sexta-feira, 20 de julho de 2012

Evolução vs Criação III


Y. Pestis
Em ciência trabalhamos com hipóteses, que quando testadas se transformam em teorias, apoiadas por factos observáveis ou testados experimentalmente. As teorias, quando sobrevivem a exaustivos testes e ás novas descobertas ao longo do tempo podem passar a ser designadas por lei. A Teoria Sintética da Evolução permanece uma Teoria – a mais aceite entre a comunidade científica, mas a ocorrência de evolução é um facto verificado através da observação e de testes experimentais. 


A lei da Biogénese afirma que seres vivos só provêm de outros seres vivos.


A 1° lei da termodinâmica, ou a lei da conservação da energia constata que a energia não pode ser criada ou destruída, sendo a quantidade total de energia no universo constante.


A 2ª Lei da Termodinâmica determina que a entropia (desordem) total de um sistema termodinâmico isolado tende a aumentar com o tempo.


A ocorrência de evolução e a abiogénese não vão contra estas leis, pelo que ainda se mantém aceites pela maioria da comunidade científica.


No entanto muitos continuam iludidos ao tentarem submeter a Teoria Sintética da Evolução á lei da biogénese, á 1ª lei da termodinâmica e á 2ª lei da termodinâmica.


Os proponentes do criacionismo, ao tentarem provar que a Evolução não ocorre, pois iria contra estas leis, afirmam que  as primeiras formas de vida não poderiam ter sido geradas a partir de matéria não viva segundo a lei da biogénese, que a Teoria Sintética da Evolução não pode ser verdadeira por afirmar que o universo está em constante expansão e evolução, o que vai contra a primeira lei da termodinâmica e , ainda, que a tendência para a organização (dos seres vivos) proposta pela Teoria Sintética da Evolução é contra a 2ª lei da termodinâmica (lei da entropia).


Seria uma óptima defesa para o criacionismo, se não fosse o facto dos seus proponentes continuarem a ignorar alguns pressupostos presentes nos próprios enunciados das leis, ou intrínsecos a estas, tais como:



1. A Lei da Biogénese aplica-se ás condições dos estudos de Pasteur e walter reed e ás formas de vida actualmente existentes, não certamente ás do pre-cambrico; a geração espontânea que Pasteur e outros refutaram era a idéia de que formas de vida tais como ratos, vermes e bactérias podem aparecer completamente formados. Não há nenhuma lei da biogênese a afirmar que a vida muito primitiva não pode se formar a partir de moléculas cada vez mais complexas.

2. a) De acordo com a 1ª Lei da Termodinâmica nada de "cria" – deus não poderia ter "criado" nada

   b) Não é a Teoria Sintética da Evolução que afirma que o Universo está em expansão – este pressuposto é de uma das facções dos teóricos do Big Bang.

3. A 2ª Lei da Termodinâmica aplica-se a sistemas isolados, não se aplicando por isso aos seres vivos que são sistemas abertos.




Quando se trata desta questão surge ainda a Lei da causa-efeito que afirma que a causa nunca pode ser menor que o efeito. No entanto, o que muitos não sabem é que não se trata de uma lei científica, mas sim de um pressuposto filosófico que é actualmente aplicado ás cultura budista e espírita, pelo que não pode ser utilizada para discutir sobre uma teoria cientifica como a Teoria Sintética da Evolução.

Relativamente ao Design inteligente, penso que já ficou minimamente claro o mecanismo evolutivo do olho. Mas, relembrando o caso Dover, há que ter em conta a evolução do flagelo das bactérias. Durante o julgamento do D.I., foram apresentados estudos que mostravam que há muito tempo já se conheciam diversos flagelos para variados fins noutras bactérias.
 Relativamente à bactéria Yersinia pestis, responsável pela transmissão da peste bubónica, o flagelo não roda, portanto não é usado como motor. Porém é usado como agulha para infectar o hospedeiro. Neste estrutura, apesar de muito semelhante, faltam muitas proteínas que estão presentes no flagelo de E. coli, mas mesmo assim é totalmente funcional. Se o pressuposto da complexidade irredutível estivesse totalmente correcto isto não poderia ser verificado – no entanto é. A função não é a mesma se “retirarmos uma das peças”, mas podem ser desempenhadas outras funções valiosas pela estrutura. Assim, o flagelo que permite a locomoção de bactérias é apenas uma evolução destas estruturas.

