terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Treta do Código Genético e do Criacionismo


 
Os criacionistas continuam a adorar o Código da Vinci, desculpem o Código Genético. Apenas não percebem o que adoram discutir.

O código genético foi inventado pelos cientistas Marshall Warren Nirenberg, Har Gobind Khorana e Robert William Holley (1) para descrever as reacções químicas que ocorrem nas células de modo a se fazerem entender por outros cientistas e facilitarem a compreensão dos futuros.

O que os cientistas querem descobrir não é a origem de nenhum código, mas sim como a ‘cooperação’ entre as moléculas nas células se estabeleceu (ver “A origem do ‘código’ genético” - http://allthatmattersmaddy32.blogspot.com/2012/10/a-origem-do-codigo-genetico.html). São moléculas que reagem com moléculas; não há códigos, não há letrinhas no DNA, o que há são moléculas mais pequenas que se juntam formando macromoléculas. Mas os criacionistas vivem obcecados em encontrar códigos em todo lado para provarem a existência de um deus completamente doido (e imaginário) que cria parasitas, bactérias e vírus para nos matarem. Sorry, mas isso não vai acontecer.

A inspiração para escrever este texto provém dos comentários de certos criacionistas: o do Lucas no texto anteriormente referido e os habituais do professor Jónatas Machado (ou ‘perspectiva’) no “Que Treta”. Este criacionista está (ou pelo menos estava) empenhado em demonstrar que deus existe através da existência de um código genético. Isso é a maior treta que eu já vi! Mas tudo bem… só se os deuses do Jonatas Machado forem os cientistas acima citados.


De qualquer modo, os criacionistas têm que admitir que o dito 'código' teve origem natural.

Um estudo concluiu que os resultados mostram que as propriedades de aminoácidos e do RNA podem, naturalmente, impor uma polimerização parcialmente codificados. Foi também descoberto que o mecanismo de codificação associado é robusto contra inconsistências. Quando fornecido com certas sequências de RNA, a tradução em sistemas primitivos deve ser capaz de gerar conjuntos de proteínas dos quais uma pequena fracção irá ser funcional. Ou seja, o codigo emerge das propriedades das moléculas. (2) E pronto. Calem-se os criacionistas.

Referências:

(1) – “Código Genético - Tripletos e codões”, Wikpédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_gen%C3%A9tico#Tripletos_e_c.C3.B3dons)

(2) - “Emergence of a Code in the Polymerization of Amino Acids along RNA Templates”, Lehmann, Cibils and Libchaber (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Emergence%20of%20a%20Code%20in%20the%20Polymerization%20of%20Amino%20Acids%20along%20RNA%20Templates)

17 comentários:

  1. Então o código genético - a linguagem da vida - não é um código no verdadeiro sentido de termo "código" ?

    O que é que falta ao código genético para ser um verdadeiro código?

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    1. Dou-lhe um exemplo: 'um' corresponde a 1 porque os seres humanos querem que assim seja. No caso do DNA, RNA e proteínas, a sua emergência adveio das propriedades das moléculas. E além disso o DNA é uma molécula, não é um texto escrito (em código). Foram os cientistas que criaram então um código para descrever reacções quimicas na célula.

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  2. Maria, o ADN tem "instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus". Concorda?

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    1. Depende do modo como interpretar: é que instruções genéticas não é o mesmo que instruções escritas em textos do tipo protocolo de laboratório. São moléculas que reagem de determinado modo com outras moléculas, dando um produto final.

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  3. Maria:
    Depende do modo como interpretar: é que instruções genéticas não é o mesmo que instruções escritas em textos do tipo protocolo de laboratório.

    Mas informação pode ser transmitida das mais variadas formas - não é preciso ser escrito em texto.

    Concorda?

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    1. Penso que não entendeu muito bem a analogia: é que as 'instruções' no DNA não são convencionadas como tendo um determinado significado apenas porque alguém achou que sim, mas sim porque uma molécula reage com outra, que reage com outra, etc até dar um certo produto (não fazendo sentido atribuir um significado). Como isso se estabeleceu é que os cientitas estão a investigar (e a conseguir certos resultados)

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  4. é que as 'instruções' no DNA não são convencionadas como tendo um determinado significado apenas porque alguém achou que sim

    Isto é uma posição ideológica e não científica. A Maria não sabe que ninguém atribuiu significado ao ADN (nem há forma de provar isso).

    mas sim porque uma molécula reage com outra, que reage com outra, etc até dar um certo produto (não fazendo sentido atribuir um significado)

    A reacção da moléculas nada nos diz da sua informação, da mesma forma que a composição química dum livro nada nos diz da mensagem lá contida.

    Certo?

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    1. Não está a perceber a ideia: estou a explicar porque é que certo aminoácido corresponde a certo codão e que não é por uma convenção. De qualquer modo só o facto do dito código ser evidenciado como uma ocorrência natural devia chegar para afastar ideias de criação divina (bem como de fadas com varinhas mágicas). E não me venha fazer mais espantalhos a falar de lacunas em teorias.

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  5. estou a explicar porque é que certo aminoácido corresponde a certo codão e que não é por uma convenção.

    Eu entendi que a Maria está a falar da composição química do ADN , mas isso é irrelevante porque nós nunca ficamos a saber a função de estruturas organizadas através da sua composição química. Eu posso saber tudo sobre o papel sem saber a mensagem que está nele.

    Semelhantemente, as instruções que o ADN carrega são independentes da sua composição química.

    De qualquer modo só o facto do dito código ser evidenciado como uma ocorrência natural devia chegar para afastar ideias de criação divina

    Péssima lógica, Maria. Se eu puder explicar o funcionamento mecânico dum carro, isso invalida que esse carro tenha sido criado por alguém? Isso é um óbvio caso de non sequitur, Maria.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Que confusão!

