domingo, 22 de julho de 2012

Evolução vs Design Inteligente

A hipótese do Design Inteligente opõe-se á macroevolução por selecção natural, não aceitando que esta possa ter originado a complexidade irredutivel. Mas será que o pressuposto de complexidade irredutivel está totalmente correcto? Será que retirando uma "peça" o mecanismo perde a função? Ou apenas passa a desempenhar funções diferentes... É certo que os modelos evolucionistas têm sido insuficientes no ao tentar explicar os mecanismos naturais de formação dos flagelos. No entanto são o mais próximo que existe de uma explicação viável. Há um princípio lógico (para quem costuma afirmar que a Teoria Sintética da evolução tem erros de lógica) denominado regra de Ockham (do lógico inglês William de Ockham): "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a mais provavel", a explicação mais simples é a que não inclui a existencia de um criador supercomplexo, pois os processos de génese da vida como a conhecemos não variam muito nas várias explicações, atendendo a que o argumento da complexidade irredutivel é pelo menos em parte refutado até pelo simples senso comum, pois um ser vivo não se "constrói" todo de uma só vez, sendo que os seres vivos que conhecemos tiveram que ser concebido ou evoluir passo a passo, molécula a molécula, célula a célula... A grande diferença é: Selecção natural ou criador supercomplexo? Relativamente á ultima hipótese,  não é necessário que se prove que o criador não existe, mas sim que as pessoas se apercebam de que não há provas da sua existencia e que o criador teria que ser mais complexo do que a criação e do que os processos que desencadeou ou controlou, bem como a sua origem. Para explicarem as modificações e caracteristicas da vida com base na intervenção de um designer inteligente, teriam também que explicar a origem supercomplexa do designer.
Voltando á complexidade irredutivel: será que os flagelos são irredutivelmente complexos no sentido que os proponentes do D.I. afirmam que são?

O flagelo mais bem estudado (bactéria E. coli) contém cerca de 40 tipos de proteínas diferentes, mas só 23 destas proteínas são comuns a todos os flagelos de bacterias estudadas. Das 2 uma: ou um designer supercomplexo, de origem supercomplexa criou milhares de variantes do flagelo ou, é possível fazer alterações consideráveis ​​que apenas modifiquem (e até façam evoluir) o mecanismo.
Destas 23 proteínas, verifica-se que apenas duas são exclusivas para os flagelos. As outras, todas se assemelham a proteínas que realizam outras funções na célula, ou seja a grande maioria dos componentes necessários para fazer um flagelo pode já ter estado presente nas bactérias antes do aparecimento desta estrutura.
Também tem sido demonstrado que alguns dos componentes que formam um flagelo, de um modo geral - o motor, a máquina de extrusão para a "hélice" e um sistema de controle direcional primitivo - podem desempenhar outras funções na célula, tais como a exportação de proteínas.
  
Agora, uma explicação de acordo com a evolução por selecção natural:
Tem sido proposto que o flagelo tenha se originado a partir de um sistema de exportação de proteínas. Ao longo do tempo, este sistema pode ter sido adaptado para possibilitar a adesão da bactéria a uma superfície por extrusão de um filamento de adesivo. Uma bomba de iões para expelir as substâncias a partir da célula pode então ter mutado para formar a base de um motor rotativo. Rodar qualquer filamento assimétrico iria impulsionar uma célula e dar-lhe uma enorme vantagem sobre as bactérias não-móveis.
Finalmente, em algumas bactérias os flagelos tornaram-se ligados a um sistema desenvolvido para dirigir o movimento em resposta ao meio ambiente. Em E. coli, funciona mudando a rotação de flagelos do sentido anti-horário para o horário e vice-versa, possibilitando mudanças de direcção.
É certo que os mecanismos genéticos para a formação das estruturas do flagelo é bastante complexo e pode mesmo afirmar-se organizado.
Relativamente ao flagelo da Salmonela, existem 3 classes de promotores (iniciam a expressão do gene quando reconhecidos pelo RNA polimerase e uma proteína associada - factor sigma). Essas três classes de promotores são designadas “Classe I”, “Classe II” e “Classe III”. Quando a construção do corpo basal enganchado é completada, o fator antissigma FlgM é secretado através das estruturas flagelares que são produzidas pela expressão de genes de corpo basal Classe II. Os promotores da Classe III (que são responsáveis pela expressão dos monômeros flagelinos, do sistema de quimiotaxia e dos geradores de força motor) são finalmente activados pelo σ28, e o flagelo pode ser completado. É um mecanismo deveras complexo, no entanto ainda mais complexo seria se de facto um designer (superinteligente e complexo) tivesse "programado", projectado algo assim.
A Teoria sintética da evolução, no que diz respeito á selecção natural ainda não explica tudo, mas a hipótese do Design Inteligente está ainda mais longe de explicar mínimamente a complexidade dos mecanismos das estruturas vivas.
Relativamente á dita evolução química, se se atentar em posts anteriores, estão sucintamente descritos os resultados da experiencia de urey-miller e de experiencias mais recentes (2008) que completaram esta ultima ("Evolução um facto cientifico? sim" - ultima parte. link: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2011/06/evolucao-um-facto-cientifico-sim.html)

"The bacterial flagellum: truly an engeneering marvel" - Jonathan M under, Uncommon Descent (24 de Dezembro de 2010), disponível em: http://www.uncommondescent.com/intelligent-design/the-bacterial-flagellum-truly-an-engineering-marvel/

"Evolution Miths: The bacterial Flagellum is Irreducibly Complex" - Michael Le Page, New Scientist (16 de Abril de 2008), disponível em:  http://www.newscientist.com/article/dn13663-evolution-myths-the-bacterial-flagellum-is-irreducibly-complex.html

2 comentários:

  1. Criador supercomplexo? Was ist das?!
    E por que não aplicar a esse Criador o mesmo princípio de Ockham, concebendo-o assim como infinitamente simples?
    Aliás, essa simplicidade é auto-evidente se o considerarmos como um Ser imaterial, o que significa que não tem partes nem estruturas componentes, sendo um continuum único e indivisível.
    Abordar esta questão puramente metafísica pelo ângulo limitado da religião é um total contrasenso, pois o primevo conceito de "Deus" NÃO é religioso! Deveras, esse "Vazio primordial" constitui praticamente todo o Universo, o qual não está pois separado do princípio Criador.

    Look, and it can't be seen.
    Listen, and it can't be heard.
    Reach, and it can't be grasped.

    Above, it isn't bright.
    Below, it isn't dark.
    Seamless, unnamable,
    it returns to the realm of nothing.
    Form that includes all forms,
    image without an image,
    subtle, beyond all conception.

    Approach it and there is no beginning;
    follow it and there is no end.
    You can't know it, but you can be it,
    at ease in your own life.
    Just realize where you come from:
    this is the essence of wisdom.

    (Tao Te Ching, 14)

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    1. Porque não? um dos argumentos que tenho observado mais comuns dos criacionistas é que a causa tem que ser mais complexa que o efeito, logo tem que ter sido deus. Pelo que vejo aqui, os criacionistas nem conseguem chegar a um consenso sobre o deus que dizem ser a causa da existencia. Que imaginação!

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