Alguns evolucionistas teístas
propõem que deus é responsável por algumas mutações genéticas, sendo a sua acção imperceptível. Li um texto que critica essa posição, «O Melhor Argumento para
o “Evolucionismo Teísta”» (http://haeckeliano.blogspot.pt/2013/05/o-melhor-argumento-para-o-evolucionismo.html),
pelo biólogo Fábio Machado. Este chama a atenção para a irrelevância da
intervenção divina para «entender qualquer padrão geral» e para o facto de não
existirem evidências de que isso alguma vez aconteça ou tenha acontecido (a
hipótese não é testável). A Teoria da evolução é compatível com a intervenção do
tipo de deus aqui descrito (que está muito longe da versão tradicional do deus
judaico-cristão), no entanto limita o seu escopo à irrelevância. É claro que
esta posição é totalmente anti-científica, pois é baseada em fé e não em
evidências, não havendo sequer a possibilidade de ser testada.
Actualização:
O máximo que se pode fazer em relação a isto é recorrer à regra da parcimónia: os mecanismos básicos da evolução - mutações aleatórias, deriva genética e selecção natural funcionam bem para explicar o que observamos nos seres vivos (*) e se os mesmos mecanismos + deus também funcionam bem, a hipótese mais parcimoniosa (a) seria a primeira, ou seja, a hipótese sem deus seria a escolhida em vez da outra (b). É realmente possível que isso aconteça, assim como também é possível que existam duendes microscópicos e não-detectáveis a guiar o funcionamento de cada célula de cada ser vivo, mas se pelo que sabemos isso não é necessário, então não vale a pena incluir deus nem os duendes dos genes ou as fadas das proteínas.
Depois de todas estas considerações, tenho ainda a dizer que isto nem sequer é um argumento a favor do evolucionismo teísta, mas sim a favor da compatibilidade entre a teoria da evolução e a intervenção divina nas nossas origens e no mundo vivo. Ainda assim, a regra da parcimónia faz com que a hipótese de que deus intervenha desse modo não seja a preferida.
* Nota: Uma mutação benéfica ou neutra num determinado contexto é perfeitamente possível que ocorra naturalmente - por exemplo, no caso das bactérias e da resistência aos antibióticos não faz sentido ser um deus benevolente a provocá-las e ainda assim elas acontecem (assim como não faria sentido um deus malevolente proporcionar mutações benéficas aos seres humanos). Nem faria sentido permiti-las, sequer.
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a.) Um texto bastante bom sobre parcimónia: http://ktreta.blogspot.pt/2011/09/parcimonia.html
b.) Uma discussão intressante sobre este assunto (que me inspirou para actualizar este texto decorreu no "Sandwalk" (esta pode ser encontrada aqui: http://sandwalk.blogspot.pt/2013/12/exan-questions-for-2nd-year-students-in.html#comment-form)
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O máximo que se pode fazer em relação a isto é recorrer à regra da parcimónia: os mecanismos básicos da evolução - mutações aleatórias, deriva genética e selecção natural funcionam bem para explicar o que observamos nos seres vivos (*) e se os mesmos mecanismos + deus também funcionam bem, a hipótese mais parcimoniosa (a) seria a primeira, ou seja, a hipótese sem deus seria a escolhida em vez da outra (b). É realmente possível que isso aconteça, assim como também é possível que existam duendes microscópicos e não-detectáveis a guiar o funcionamento de cada célula de cada ser vivo, mas se pelo que sabemos isso não é necessário, então não vale a pena incluir deus nem os duendes dos genes ou as fadas das proteínas.
Depois de todas estas considerações, tenho ainda a dizer que isto nem sequer é um argumento a favor do evolucionismo teísta, mas sim a favor da compatibilidade entre a teoria da evolução e a intervenção divina nas nossas origens e no mundo vivo. Ainda assim, a regra da parcimónia faz com que a hipótese de que deus intervenha desse modo não seja a preferida.
* Nota: Uma mutação benéfica ou neutra num determinado contexto é perfeitamente possível que ocorra naturalmente - por exemplo, no caso das bactérias e da resistência aos antibióticos não faz sentido ser um deus benevolente a provocá-las e ainda assim elas acontecem (assim como não faria sentido um deus malevolente proporcionar mutações benéficas aos seres humanos). Nem faria sentido permiti-las, sequer.
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a.) Um texto bastante bom sobre parcimónia: http://ktreta.blogspot.pt/2011/09/parcimonia.html
b.) Uma discussão intressante sobre este assunto (que me inspirou para actualizar este texto decorreu no "Sandwalk" (esta pode ser encontrada aqui: http://sandwalk.blogspot.pt/2013/12/exan-questions-for-2nd-year-students-in.html#comment-form)
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