      "Eu entendi que a Maria está a falar da composição química do ADN , mas isso é irrelevante porque nós nunca ficamos a saber a função de estruturas organizadas através da sua composição química." - O que é para si ter função? é que o sentido de função somos nós que atribuimos. É apenas um truque para percebermos as coisas (ex.: dizer que uma palmeira tem a função de proteger da chuva é como dizer que um intrão tem a função de permitir o splicing alternativo).

      "Eu posso saber tudo sobre o papel sem saber a mensagem que está nele." O que eu estava a explicar era exactamente que este tipo de analogias são falsas e não devem ser utilizadas.

      "Péssima lógica, Maria. Se eu puder explicar o funcionamento mecânico dum carro, isso invalida que esse carro tenha sido criado por alguém?" Não me estava a referir ao funcionamento, mas sim aos estudos sobre a origem.

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  6. O que é para si ter função? é que o sentido de função somos nós que atribuimos.

    No caso do ADN, não é uma vez que ele já operava da forma que opera muito antes de nós sabermos como ele opera. O que se passa é que nós "traduzimos" a sua linguagem genética para termos que eu a Maria podemos entender.

    O processo que envolve a leitura da informação genética presente na sequência de bases da molécula de ADN por parte do código genético, especificando a sequência linear dos aminoácidos das proteínas, e a sua consequente tradução por parte do mRNA (que efectua a cópia duma parte da cadeia do ADN - transcrição), é um que já operava deste modo mesmo antes de nós o dominarmos. Nós não o inventamos quando o entendemos.

    Portanto, quando a Maria diz que a nossa discrição desse processo anula uma Causa Inteligente por trás dela, a Maria é culpa de um non sequitur gritante e ilógico.


    "Eu posso saber tudo sobre o papel sem saber a mensagem que está nele." O que eu estava a explicar era exactamente que este tipo de analogias são falsas e não devem ser utilizadas.

    Claro que podem. Eu entendo que vocês evolucionistas provavelmente não gostem dessa forma de análise, mas na ciência há muito que se sabe que a informação é um mundo independente do mundo material.

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  7. "No caso do ADN, não é uma vez que ele já operava da forma que opera muito antes de nós sabermos como ele opera. O que se passa é que nós "traduzimos" a sua linguagem genética para termos que eu a Maria podemos entender." Linguagem? de qualquer modo não se trata disso. A palmeira também já lá estava há muito tempo e várias pessoas se tinham lá abrigado, até que alguém decidiu que esta servia para proteger da chuva.

    "O processo que envolve a leitura da informação genética..." Os criacionistas falam do DNA como se fosse a única coisa na natureza que tivesse informação e por isso fosse especial. Isso é mentira. Um floco de neve por exemplo tem informação e não é pouca. E se pensa em falar-me de CSI, isso não muda nada, porque básicamente isso só interessa num contexto probabilistico - e a condição probabilística a que os criacionistas se referm relativamente a este assunto aplica-se a um floco de triangular, o que ilustra que essa condição não é relevante para o seu argumento.
    "Claro que podem." Quem invoca deus para tudo e mais alguma coisa pode fazer práticamente tudo e usar qualquer analogia descabida.

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  8. O que é para si um evolucionista? Já me dei conta que é com sentido depreciativo que usa o termo, mas de qualquer modo o que quer dizer com isso?

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  9. "No caso do ADN, não é uma vez que ele já operava da forma que opera muito antes de nós sabermos como ele opera. O que se passa é que nós "traduzimos" a sua linguagem genética para termos que eu a Maria podemos entender." Linguagem?

    Sim, linguagem. É esse o termo que os cientistas usam para descrever o ADN. Afinal, se ele tem instruções,então tem um código e desde logo, é linguagem.

    A palmeira também já lá estava há muito tempo e várias pessoas se tinham lá abrigado, até que alguém decidiu que esta servia para proteger da chuva.

    Provavelmente. No entanto, isso não anula o que eu disse. O facto das pessoas atribuírem um propósito para as palmeiras não anula que o ADN já levasse a cabo processos informacionais antes de nós os entendermos.

    "O processo que envolve a leitura da informação genética..." Os criacionistas falam do DNA como se fosse a única coisa na natureza que tivesse informação e por isso fosse especial.

    Este post centra-se no código genético, e portanto, fala-se do código genético.

    Isso é mentira. Um floco de neve por exemplo tem informação e não é pouca.

    A estrutura do floco de neve é resultante de equilíbrio termo-dinâmico dos seus átomos, e não o resultado de informação (instruções, tradução, linguagem, etc). Os flocos de neve, sim, é que podem ser exclusivamente estudados segundo a sua composição química porque isso é que gera a sua estrutura.

    Por outro lado, os livros ou o ADN podem ser estudados em relação à sua química, para para nós sabermos a mensagem que eles possuem dentro de si, o nosso conhecimento da sua química é irrelevante.

    "Claro que podem." Quem invoca deus para tudo e mais alguma coisa pode fazer práticamente tudo e usar qualquer analogia descabida.

    Desde que esteja de acordo com a realidade, não há problema nenhum.

    O que é para si um evolucionista?

    Pessoa que tem fé na teoria da evolução (qualquer que seja a sua variação actual).

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  10. * Por outro lado, os livros ou o ADN podem ser estudados em relação à sua química. Para para nós sabermos a mensagem que eles possuem dentro de si, o nosso conhecimento da sua química é irrelevante.

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    1. o que lhe disse nos comentários ao outro post serve também para responder a este seu comentário

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