segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Abiogénese: formação de oligonucleótidos


Há umas semanas atrás um criacionista perguntou-me por uma via pela qual se pudessem formar oligonucleótidos sem o auxílio das enzimas presentes nas células, como se eu tivesse que acreditar que foi deus que fez até ter uma resposta (que, penso que na opinião dele, nunca teria). Mas não é assim que funciona. Eu não tenho que acreditar em deus só porque não sei a resposta seja para aquilo que for. Isso é um argumento da ignorância. Eu apontei para uma via (anteriormente referido aqui no blog – deve estar num dos textos relacionados com a porcaria do código, como de costume), mas realcei que os cientistas não tinham como objectivo recriar condições pré-bióticas ao reproduzirem essa via, mas sim que servia para consciencialização relativamente ao apelo á ignorância.

Hoje descobri (por acaso, enquanto passeava pela internet) 2 artigos sobre o assunto.  

Ambos os estudos apresentavam a hipótese de oligonucleótidos poderem ser formados a partir de imidazólidos de nucleósido 5’ fosfatos, provavelmente disponíveis num ambiente pré-biótico (1, 2), sendo que um deles aponta para a possibilidade das moléculas só com as formas L ou D serem poderem replicar-se convenientemente e os que apresentarem ambos não (1). Uma das vias pelas quais os oligonucleótidos podem ser produzidos é com o uso de soluções aquosas neutras e com iões metálicos bivalentes como catalisadores (2). Eu não gostaria de ser criacionista neste momento, nem a cada segundinho que passa da minha vida eu suportaria tal coisa, mas enfatizo este momento, porque de facto deve ser duro ler coisas destas e ter, por auto-imposição (?), que continuar a acreditar que tudo foi feito por um deus maluco e homicida em 6 dias.


Referências:


2. http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF02100072?LI=true# (pode-se consultar o artigo todo, apenas não se pode fazer download)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Cromossoma 2 humano: padrões de distribuição de centrómeros e telómeros


Aqui chamo a atenção para a distribuição dos centrómeros e telómeros no cromossoma humano 2 (resultante da fusão de 2 cromossomas de um ancestral, após a divergência das outras linhagens de primatas), para a sequência destes, que estão de acordo com o esperado se 2 cromossomas ancestrais se tivessem fundido telómero a telómero: telómero, centrómero, telómero, telómero, centrómero, telómero.
 
What is the Genetic Evidence for Evolution?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Evolucionismo Teísta


Existe uma terceira posição para além dos adeptos da teoria da evolução (sem deus á mistura) e dos criacionistas (da Terra jovem, da Terra velha e progressistas): os auto-designados evolucionistas teístas. Estes acreditam que deus inventou o processo evolutivo. Alguns acreditam que interveio directamente no processo e outros que fez um universo em que já sabia que a evolução iria ocorrer. Os primeiros estão bastante próximos da posição criacionista. Tal como os criacionistas, estão errados. Temos uma hipótese: um mecanismo natural que funciona bem para explicar determinada observação. Temos outra hipótese: um mecanismo natural que funciona bem + intervenção divina. É claro que a ultima parte da segunda hipótese não está lá a fazer nada. Se não faz nada, o melhor é ir para o lixo. Ficamos com a primeira hipótese. E se esta não chegar para explicar tudo, outras hipóteses possíveis serão testadas e comparadas para completar a explicação, porque no caso da evolução seria sempre evolução + qualquer coisa. Uma das hipóteses levantadas, conhecendo como conheço o viés bíblico, seria certamente deus. Mas deus não explica nada e, por experiência, “Deus fez” seria apenas sinónimo de “Não sei”. Mais uma vez essa hipótese não iria servir para nada e iria (outra vez) para o lixo.

Deus é completamente inútil como explicação, por isso mesmo aos olhos da ciência já está no caixote do lixo há muito tempo, facto que deístas e teístas negam a pés juntos.           

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Criacionistas: a ignorância não tem limites


Hoje passei pelo “Yahoo Respostas” (só por gozo) e li uma questão sobre evolução (1), relacionada com um artigo que saiu na revista Science sobre esterilidade híbrida, pela qual era responsável a transposição de um gene do cromossoma 4 para o cromossoma 3, ao longo da evolução, pelo que indivíduos de espécies diferentes do género Drosophila quando se cruzam já não produzem híbridos machos férteis (2).  

