Anteriormente foi abordado o tema evolução.
Quanto á selecção natural: Se as espécies diferem
geneticamente umas das outras e algumas dessas diferenças podem afectar a
capacidade individual de sobrevivência e reprodução no seu ambiente, então na
próxima geração os genes que geram maior capacidade de sobrevivência e
reprodução terão mais cópias no fundo genético de uma população. Ao longo do
tempo, esta vai-se tornando cada vez mais adaptada, pois é um fenómeno
cumulativo.
Para evidenciar este processo temos o caso do mamute peludo
que habitou o norte da Eurásia e da América e se adaptou ás baixas temperaturas
– espécies mumificadas em gelo foram encontradas enterradas na tundra.
Sabendo-se que estes estão filogeneticamente relacionados com os elefantes
(através de um ancestral comum), com base na análise de sequencias de DNA
pode-se mesmo afirmar que este teria derivado de uma espécie com pouco pêlo e que
mutações nestas teriam levado a que alguns indivíduos (tal como acontece no homem
actual) fossem mais peludos do que outros.
A comparação com o exemplo oposto também aponta para que a
selecção natural tenha de facto ocorrido – em climas frios, muito pêlo e em
climas quentes pouco pêlo, o que nos remete para o conceito de deriva continental.
Este processo – selecção natural, não produz a perfeição que se esperaria de um
designer. Comparando o rinoceronte africano com o indiano, que está mais bem
adaptado do que o seu ancestral sem cornos, mas menos bem adaptado do que o
africano para se defender de predadores. Semelhante a este caso, temos os casos
de extinção (mais de 99% das espécies conhecidas).
Na América, as plantas suculentas são membros da família
cactus, mas na Ásia, Austrália e África, são da família dos euphorbs. Estamos
perante uma evolução convergente, devido a pressões selectivas iguais em
espécies diferentes.
Pode também ser verificado o contrário – radiação adaptativa. Os exemplos mais conhecidos podem ser retirados desta citação: “Durante a história da vida, ocorreu frequentemente que os descendentes de pequenos grupos de organismos se diversificaram rapidamente, colonizando um grande número de ambientes e criando numerosas novas espécies. Isto ocorre quando alguns indivíduos se encontram de repente num ambiente com poucas espécies, ou poucos concorrentes. A selecção natural faz com que esses organismos ocupem todos os nichos ecológicos disponíveis, e a população originária divide-se em grupos com especializações diferentes. Com o tempo, cada um destes grupos pode tornar-se tão diferente da população originária que acaba por constituir uma nova espécie.
O exemplo mais famoso é dado pelas 14 espécies de tentilhão das ilhas Galápagos, descendentes de um antepassado comum que colonizou as ilhas quando estas emergiram do mar há cerca de 4 milhões de anos. Desde então, alguns tentilhões especializaram-se na captura de insectos e outros na recolha de sementes. Entre os primeiros, alguns estabeleceram-se à beira-mar e outros nas árvores. Entre os segundos, alguns desenvolveram bicos aptos para abrir as sementes maiores, enquanto outros preferiram as sementes mais pequenas. E assim por diante. Entre os fósseis, encontram-se numerosos testemunhos de radiações adaptativas. Há 300 milhões de anos, os primeiros répteis invadiram rapidamente todas as terras emersas. Mais tarde, com a extinção dos dinossauros, foram deixados livres muitos habitais, que foram rapidamente ocupados graças à evolução de novas espécies de mamíferos. Entre estes, contam-se os antepassados dos actuais primatas, animais que viviam nas árvores e que, há 30 milhões de anos, começaram a diversificar-se rapidamente dando origem a numerosas espécies de hominídeos. Entre estas, só uma, o Homo sapiens, conseguiu sobreviver até hoje.”
in Gallavotti, B. 1997. Segredos da Vida
Uma questão que pode ser levantada a respeito deste assunto é: Porque é que um criador deixou anfíbios, mamíferos, peixes e répteis apenas nos continentes e não nas ilhas oceânicas? Para dar a aparência de evolução?
No que toca à selecção natural, foram realizados vários estudos em bactérias, pois estas têm uma vida curta para cada geração, possibilitando a sua observação á escala da vida humana e adaptam-se com facilidade (como exemplo, a crise da resistência aos antibióticos). Richard lenski na Universidade do Michigan State, este colocou estirpes geneticamente idênticas de E. Coli num meio de cultura com condições de nutrição instáveis. Este estudo durou 18 anos (10.000 gerações de bactérias), estas continuaram a acumular novas mutações, de modo a aumentarem a sua taxa de crescimento, mesmo em condições adversas, relativamente ás primeiras.
Processos aleatórios, como aquele que permitiu a sobrevivência de abelhas europeias no Japão, face aos ataques das vespas nativas – resistência destas a altas temperaturas contrariamente ás nativas. Também a deriva genética, que sendo aceite como baseada em processos de segregação aleatória não é causada pela selecção natural, mas sim pelo facto de um individuo que tenha um genótipo Aa, tem apenas 50 % de hipótese de que a descendência herde o alelo A e outros 50% para o a. Esta deriva ocorre porque há sempre segregação numa população de tamanho limitado.
Há que considerar ainda que é necessário definir espécie e apresentar algumas evidências da especiação.
O termo espécie foi definido por Lineu como um conjunto de indivíduos que se assemelham entre si mais do que com membros de outros conjuntos. No entanto, Mayr propôs outra definição (mais exacta) de espécie em 1942: uma espécie é uma comunidade reprodutiva – um fundo genético. Ainda segundo este, as barreiras reprodutivas são produto da selecção natural (ou sexual) que fez com que populações geograficamente separadas evoluíssem divergentemente. Espécies com relação próxima mantém-se distintas no mesmo espaço porque o pico do seu período de desova estão separados por horas, de modo que só os ovos da espécie correspondente encontram o esperma. Há também alterações genéticas que modificam a expressão de feromonas, limitando a atracção e, no caso das plantas, podem usar diferentes polinizadores - caso das Mimulus ou "monkeyflowers".
Pode então levantar-se o problema da frequência das barreiras geológicas face aos milhões de espécies que existem no planeta. No entanto, a as barreiras geográficas são muito mais comuns do que se supõe. – formação de montanhas e rios, deriva continental e até mesmo vegetação.
Quanto á hipótese de Mayr, foi testada em laboratório quando Paul Rayney da Universidade de Oxford, colocou uma estirpe bacteriana (Pseudomonas fluorescens) em cultura; após 10 dias, estas dividiram-se passando a ocupar locais diferentes na mesma cultura e a forma ancestral continuou a existir num local intermédio.
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