. E ainda que o baptismo possa ser ou não confirmado na “idade da razão”, o bebé ou a criança muito pequena não escolhe ser baptizada, não escolhe participar nessa cerimónia religiosa.
Na minha opinião, não devia sequer existir nada disso. Mesmo que só permitissem a confirmação (ou fizessem apenas o baptismo) a partir dos 18 anos (quando se é oficialmente maior de idade), por exemplo, uma pessoa pode mudar de religião aos 30, 40 anos e viver aproximadamente metade (ou mais) da sua vida com outra religião ou sem nenhuma. E não interessa se é crismado ou se só é baptizado ou nenhum dos dois. Deixa de ter qualquer significado.


*Nota: Aqui fica o vídeo:




Refs.:



2.     http://pt.wikipedia.org/wiki/Sacramento_(cristianismo)


P.S.: Se dependesse de mim, a cabra ignorante e burra seria despedida, mas não por ser religiosa, mas porque, além de ser burra e ignorante, é mal educada em directo. 

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