Dois criacionistas responderam: um foi mal educado, apenas insultou o autor da pergunta e a resposta do outro foi esta:

«O que é que foi que evoluiu agora hein?
(…)

Por que as aves não tornam a evoluir para dinossauros? (Foi ao contrário, seu criacionista burro!)
Por que os macacos e primatas não tornam a evoluir para humanos, já que isto está no DNA deles? (“Macacos e primatas”?! What? Macacos são primatas, seu ignorante. E o que é que “está no DNA deles”?! Que confusão… Além disso nós descendemos de um ancestral comum com os outros primatas.)
Por que nenhum cientista é capaz de reproduzir a evolução e recriar as espécies em laboratório? (Porque a evolução requer muitas gerações, mas mesmo assim já foram observados eventos de especiação em laboratório e na natureza, em plantas. Santa Ignorância…)*»

Isto só pode mesmo ter sido escrito por alguém que nunca passou da escola primária, nunca ligou a televisão, nunca leu um livro, tem uns pais tão ignorantes como ele próprio e nunca usou a internet, a não ser para escrever disparates e expor a sua própria ignorância. O original pode ser visto acedendo á referência 1.

*Nota: o que está entre parênteses e destacado a negrito são as minhas observações.

Referências:


Explicando as alterações morfológicas


Um criacionista olha para um fóssil como um burro para um palácio e pensa “Tanta diferença entre espécies… só pode ter sido deus a fazer isto!” – Wrong. Fail.

Pequenas alterações (mutações) em sequências reguladoras podem provocar alterações morfológicas significativas.

Esta hipótese é apoiada pela divergência morfológica significativa observada em contraste com a comparativamente pequena divergência genética estrutural, por exemplo entre duas espécies de trutas. Estas alterações podem ter valor adaptativo em determinados ambientes e serem por isso preservadas, espalhando-se pela população (1).

Este mecanismo evolutivo pode explicar diferenças morfológicas que não tenham surgido gradualmente e pode ser integrado, por exemplo, na explicação da morfologia de fosseis em que se verifiquem características originadas por processos graduais e outras que apareceram em relativamente pouco tempo.

 
Referências:

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A culpa é dos evolucionistas…


Para um criacionista não há nada que não seja culpa dos “evolucionistas”. Se uma criacionista apanhar uma multa amanhã é porque o polícia era evolucionista, se apanharem uma gripe particularmente chata vão dizer que os evolucionistas fabricaram o vírus em laboratório só para os contaminar, se choveu ontem a culpa foi do evolucionista mais próximo e, finalmente, pelo menos um deles culpa os evolucionistas por terem que aprender que a Terra gira á volta do sol.
O vídeo a seguir tem como título “More Evolutionist Lies.” (“Mais Mentiras Evolucionistas.”), mas na realidade queixa-se de que aprendemos que a Terra gira á volta do sol e não o contrário (escusado é dizer que foi uma verdadeira ode á arte de “quote mining”).
 
 
 
 
Alguém é capaz de me explicar o que é que isso tem a ver com a teoria da evolução? A verdade é que não tem nada a ver, apenas resolveram descarregar mais uma das suas frustrações provenientes de uma crise de fé nos ditos “evolucionistas”.
 
* Para as pessoas normais que lerem isto: ao falarem com um criacionista não se esqueçam que a culpa é sempre vossa (seja daquilo que for).   

 
 

 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Deus é desnecessário


Ao longo da história os cientistas têm procurado explicar o mundo em que vivemos e a nossa própria existência. Antes de Darwin já existiam outras hipóteses evolutivas (por exemplo, a proposta por Lamarck), no entanto estas careciam de evidências e não eram capazes de oferecer uma explicação satisfatória. É claro que o criacionismo (versão apresentada no contexto da teologia natural, com argumentos semelhantes aos criacionistas do D. I. de hoje) também não. Mas a sociedade, bem como a comunidade científica estava muito apegada á associação de certas observações aos relatos bíblicos por uma questão cultural. Darwin, embora essa controvérsia não tenha ficado resolvida no meio científico com a sua teoria, aplanou o caminho para a concepção de uma explicação natural satisfatória. Hoje temos uma explicação para o facto dos seres vivos serem como são, que é a evolução por selecção natural, em conjunto com outros elementos, como a simbiose. 