Esquema do flagelo de Y. Pestis





Referências Bibliográficas:



“Lei de cause e efeito (Budismo)”, Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_causa_e_efeito_(Budismo)



“Judgement Day: Inteligent Design on Trial” – Nova Beta, Disponível em: http://www.pbs.org/wgbh/nova/evolution/intelligent-design-trial.html




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7 comentários:

  1. Bem, é evidente que a autora do blog possui um exemplar conhecimento sobre o tema a que dispõe tratar. No entanto, para mim ainda restam muitas dúvidas para dar ao evolucionismo o prestígio de ciência. Por exemplo, não sei onde colocaram a consciência na evolução. A partir do que ela foi possível? Não consigo conceber a partir da concepção em que momento um feto, um embrião passa de fato a ter consciência. Não consigo pensar isso sem um toque divino.
    Ainda, para mim, a ciência é uma abstração hipostasiada. Ela só é possível por mera convenção. Entre o 0 e o 1 existe um espaço infinito. Jamair poderíamos chegar ao 1 a partir do 0 se não trabalhassemos com a hipótese de que a partir do 0 vem o 1, e não 0.1, 0.11, 0.111, tornando impossível qualquer tentativa de alcançar de fato o 1. Assim, é tudo demasiado humano.
    Um fisósofo brasileiro, Olavo de Carvalho, pode elucidar a questão
    http://www.olavodecarvalho.org/semana/071224dc.html
    http://www.olavodecarvalho.org/semana/040506jt.htm
    Não entrarei em méritos técnicos do debate, porque trato o assunto de forma filosófica, mas estou aberto ao aprendizado, "mente aberta" como você mesmo comentou no meu blog http.//mundointerrogado.blogspot.com
    Sugiro até mesmo que mantenhamos um certo contato, para distrincharmos pouco a pouco o que pode ser mito, verdade, ciência, charlatanismo, e até mesmo o do assunto para a evolução humana.
    Abraços...

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    1. Bom dia. Envio esta mensagem em resposta ao ultimo comentário enviado por e-mail ("Boa Noite! Acabo de receber seu e-mail com o comentário que postou no blog. Insisto na noção de que a ciência equipara-se à fé, pois também parte da subjetividade e, ainda acrescento, ela é também uma convenção. Quando me remeti à consciência eu estava querendo falar da consciência que é consciência de algo, como Husserl à definiu, e não me limitando a consciência moral e/ou ética.
      Concordo com o seu argumento de que "Quanto ao toque divino da consciencia humana, na minha opinião a natureza não necessita de um deus externo para ter um toque divino, pois por si só, pela sua capacidade de gerar e suportar vida ela já é divina". Nesse caso, acredito que só mesmo através de um Deus a natureza receberia o dom de preencher nossas mentes com a consciência. Se, nesse caso, não negamos a existência de um Deus em algum momento da formação do Universo, porque não acreditar que esse mesmo Deus é o responsável pela criação humana e animal, ao invés de nos apegarmos a teorias humanas demais.") Pelo que sei da consciencia segundo Husserl, é necessária a distinção entre o acto de consciencia (que integra o ponto de vista natural) e o fenómeno a que é dirigido, pelo que é certo que a ciência tem um certo grau de subjectividade, pois trata-se de uma concepção humana que passa pela consciencia, no entanto, o cientista procura sempre aproximá-la do conceito de objectividade através da imparcialidade (ou de algo próximo do fenómeno da imparcialidade), o que não acontece quando se fala de fé, caso em que o Homem - cientista ou não, não se preocupa com em tentar destrinçar a realidade dos factos através deste processo de aproximação. Se estes conceitos relativos á consciencia são válidos para a teoria sintética da evolução, são válidos também para a hipótese do design inteligente e para a ideia da criação divina.

