sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Fadas do jardim, evolução química e racionalidade


Fadas do jardim e evolução química

Hoje deparei-me com o seguinte num blog criacionista (1): «3 - A evolução química, todos os cientistas estão de acordo, até nos livros de ensino médio, por incrível que pareça, já vem com esse conceito. Não houve tempo suficiente para o surgimento da vida na terra (#fato), e está em desacordo com a probabilidade que é um dos cinco elementos básicos da formulação de uma hipótese científica (…)» (sic) Os cientistas não sabem ao certo como surgiu a vida na Terra, apenas os tipos de alguns dos eventos que devem ter ocorrido e mesmo essas noções podem estar erradas – visto isto, não podem saber ao certo se houve tempo ou não. Quanto ás probabilidades, pelo que eu sei, é uma estupidez calcular a probabilidade de uma célula completa, pois esta não surgiu espontaneamente já toda formada e calcular a probabilidade de uma certa sequência de aminoácidos ou nucleótidos também – qualquer sequência aleatória de 20 aminoácidos tem uma probabilidade baixíssima de ocorrer ao acaso (sem considerarmos quaisquer dados com relevância estatística), assim como uma sequência deliberadamente escolhida por fadas do jardim para um propósito todo xpto, mas isso não interessa, até porque podem existir muitas que sirvam para um proto-ser vivo e não apenas uma ou duas, o que interessa é descobrir como os polímeros se formam. Então, temos a policondensação, com a formação de várias moléculas intermédias, por exemplo ácido piroglutamico a partir de ácido glutamico, originando oligomeros em condições plausíveis para uma Terra pré-biótica (2). Se um criacionista fosse calcular a probabilidade de um oligomero formado naturalmente por este processo, diria que um designer inteligente teria que ter escolhido cada um dos aminoácidos e que os ter colocado na ordem correcta.
Mais uma coisa: pela lógica dos criacionistas o bridge é impossível, mas os jogos de bridge acontecem várias vezes em vários cantos do mundo – o deus deles deve andar muito ocupado com tanto jogo de bridge por aí.  


Fadas do jardim e racionalidade

Ainda no mesmo blog, estava também escrito: «4 - Surgimento da razão. Se eu sou fruto da necessidade e do acaso, eu sou fruto do irracional, nesse caso, nossa discussão não faz o menor sentido, pois nada me garante que somos racionais nesse momento. Enquanto os Teístas acreditam serem frutos da Razão (Mente Inteligente), nesse caso a própria razão se justifica, pois se eu sou fruto do irracional a razão não se justifica.» (sic) Do facto de alguém ser fruto de processos naturais não segue que este não é/não pode ser racional. De qualquer modo isso é irrelevante, pois sabemos que a evolução ocorreu, que somos fruto de processos naturais e que jardins bonitos não precisam de ter fadas.

Referências:


 
P.S.: Desta vez abordei a questão da origem da vida sem ter que mencionar a treta do código - que bom!
 

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