Uma coisa semelhante passou-se com as doenças. Antigamente pensavam que estas eram devidas a deuses /espíritos maus/demónios, então os cientistas começaram a formular varias hipóteses e a testá-las até chegarem ás bactérias, vírus, parasitas, etc. E hoje já não há ninguém a acreditar que as doenças foram directa ou indirectamente causadas por deuses ou outros seres sobrenaturais.

De facto, a ciência tem demonstrado que não necessitamos de deus(es) para explicar coisas. Uma pessoa pode acreditar em deus, mas só se for um deus que não faz/ não precisa de fazer nada ou então um que faz tudo para se esconder e é ótimo naquilo que faz. Não há qualquer evidência contra ou a favor para um deus destes (como é óbvio), mas é o único que as pessoas podem encaixar num universo/multiverso como este.    

A ciência e o mundo de sonho do criacionismo:


Vou fazer uma comparação entre a realidade do conhecimento científico e a “realidade” dos criacionistas:

1.) Ciência:

A evolução pode ser representada como uma árvore que se ramifica (embora existam excepções). É um processo em que as populações se adaptam ao seu ambiente.

Criacionismo:

A evolução é uma escadinha, em que a espécie no topo é a vencedora, a mais evoluída (o ser humano, neste caso).


2.) Ciência:

A evolução é um processo incremental que ocorre por mutações aleatórias e por selecção natural, a qual não é aleatória – características favoráveis hereditárias tornam-se mais comuns ao longo de gerações, espalhando-se por uma população de organismos que se reproduzem sexuada e/ou assexuadamente, e características desfavoráveis hereditárias tornam-se menos comuns. Deste modo, não é de forma alguma improvável.

Criacionismo:

A evolução tem uma probabilidade muito baixa de ocorrer e é totalmente aleatória (ex.: William Lane Craig no debate com o falecido Christopher Hitchens (*A))
 

3.) Ciência:

A macro-evolução ocorre a nível de espécie ou acima

Criacionismo:

A macro-evolução consiste na transição de um “tipo” criado para o outro, sem definirem convenientemente o termo, mas rondando a mudança de classe.  

 
4.) Ciência:

Especiação e divergência entre populações são exemplos de evolução

Criacionismo:

Especiação e divergência entre populações não são exemplos de evolução


5.) Ciência:

O Universo surgiu do nada, só lei físicas, como consequência da lei da gravidade (Stephen Hawking)

Criacionismo:   

O Universo não pode vir do nada sem ter sido criado por deus  

 
6.) Ciência:

As evidências apontam para uma origem natural da vida, a partir de moléculas orgânicas, embora os cientistas estejam longe de conhecer todo o processo

Criacionismo:

Os cientistas não sabem como a vida começou, logo foi deus que criou a vida.

 
8.) Ciência:

Pode-se medir a informação numa molécula de DNA, num genoma, num cubo de gelo, num floco de neve, em tudo (por exemplo, um floco de neve, teria muita informação)

Criacionismo:

O DNA tem muita informação codificada, logo foi criado por deus.

 

*A.) Esta até me pôs doente:

 
 
P.S. Provavelmente se um criacionista aparecer por aqui, este vai pensar: "Mas isto não é á realidade da ciência, mas sim a do ateísmo". A verdade é que o ateísmo é a descrença em deus (es) e se o ateísmo for verdadeiro, tudo o que vemos pode ser explicado por causas naturais - e a ciência demonstra que coisas dificílimas de explicar e que antes eram atribuídas a deuses podem ser explicadas por causas naturais  
 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Para descontrair...


Love the way you lie (Eminem feat. Rihanna)

Original:



Paródia:
 
 
«You're a fart face, I don't like you no more» Really?!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Fadas do jardim, evolução química e racionalidade