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    2. (Continuação da anterior) Relativamente á expressão "Quanto ao toque divino da consciencia humana, na minha opinião a natureza não necessita de um deus externo para ter um toque divino, pois por si só, pela sua capacidade de gerar e suportar vida ela já é divina", penso que talvez não tenha compreendido que utilizei o termo "divina" em sentido figurado: o que a fé (em deus) comtemporânea caracteriza como divino é algo que cria (neste caso, que gera) vida, consciencia, ética e moral e que a sustenta de alguma forma, por tanto, pode-se afirmar análogamente que a natureza por si só é divina, sem necessitar da intervenção de um deus externo. Mantenho um ponto de vista relativo a deus e á religião de agnosticismo, pelo que não posso acreditar em deus por falta de evidencias ou do limite de conhecimento imposto pelo nível de desenvolvimento cientifico da humanidade, mas também não posso afirmar com um valor de certeza próximo de 100% que este não existe, devido a esse limite de gnose - daí a aplicação do termo agnóstica. Penso que é também necessário realçar um problema lógico da intervenção de deus na natureza, neste caso na origem da vida e das espécies: segundo o principio de ockham, "se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a mais provavel", a explicação mais simples é a que não inclui a existencia de um criador supercomplexo, pois os processos de génese da vida como a conhecemos não variam muito nas várias explicações, atendendo a que o argumento da complexidade irredutivel é, pelo menos em parte refutado até pelo simples senso comum, pois um ser vivo não se "constrói" todo de uma só vez, sendo que os seres vivos que conhecemos tiveram que ser concebidos ou evoluir passo a passo, molécula a molécula, célula a célula... A grande diferença é: Selecção natural ou criador supercomplexo? Relativamente á ultima hipótese, não é necessário que se prove que o criador não existe, mas sim que as pessoas se apercebam de que não há provas da sua existencia e que o criador teria que ser mais complexo do que a criação e do que os processos que desencadeou ou controlou, bem como a sua origem. Esta temática é abordada nos meus posts: "Evolução vs Design Inteligente" e "Evolução vs design inteligente II - Quem desenhou o designer?" (links: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/evolucao-vs-design-inteligente.html e http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/evolucao-vs-design-inteligente-ii-quem.html), que comtemplam críticas e argumentos lógicos, ao abordar ockham e filosóficos, ao abordar as críticas do filósofo Dr. William Lane Craig. Espero que esteja a ir de encontro ao que pretende deste diálogo. Cumprimentos

