As espécies que observamos actualmente (incluindo os humanos) são o resultado de eventos sucessivos de especiação ao longo do tempo, que é um fenómeno que tem sido investigado desde o tempo de Darwin, que apontou como um dos mecanismos responsáveis a selecção natural. Mas o estudo dos mecanismos que levam á especiação continua.
Um estudo intitulado “Recombination Rates and Genomic Shuffling in Human and Chimpanzee – A New Twist in the Chromosomal Speciation Theory” (Molecular Biology and Evolution) tem como propósito avaliar uma hipótese proposta em vários outros estudos, na qual rearranjos nos cromossomas (exemplos de rearranjos são inversões e translocações) reduzem o fluxo genético e contribuir potencialmente para a especiação pela supressão da recombinação. De acordo com o modelo de “supressão da recombinação” os rearranjos teriam um efeito reduzido na aptidão (“fitness” – que se refere á capacidade de sobreviver para se reproduzir com sucesso), mas iriam suprimir a recombinação, reduzindo o fluxo genético, o que levaria á acumulação de incompatibilidades. Novos polimorfismos podem assim acumular-se num grupo de indivíduos e não noutro. Com o tempo isso pode levar á especiação.
No artigo referente a este estudo, os autores afirmaram que os dados fornecem evidências de taxas de recombinação baixas em regiões do genoma que sofreram rearranjos durante a evolução do humano e do chimpanzé, em contraste com as restantes regiões que apresentavam taxas mais elevadas.
Este estudo foi uma óptima contribuição para a compreensão da origem de novas espécies de primatas.
Ref.:
- Farré M, Micheletti D, Ruiz-Herrera A (2012) Recombination Rates and Genomic Shuffling in Human and Chimpanzee – A New Twist in the Chromosomal Speciation Theory. Mol Biol Evol 30(4):853-864 (disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3603309/)
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