Fadas do jardim e evolução química

Hoje deparei-me com o seguinte num blog criacionista (1): «3 - A evolução química, todos os cientistas estão de acordo, até nos livros de ensino médio, por incrível que pareça, já vem com esse conceito. Não houve tempo suficiente para o surgimento da vida na terra (#fato), e está em desacordo com a probabilidade que é um dos cinco elementos básicos da formulação de uma hipótese científica (…)» (sic) Os cientistas não sabem ao certo como surgiu a vida na Terra, apenas os tipos de alguns dos eventos que devem ter ocorrido e mesmo essas noções podem estar erradas – visto isto, não podem saber ao certo se houve tempo ou não. Quanto ás probabilidades, pelo que eu sei, é uma estupidez calcular a probabilidade de uma célula completa, pois esta não surgiu espontaneamente já toda formada e calcular a probabilidade de uma certa sequência de aminoácidos ou nucleótidos também – qualquer sequência aleatória de 20 aminoácidos tem uma probabilidade baixíssima de ocorrer ao acaso (sem considerarmos quaisquer dados com relevância estatística), assim como uma sequência deliberadamente escolhida por fadas do jardim para um propósito todo xpto, mas isso não interessa, até porque podem existir muitas que sirvam para um proto-ser vivo e não apenas uma ou duas, o que interessa é descobrir como os polímeros se formam. Então, temos a policondensação, com a formação de várias moléculas intermédias, por exemplo ácido piroglutamico a partir de ácido glutamico, originando oligomeros em condições plausíveis para uma Terra pré-biótica (2). Se um criacionista fosse calcular a probabilidade de um oligomero formado naturalmente por este processo, diria que um designer inteligente teria que ter escolhido cada um dos aminoácidos e que os ter colocado na ordem correcta.
Mais uma coisa: pela lógica dos criacionistas o bridge é impossível, mas os jogos de bridge acontecem várias vezes em vários cantos do mundo – o deus deles deve andar muito ocupado com tanto jogo de bridge por aí.  


Fadas do jardim e racionalidade

Ainda no mesmo blog, estava também escrito: «4 - Surgimento da razão. Se eu sou fruto da necessidade e do acaso, eu sou fruto do irracional, nesse caso, nossa discussão não faz o menor sentido, pois nada me garante que somos racionais nesse momento. Enquanto os Teístas acreditam serem frutos da Razão (Mente Inteligente), nesse caso a própria razão se justifica, pois se eu sou fruto do irracional a razão não se justifica.» (sic) Do facto de alguém ser fruto de processos naturais não segue que este não é/não pode ser racional. De qualquer modo isso é irrelevante, pois sabemos que a evolução ocorreu, que somos fruto de processos naturais e que jardins bonitos não precisam de ter fadas.

Referências:


 
P.S.: Desta vez abordei a questão da origem da vida sem ter que mencionar a treta do código - que bom!
 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Curiosidade: Dia de Darwin

Darwin nasceu no dia 12 de Fevereiro de 1809 e Abraham Lincoln nasceu exactamente no mesmo dia.

Evolução: do Autralopithecus ao Homo II – o status do Australopithecus sediba


O Australopithecus sediba é a espécie do género Australopithecus com mais características em comum com espécies do género Homo, com um reduzido número de caracteres cranianos em comum com o Homo erectus que não aparecem no H. habilis, nem no H. rudolfensis, por exemplo, a convexidade da região infra-ocular, embora com uma capacidade craniana muito menor do que a do H. erectus. A sua posição filogenética tem sido discutida e há 4 hipóteses a considerar á luz dos dados actuais: 1) A. sediba é ancestral do H. habilis; 2) A. sed­iba é ancestral do H. rudolfensis; 3) A. sediba é ancestral do H. erectus; ou 4) A. sediba é um grupo irmão ao do ancestral do Homo (semelhante a este). Se A. sediba for um ancestral do género homo, a melhor opção por agora é apontar para a ancestralidade relativamente ao H. erectus, devido ao facto da credibilidade dos fósseis do H. habilis e do H. rudolfensis estar a ser posta em causa – pode ter ocorrido um erro (diferente de fraude) na montagem dos fósseis.

 
Referências:

 
Australopithecus sediba and the earliest origins of the genus Homo, Lee R. Berger, Journal of Anthropological Sciences  - Vol. 90 (2012), pp. 1-16

Australopithecus sediba: A New Species of Homo-Like Australopith from South Africa, Lee R. Berger et al. Science 328, 195 (2010);

Evolução: equilíbrio pontuado e especiação rápida


A evolução demora tempo, mas nem sempre tanto como Darwin pensava.

Eldredge e Gould propuseram que o grau de gradualismo normalmente atribuído a Charles Darwin não é apoiado pelo registo fóssil. A hipótese do equilíbrio pontuado propõe que mudanças morfológicas podem ocorrer rapidamente e estão associadas a eventos de especiação. O equilíbrio pontuado está associado ao conceito de Ernst Mayr de evolução por especiação alopátrica (geográfica). A especiação alopátrica sustenta que pequenas populações isoladas são geneticamente dissociadas dos efeitos do fluxo genético e podem rapidamente irradiar. Se a maioria evolução acontece nestes casos de especiação alopátrica, então as evidências de evolução gradual devem ser raras.