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  2. Boa tarde...Tal como afirmei no post, em ciência trabalha-se com hipóteses, que quando testadas se transformam em teorias, apoiadas por factos observáveis ou testados experimentalmente e é esse o caso da Teoria Sintética da Evolução, o que faz dela parte integrante da Biologia pós-moderna. Quanto á consciencia na evolução, a Teoria Sintética da Evolução não pressupõe uma consciencia nem moral nem ética, tal como todas as outras teorias científicas. Estas noções de consciencia têm que existir na mente do cientista que trabalha com estas teorias, de modo a poder descernir no que estas podem enriquecer a consciencia humana ou prejudicá-la (bioética). No entanto, por vezes a ciencia pode ajudar a compreender (embora não totalmente) as origens de certos modelos de consciencia ética e moral e de certos comportamentos humanos e animais. Como exemplo, temos a teoria de Richard Dawkins (perito em Biologia evolutiva e ciencia comportamental)de que, tal como os genes, todos os conceitos anteriormente referidos são transmitidos de geração em geração, através dos ensinamentos dos progenitores e ancestrais e são seleccionados naturalmente, de acordo com a vantagem que trazem ao indidviduo. Um bom exemplo disso é a religião: uma das grandes vantagens de ser religioso é não ter que enfrentar a morte como algo definitivo. Esta teoria é exposta na obra "O Gene Egoísta", no qual o autor faz notar que não devemos decurar também o conceito de livre arbítrio.
    Quanto á questão: partir do que é que a evolução foi possível, isso são é definido pela própria teoria: selecção natural (dos genes a partir do fundo genético) que é um mecanismo gradual que pode sofrer intervenções de agentes mutagénicos, tais como vírus.
    Relativamente á génese da consciencia humana ainda no embrião ou no feto, esta não é mais do que a reacção a estímulos e os instintos básicos, embora o cérebro humano tenha muito potencial á nascença (proveniente da sua herança genética) que será desenvolvido pelo meio social e cultural no qual este ficará inserido. Teoricamente, o embrião passa a feto a partir do 3º mês de gestação, pois é quando o sistema nervoso começa a funcionar correctamente e a responder a estímulos. Quanto ao toque divino da consciencia humana, na minha opinião a natureza não necessita de um deus externo para ter um toque divino, pois por si só, pela sua capacidade de gerar e suportar vida ela já é divina, tal como nós por fazermos parte do todo que é a "árvore" evolutiva da vida.
    Relativamente aos textos de Olavo de Carvalho, considero o primeiro (A evolução da evolução) bastante agressivo, embora entenda que a teoria original de Charles Darwin fosse bastante tosca pois não tinha ainda bases cientificas experimentais que a apoiassem e que a tornassem mais "cientifica" e menos duvidosa. No entanto, actualmente a Teoria Sintética da Evolução tem bastantes fundamentos, sobretudo da genética. Observei um erro comum ainda nesse texto: a ideia de que a selecção natural é fruto do acaso, ou seja, aleatória. Referente a estes assuntos, penso que deve atentar no post evolução vs criação II (link: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/evolucao-vs-criacao-ii.html). Em relação ao 2º texto que li, concordo que a a teoria em causa não pode ser tomada como verdade absoluta, pois na ciencia não existem verdades absolutas, sendo que o mais proximo disso são as leis cientificas (e não as teorias), mas nada aponta para que o evolucionismo se converta no seu oposto. Peço desculpa se me estendi um pouco em conceitos técnicos, mas sem o seu auxilio teria sido impossível abordar todas as temáticas...

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  3. Assista o debate, está em português!
    https://www.youtube.com/watch?v=FuuJqi7-GnY&feature=player_embedded

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    1. É certo que os modelos evolucionistas têm sido insuficientes no ao tentar explicar os mecanismos naturais de formação dos flagelos. No entanto são o mais próximo que existe de uma explicação viável - relembre-se o principio lógico de Ockham relativamente á explicação mais simples e também porque não é necessário que se prove que o criador não existe, mas sim que as pessoas se apercebam de que não há provas da sua existencia e que o criador teria que ser mais complexo do que a criação e do que os processos que desencadeou ou controlou, bem como a sua origem, o que faz com que para explicarem as modificações e caracteristicas complexas da vida com base na intervenção de um designer inteligente, teriam também que explicar a origem e carácter supercomplexo do designer. Relativamente á dita evolução química, se se atentar em posts anteriores, estão sucintamente descritos os resultados da experiencia de urey-miller e de experiencias mais recentes (2008) que completaram esta ultima ("Evolução um facto cientifico? sim" - ultima parte. link: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2011/06/evolucao-um-facto-cientifico-sim.html).
      Sugiro também que veja o meu ultimo post ("Evolução vs design inteligente") que aborda o facto da hipótese do D.I. falhar em explicar a origem da complexidade existente na medida em que o designer tem um carácter e terá que ter uma origem supercomplexa, que esta hipótese não consegue explicar nem se quer conjecturar credibilidade. Aborda também o facto da existencia de certos indicios de que o flagelo bacteriano teria evoluido naturalmente. Aqui fica o link: http://allthatmattersmaddy32.blogspot.pt/2012/07/evolucao-vs-design-inteligente.html

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    2. Relativamente á evolução do Homem, aos elos evolutivos e formas intermediárias, cientistas defendem que conjunto de fósseis (mãe e filho) encontrados numa caverna na África do Sul são uma forma intermediária na evolução do Homem, pois têm braços longos e crâneo pequeno (como o Australopiteco) e dentes pequenos e pernas compridas (como o Homo Sapiens). Confira no excerto do documentário: http://www.youtube.com/watch?v=yUHanyZegQI&feature=related

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