sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Evolução: A Origem do ´Código’ Genético


Se determinadas sequências de bases conferem determinadas propriedades químicas á molécula de DNA, que vão determinar o seu comportamento, logo o ‘significado’ no caso do DNA não é independente das propriedades químicas, como eu já referi, ao contrário do que ocorre com as palavras escritas e números, por exemplo (1 corresponde a um, mas isso é independente das propriedades químicas do papel) – não faz sentido atribuir significado a estas moléculas do modo que se atribui a palavras.

As células funcionam como funcionam, são como são, devido ás interacções químicas entre as moléculas - e como a sequência é uma característica da molécula, ela vai influenciar as suas propriedades.

Como é que a 'cooperação' entre moléculas se originou, como é que o ‘código’ genético atingiu o estado actual, é o que os cientistas tentam entender. E já entenderam uma parte. Já conseguiram simular computacionalmente a emergência de um código genético primitivo.

Sobre a origem do código genético, sequências aleatórias estariam na sua origem e teriam sido 'recrutadas' para desempenharem determinadas 'funções', pelas suas propriedades (tendo tido afinidade directa com aminoácidos). O código genético já evoluiu desde os primórdios.

 

De acordo com um estudo que pode se encontrado aqui (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3376031/ ), o que pode ter acontecido é o seguinte:

 

"Random assignments can lead to a
substantial yield of ATP and maintain enough variability, thus selection can act and refine the assignments into a proto-code that optimises the energetic yield. Monte Carlo simulations are performed to evaluate the establishment of these simple proto-codes, based on amino acid substitutions and codon swapping."

 

De qualquer modo, se o processo ainda não está totalmente compreendido, isso não significa que não possa existir uma explicação com base em processos naturais. Afirmar o contrário é recorrer ao deus das lacunas.

 

Escrevo este texto, porque no blog ‘Que treta’, um criacionista desafiou-me a fornecer dados sobre a origem do código genético. É claro que o referido criacionista não tem talvez noção da complexidade do assunto a que se refere. Mas de qualquer modo acedi a responder.

 

4 comentários:

  1. Mas o recurso a causas inteligentes não é "Deus das lacunas" mas sim "Deus do conhecimento", uma vez que não há força natural capaz de produzir informação em código - que é o que o código (sem aspas) genético é.

    Além disso, a noção de que se devem procurar SÓ "causas naturais" (seja lá o que "natural" for) é uma posição filosófica.

    Por outro lado, a ciência procura causas adequadas - quer sejam "naturais" ou "sobrenaturais".

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    1. "uma vez que não há força natural capaz de produzir informação em código - que é o que o código (sem aspas) genético é." - como eu disse, apenas uma parte do processo é conhecida, mas o que se conhece aponta para causas naturais.
      Nem tinha respondido se tivesse escrito 'não há força natural conhecida'. Continua a ser o deus das lacunas e o criacionismo também não aponta ocorrencias que possam estar na origem do código genético, limita-se a afirmar 'deus fez'.

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    2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. As forças naturais são a única coisa que já foi provada existir e que realmente age sobre os organismos e ambientes. Por isso, e não por ideologia, é que elas se encontram presentes nas equações, digamos assim. Elas são as constantes verificadas e verificáveis. Deuses jamais puderam ser evidenciados, constatados, mensurados ou mesmo provados existirem. Mitos não podem ser usados quando o assunto é científico. Trata-se de uma impossibilidade lógica. Apenas por isso. Parabéns por este excelente blog.

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