Vários métodos têm sido desenvolvidos para se inferir equilíbrio pontuado a partir de filogenias moleculares, na ausência de dados paleontológicos. Estes métodos essencialmente testam se a variação nos fenótipos entre as espécies existentes é melhor explicada por tempo evolutivo desde ancestralidade comum ou pelo número de eventos de especiação.

 
Referências:


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Evolução: quando as “galinhas” tinham dentes


Jeholornis é um pássaro primitivo, dos mais antigos que foram encontrados.

Jeholornis prima não tinha dentes na maxila, e tinha apenas alguns dentes na mandíbula, uma longa cauda óssea com ossos individuais como os dinossauros, penas e dedos das asas mais curtos do que os do Archaeopteryx. Mais uma vez, as características apoiam a descendência de dinossauros teropodes, com ênfase na cauda de dinossauro. E desta vez, os investigadores Zhonghe Zhou e Fucheng Zhang do Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology em Beijing certificaram-se de que os fósseis eram autênticos, para não acontecer o mesmo que com o Archaeoraptor, que foi falsificado por um camponês que o vendeu, por isso ninguém tem do que reclamar.



Fóssil do Jeholornis, com a sua enorme cauda óssea com vértebras individuais.


Referências

http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00114-003-0416-5# (dá para ver tudo se clicar no botão “Look inside”)

Criacionismo: como rir até ás lágrimas


Os criacionistas são muito, mas muito empertigados nos dias que correm. Alguns, mesmo entre leigos, já não querem identificar-se com o termo criacionistas; eles preferem "inteligentistas" (1). Não consegui acreditar quando li pela primeira vez e tive que ler uma segunda. Ri até ás lágrimas. Haja paciência...

1.) http://darwinismo.wordpress.com/2012/08/27/fossil-africano-baralha-evolucionistas/ (nos comentários)

Evolução: dinossauros com penas e a birrinha dos criacionistas



Na China foi encontrado mais um dinossauro com penas, o deinonychosauro (teropode) Eosinopteryx*, que viveu há cerca de 140 milhões de anos (1). Tinha poucas penas, garras, cauda óssea e era um bom corredor, que provavelmente não voaria (devido ás asas serem muito curtas e características estruturais esqueléticas e musculares). Este foi classificado como um dinossauro, mas de facto partilha características com as aves (2). É um óptimo exemplar com características intermédias.


Fóssil do Eosinopteryx – notam-se as penas, as garras e a cauda.

O criacionista Ken Ham já fez birrinha como uma menina da escola primária e disse que era um pássaro (3), mas outros criacionistas um dia vão dizer que é um dinossauro e nem vão conseguir chegar a um consenso.
 
* Nota: O Archaeopteryx pode não ser incluído no grupo das aves, mas sim na base do grupo dos deinonychosauros, mas estes e as aves são grupos “irmãos”, logo as espécies basais seriam idênticas.  

 
Referências:

1. http://www.bbc.co.uk/news/uk-england-hampshire-21181611

2. Godefroit P, Demuynck H, Dyke G, Hu D, Escuillie F, Claeys P (2013) Reduced plumage and flight ability of a new Jurassic paravian theropod from China. Nature Communications 4, 1394. doi: 10.1038/ncomms2389 (http://www.nature.com/ncomms/journal/v4/n1/full/ncomms2389.html e http://www.nature.com/ncomms/journal/v4/n1/extref/ncomms2389-s1.pdf)



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Evolução: domesticação de cães


A domesticação de cães sempre foi usada para explicar o modo como a selecção natural funciona, em analogia á selecção artificial. Os cães são considerados como pertencendo a uma subespécie de lobo (Canis lupus familiaris), embora algumas raças tenham incompatibilidades reprodutivas com os lobos.

