Se determinadas sequências
de bases conferem determinadas propriedades químicas á molécula de DNA, que vão
determinar o seu comportamento, logo o ‘significado’ no caso do DNA não é
independente das propriedades químicas, como eu já referi, ao contrário do que
ocorre com as palavras escritas e números, por exemplo (1 corresponde a um, mas
isso é independente das propriedades químicas do papel) – não faz sentido
atribuir significado a estas moléculas do modo que se atribui a palavras.
As células
funcionam como funcionam, são como são, devido ás interacções químicas entre as
moléculas - e como a sequência é uma característica da molécula, ela vai
influenciar as suas propriedades.
Como é que a 'cooperação'
entre moléculas se originou, como é que o ‘código’ genético atingiu o estado
actual, é o que os cientistas tentam entender. E já entenderam uma parte. Já
conseguiram simular computacionalmente a emergência de um código genético
primitivo.
Sobre a origem
do código genético, sequências aleatórias estariam na sua origem e teriam sido
'recrutadas' para desempenharem determinadas 'funções', pelas suas propriedades
(tendo tido afinidade directa com aminoácidos). O
código genético já evoluiu desde os primórdios.
De acordo com um estudo que
pode se encontrado aqui (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3376031/
), o que pode ter acontecido é o
seguinte:
"Random assignments can lead to a
substantial yield of ATP and maintain enough variability, thus selection can act and refine the assignments into a proto-code that optimises the energetic yield.Monte Carlo simulations are performed
to evaluate the establishment of these simple proto-codes, based on amino acid
substitutions and codon swapping."
substantial yield of ATP and maintain enough variability, thus selection can act and refine the assignments into a proto-code that optimises the energetic yield.
De qualquer
modo, se o processo ainda não está totalmente compreendido, isso não significa
que não possa existir uma explicação com base em processos naturais. Afirmar o
contrário é recorrer ao deus das lacunas.
Escrevo este
texto, porque no blog ‘Que treta’, um criacionista desafiou-me a fornecer dados
sobre a origem do código genético. É claro que o referido criacionista não tem talvez
noção da complexidade do assunto a que se refere. Mas de qualquer modo acedi a
responder.
Mas o recurso a causas inteligentes não é "Deus das lacunas" mas sim "Deus do conhecimento", uma vez que não há força natural capaz de produzir informação em código - que é o que o código (sem aspas) genético é.
ResponderEliminarAlém disso, a noção de que se devem procurar SÓ "causas naturais" (seja lá o que "natural" for) é uma posição filosófica.
Por outro lado, a ciência procura causas adequadas - quer sejam "naturais" ou "sobrenaturais".
"uma vez que não há força natural capaz de produzir informação em código - que é o que o código (sem aspas) genético é." - como eu disse, apenas uma parte do processo é conhecida, mas o que se conhece aponta para causas naturais.
EliminarNem tinha respondido se tivesse escrito 'não há força natural conhecida'. Continua a ser o deus das lacunas e o criacionismo também não aponta ocorrencias que possam estar na origem do código genético, limita-se a afirmar 'deus fez'.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
EliminarAs forças naturais são a única coisa que já foi provada existir e que realmente age sobre os organismos e ambientes. Por isso, e não por ideologia, é que elas se encontram presentes nas equações, digamos assim. Elas são as constantes verificadas e verificáveis. Deuses jamais puderam ser evidenciados, constatados, mensurados ou mesmo provados existirem. Mitos não podem ser usados quando o assunto é científico. Trata-se de uma impossibilidade lógica. Apenas por isso. Parabéns por este excelente blog.
ResponderEliminar