Um evolucionista teísta (que
normalmente é católico ou anglicano e raramente evangélico) tipicamente, apesar
de não existir um consenso nos detalhes, acredita que o seu deus criou o
universo (antevendo o aparecimento de vida inteligente) e simplesmente deixou-o
evoluir por si próprio, inclusivamente a nível da evolução biológica. Esta
crença está muito próxima da visão deísta do mundo, na qual deus fez
exactamente isso. Eles usam o termo “deus” para designar um ser inteligente
capaz de proporcionar um universo assim, mas pelo que eu sei não o veneram e
não utilizam esse ser para explicar ocorrências naturais, a existência de mitos
de ressurreição ou coincidências quotidianas nem afirmam ter uma relação
pessoal com ele, ao contrário dos cristãos evangélicos e, relativamente a
alguns pontos, dos católicos e fiéis da Igreja de Inglaterra. Mas quanto aos
dois últimos a sua posição é muito próxima do deísmo. Basicamente, para estes,
deus só voltou a intervir quando o Homem (Homo
sapiens sapiens) já existia. E não são do tipo de atribuir todas as
pequenas coincidências quotidianas a deus e de apoiar cada acção e cada opinião
na Bíblia. Há até católicos que acreditam na ressurreição espiritual de Jesus e
não na sua ressurreição física. Até mesmo alguns cristãos evangélicos, como por
exemplo Francis Collins, mantêm uma posição semelhante e outros cientistas que
estudaram sobre o mundo natural, sobre a nossa evolução e que aceitaram as
evidências que lhes apresentaram, mas não conseguiram largar a religião ou mais
tarde precisaram de uma espécie de bengala para lidarem com certas situações de
perda e escolheram a opção religiosa que melhor conheciam.
Penso que esta tendência para
se afastarem da ideia de um deus pessoal que intervém na natureza, isto é, no
mundo físico (teísmo) foi despoletada pelo nível mais elevado de conhecimento
científico, pois a ciência veio refutar supostas intervenções divinas, como por
exemplo, a arca de Noé, a criação de Adão e Eva e a queda subsequente. É normal
que quem é inteligente e tem alguma educação queira que aquilo em que acredita
esteja (dentro daquilo que lhe é suportável) de acordo com a ciência, a qual
funciona através de um método que é o melhor para se obter conhecimento do
mundo em que vivemos. E a Igreja Católica fez isso. E a Igreja de Inglaterra
também. Até houve um pedido de desculpa a Darwin, entretanto (que vale o que
vale, ou seja, nada). Muito sinceramente, este tipo de ideias não me incomoda.
O que me incomoda verdadeiramente é o fundamentalismo, pois só gera ignorância
e desonestidade.
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