Os investigadores Erik Axelsson (Universidade de Uppsala, Suécia) e colegas apresentam evidências, através de novas análises genéticas, que sugerem que os lobos foram domesticados aquando do advento da agricultura e fixação humanas. Os cientistas sequenciaram o DNA de 12 lobos e 60 cães para encontrar secções que evoluíram sob pressão selectiva. Encontraram diferenças nos genes relacionados com o desenvolvimento do sistema nervoso central, potencialmente relacionados com alterações comportamentais, permitindo aos cães modernos relacionar-se melhor com os humanos. Além disso, eles descobriram que mutações em genes importantes para o metabolismo do amido ajudaram os cães modernos a adaptar-se a uma dieta de amido em oposição a uma dieta como a dos lobos carnívoros. No ensino básico era ensinado que os cães eram carnívoros como os lobos. No entanto, estes comiam massa, arroz, sopa, batata, entre outras coisas – mais uma vez a evolução explica as observações.

 

Referências:

Axelsson E, Ratnakumar A, Arendt M, Maqbool K, Webster MT, Perloski M, Liberg O, Arnemo JM, Hedhammar A, Lindblad-Toh K. The genomic signature of dog domestication reveals adaptation to a starch-rich diet. Nature (2013). doi:10.1038/nature11837 (http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature11837.html)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Kenneth Miller: Cromossoma 2 humano


Kenneth Miller apresenta detalhes sobre a descoberta da fusão telómero a telómero no cromossoma 2 humano: telómeros duplicados e o centrómero inactivo correspondente ao do cromossoma 13 do chimpanzé.

(Para os criacionistas: quando o Dr. Kenneth Miller explica, vocês calam-se, ouvem e tentam perceber, ok?)
 

Fósseis de transição: Avó ou Tia-avó?


Ao longo do registo fóssil é possível estabelecer-se padrões evolutivos através da anatomia comparada. Algumas formas têm características comuns a 2 tipos de animal diferentes - por exemplo, aves e répteis/ peixes e animais terrestres. Uma forma de transição não tem obrigatoriamente que ser um ancestral directo de uma certa espécie, mas deve ser uma parente próximo do ancestral, mostrando características intermediárias, ou seja, a prima da avó ou a tia-avó em vez da avó. Isto porque no registo fóssil é muito improvável encontrar o que seria exactamente o ancestral directo. Há vários fósseis que, não sendo tido como certo serem os ancestrais de uma dada espécie ou tipo de ser vivo, podem certamente ser incluídos nesta categoria. Fósseis de transição são muito importantes para compreender a evolução de certas características e que ela ocorreu. Um fóssil de transição é o Archaeopteryx, que viveu á cerca de 145 milhões de anos e foi descoberto 2 anos depois da publicação d’ “A Origem das Espécies” (1). Tem características intermediárias entre dinossauros e aves e foi muito provavelmente um dos primeiros pássaros (embora esta definição seja bastante subjectiva) (2). Algumas das suas características são penas, asas, 3 dedos com garras e maxilar com dentes afiados (3). É um óptimo fóssil de transição que demonstra a evolução de características das aves a partir de dinossauros. Não consegui evitá-lo outra vez. Cresci com os filmes do “Parque Jurássico”…
 

Referências:




* Nota: Para uma leitura adicional sobre formas de transição devem ler o livro “Why Evolution is True (Jerry A. Coyne) ou a referência número 1. Mas é melhor ler o primeiro e na íntegra.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A vida quotidiana na arca de Noé…


Noé e a sua família tinham embarcado há já 2 dias e o cocó de animal acumulava-se por toda a parte. A mulher de Noé, Sara estava sempre a refilar com o marido: “Noé, já limpaste o cocó que o macaco fez hoje?!”, disse ela. “Já lá vou…”, respondia o marido chateado. “Mas por que é tão urgente? Onde está o cocó?” “Está na nossa cama! E colado ás paredes! Despacha-te!” “Estou a ir… Que chata.” Depois de limpar o cocó do macaco, Noé foi tomar um banho, mas como era cegueta enganou-se no compartimento e foi ter aos aposentos do elefante. Noé pôs-se de baixo daquilo que pensava que era o chuveiro e tomou banho de água quente “Estranho…”, pensou Noé. Á noite, Sara, depois de limpar o cocó dos porcos e das ovelhas que estava espalhado por cima dos sofás, foi-se deitar com o marido. “Cheiras a cocó de animal!”, disse o Noé. “Pelo menos não cheiro a xixi de elefante!”. Noé cheirou-se. “Bolas! Voltei a enganar-me…” Pois é… como eles não morreram todos de doenças é um grande, grande mistério da fé. E ainda dizem que esta treta do dilúvio é verdade.  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Evolução & Criacionismo: Ensinar a Controvérsia


 
 
Aplicando á realidade, os criacionistas neste momento não passam de multidões alienadas que seguem a ditadura do Discovery Institute.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Documentário Expelled: No intelligence Allowed


Aqui fica uma pequena parte do documentário que toca nos seus pontos fulcrais:


 

'Sexpelled: Nenhuma Penetração Permitida' conta como a Teoria da Reprodução tem prosperado sem oposições nas torres de marfim da academia, como a explicação de como novos bebés são feitos. Os proponentes da Teoria da Cegonha alegam que "A Grande Reprodução" tem suprimido suas afirmações de que bebés são entregues por cegonhas. Além disso, os defensores da Teoria da Cegonha alertam para os graves perigos morais de ensinar a crianças que o sexo tem uma função. Eles apontam que ditadores malévolos como Hitler, Estaline e Mao todos acreditavam na Teoria da Reprodução, e eles próprios podem até mesmo ter feito sexo.

Há também um recente desenvolvimento na controvérsia, uma nova teoria chamada Teoria do Transporte Aviário.

Diferentemente da Teoria da Cegonha original, a moderna e sofisticada Teoria do Transporte Aviário (TTA) meramente aponta que há lacunas na ortodoxa Teoria da Reprodução, e que as atuais imagens por ultra-sonografia não são confiáveis. Além do mais, TTA não especifica que bebés sejam necessariamente trazidos por cegonhas, mas por "grandes aves não especificadas" (embora muitos cientistas da TTA acreditem privadamente que sejam cegonhas).
 
* Nota: O texto não é da minha autoria, mas é parte da descrição do vídeo no youtube.
 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Deus nas alturas e fadas no jardim


Ao dedicar o livro "Deus, um Delírio" ao comediante e escritor Douglas Adams, Dawkins cita o seguinte: "Não é suficiente ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar que também há fadas escondidas nele?" ("Isn't it enough to see that a garden is beautiful without having to believe that there are fairies at the bottom of it too?"). É a mesma coisa que dizer: Porque é que não posso constatar que um olho é complexo sem ter que imaginar que foi criado por um deus todo omni-coisas (e que há fantasmas no DNA…)? Poder, posso. Mas os criacionistas acham que não devo. Para eles não se deve olhar á volta e constatar que as flores são cor-de-rosa, que as ervas são verdes, que o céu é azul ou que o cão cheira mal sem ter que imaginar que tudo isso foi criado pelo deus deles (até o cão que cheira mal…). É claro que desde o cão até ás suas bactérias intestinais, tudo resulta de um longo processo evolutivo e não da acção de deuses, duendes, fadas ou unicórnios. E é isto que os criacionistas não suportam e por isso têm uma enorme necessidade de contrariar a ciência, afirmando que sempre existiram fadas escondidas no jardim.   

Evolução: duplicação de genes na linhagem humana


(Continuação do texto “Genética molecular, ancestralidade comum e filogenia (reeditado)”) 

A duplicação de genes é um processo evolutivo muito importante e ocorreu na linhagem que deu origem ao Homo sapiens. Um estudo realizado em Maio do ano passado (2012) identificou que um certo gene de desenvolvimento cortical foi duplicado no cromossoma 1. O promotor e os primeiros 9 exões foram duplicados há aproximadamente 3. 4 milhões de anos e mais tarde, há 2,4 e 1 milhões de anos duas duplicações no mesmo gene ocorreram. As análises sequencial e de expressão mostram que o duplicado C (SRGAP2C) muito provavelmente codifica uma proteína funcional. As duplicações provavelmente ocorreram na época da transição entre os géneros Australopithecus e o Homo e aquando da expansão do neocortex. Este gene foi bastante bem conservado ao longo da evolução dos mamíferos e foi duplicado apenas na linhagem humana.   

 
Referências:

“Human-specific evolution of novel SRGAP2 genes by incomplete segmental duplication” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3365555/)  

Genética molecular, ancestralidade comum e filogenia (reeditado)


Ao fazer uma sequenciação do DNA ou RNA de um organismo podemos relacioná-lo com outros de outras espécies. No entanto, nem sempre se pode fazer uso da sequenciação de todo o genoma, utilizando-se apenas determinada região do DNA. Algumas regiões podem ser mais semelhantes entre, como exemplo, chimpanzé e humano, e outras mais semelhantes entre humanos e outros primatas, o que pode levar a diferenças na árvore filogenética calculada com uma sequência ou com outra, o que não invalida o facto de humanos e outros primatas partilharem todos um ancestral comum. Essas diferenças na filogenia não constituem um problema, são apenas pequenas discordâncias que se percebe derivarem do facto de se usarem regiões diferentes do genoma.


Alguns dos mecanismos envolvidos na evolução dos primatas são: mutações genéticas (ex.: substituição de bases) e cromossómicas, como fusões (ex.: cromossoma 2) e duplicações, inserções de material exógeno (vírus), deriva genética e selecção natural. No entanto, ainda há coisas a descobrir relativamente á evolução de algumas estruturas dos organismos, pelo que ninguém se deve “acomodar”. A acomodação é uma das piores inimigas da ciência.      

O registo fóssil apoia o modelo evolutivo


O registo fóssil começa com organismos tipo bactérias e depois continua com seres mais complexos, até atingir a era dos dinossauros e depois o tempo em que os mamíferos dominavam a Terra e por diante. Isso apoia o modelo evolutivo, em que os primeiros seres eram semelhantes a bactérias. Mostra mudança ao longo do tempo, como eu já referi anteriormente noutros textos. E a capacidade de produzir design inteligente aparece já tarde na evolução. É inútil e errado afirmar o contrário. Não apoia o modelo da criação, muito menos o criacionismo da Terra jovem em que os humanos teriam sido criados juntamente com os dinossauros. Mas é claro que muita gente continuará na mesma, sem querer perceber porque é que se escolhe um modelo baseado em evidências e não um modelo baseado num livro de contos da Idade do Bronze. Os mecanismos evolutivos conhecidos servem para explicar essa mudança ao longo do tempo – mutação, selecção natural recombinação, endossimbiose e simbiose, mutualismo, predação, competição, e os cientistas estão empenhados em estudar como certas interacções afectam as estruturas da genética de populações e as movimentações geográficas (1).
 

Referências:

 
1. BIOTIC INTERACTIONS AND MACROEVOLUTION: EXTENSIONS AND

Evolução: mais um espantalho para espancar


Uma professora de ciências (provavelmente de biologia) tentou explicar ao senador americano do Louisiana, Mike Walsworth a experiência de Richard Lenski de longa duração com bactérias E. Coli, que foram congeladas para análise posterior, para que se pudessem verificar os resultados de um certo período de evolução por mutações e selecção natural, em resposta á sua pergunta sobre exemplos de evolução que se possam ensinar na sala de aula. Mas, para o senador, é suposto as bactérias E. coli evoluírem para pessoas, de modo a poder ter um bom exemplo de evolução para apresentar nas aulas de ciências. É demasiado ridículo, até para um leigo pouco informado. Mas o senador não é apenas um leigo pouco informado, é um criacionista (só podia ser…). O que ele queria era um espantalho para espancar, visto que não consegue “espancar” a teoria da evolução.

Aqui fica um vídeo do ocorrido (para os incrédulos):
 
 
 

Criacionismo vs Evolução: o universo dos peixes e as inconsistências do cristianismo


Hoje deparei-me com esta frase num blog criacionista (1): "O universo, na sua imensidão, foi especialmente criado para nós, humanos, para que pudéssemos ver e apreciar a glória e o poder de Deus." Se um peixe falasse e pensasse, este diria que o mar está cheio de água para ele poder lá viver e que o mar foi criado de propósito para ele. E aí começaria a adorar deus(es) - o criador do mar e deles próprios. Talvez um dia, mais tarde, os peixes descobrissem que isso não era assim, que tinham evoluído por um processo incremental e que eram insignificantes perante o todo. Mas alguns ficariam sempre na mesma, a pensar que tudo gira á sua volta e a estranhar o progresso científico e ideológico. Outra coisa inconsistente é um deus criar um universo como o nosso, criar vida inteligente, criar toda a diversidade que observamos e depois cingir-se a coisas comparativamente insignificantes como transformar água em vinho, fazer arder arbustos e ressuscitar um carpinteiro judeu (de acordo com a Bíblia). E pior ainda: na época de Jesus pessoas a ressuscitar era um evento comum (2), provavelmente devido aos falsos positivos para mortos, ou então era mais um mito com origem naquela época tão propícia a esse tipo de coisas. Qualquer uma destas explicações é mais consistente quer com um universo com um deus que criou tudo o que vemos (directa ou indirectamente), quer com um universo/multiverso sem deus.