domingo, 30 de dezembro de 2012

Evolução & Saúde (a teoria da evolução não é inútil!)


Foi referido anteriormente um exemplo em que a Teoria da evolução e a medicina se encontram: o exemplo dos estudos sobre resistência á malária conferida pelo traço falciforme em populações de zonas afectadas. A teoria da evolução é importante para perceber a dinâmica da genética de populações também relativamente a doenças (por isso mesmo tenho uma cadeira de genética que inclui genética de populações).

Mas as aplicações da teoria da evolução á área da saúde não ficam por aqui. Tal como podemos calcular árvores filogenéticas para, por exemplo, espécies diferentes de parasitas, podemos também calculá-las para anticorpos, o que auxilia na compreensão da sua maturação e podemos ainda inferir precursores. Por exemplo: os anticorpos contra o HIV (de reacção cruzada) de vários pacientes foram analisados numa perspectiva de procurar vias comuns de maturação, através do estudo da sua “história evolutiva” (uma vez que a maturação dos anticorpos resulta de um processo semelhante á evolução das espécies).

Ainda há por aí alguém que questione a utilidade da teoria da evolução?
 

Referências:

Focused Evolution of HIV-1 Neutralizing Antibodies Revealed by Structures and Deep Sequencing” - Science 333, 1593 (2011);

 

14 comentários:

  1. Madalena,

    Se a teoria da evolução "se encontram", como é possível que virtualmente toda a Medicina avance sem levar em conta a teoria da evolução?

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  2. Corrigindo, se a teoria da evolução e a Medicina se encontram . . .

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  3. Eu sou estudante no ensino superior de análises clínicas e de saúde pública, fiz um trabalho de imunologia que me levou mais de uma tarde inteira sobre o assunto da importância da teoria da evolução no estudo da maturação dos anticorpos, o meu trabalho de genética molecular foi exactamente sobre a anemia falciforme, traço falciforme e a evolução das populações das zonas afectadas por malária. Há ainda quem defenda que o cancro pode ser visto como um processo evolutivo (uma das teorias a respeito do cancro que mais é tida em conta, que eu saiba). Penso que o texto diz tudo o resto que há para dizer sobre o assunto.

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  4. Madalena,

    Eu como criacionista nunca poderia trabalhar em Medicina sem acreditar que peixes evoluíram para pescadores, mamiferos terrestres para baleias, e répteis para pássaros? Lembre-se que todos os criacionistas aceitam a variação genética; nós rejeitamos sim a crença de que as mutações aleatórias têm o poder criativo que os ateus evolucionistas pensam que tem.

    Portanto, diga-me que área da Medicina um criacionista não pode trabalhar.

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    1. Poder, até podia, mas para trabalhar por exemplo na área da parasitologia isso iria ser um bocado problemático porque ao fazer as árvores filogenéticas estaria a determinar relações entre espécies distintas (do mesmo modo, exactamente que se determinam as relações entre peixes e pescadores...). Mas se se esquecesse durante o horário de trabalho do criacionismo, talvez resultasse. De qualquer modo, não é isso que está em causa, mas sim a utilidade da teoria da evolução.

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  5. Madalena,
    Eu preciso de estabelecer "relações entre espécies distintas" para curar uma pessoa?

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    1. Não disse isso. Mas convém ter as espécies sistematizadas e a filogenia estruturada. E precisa de ter uma ideia do que uma vacina pode fazer relativamente a uma doença como a SIDA (o caso dos anticorpos). Os cuidados de saúde não se limitam a perscrições e cirurgias.

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    2. Mais ainda: o cancro deve ser visto como uma doença genética e como um processo evolutivo. Temos que ter uma noção: podemos modificar as células cancerígenas com engenharia genética (quer temporariamente, quer definitivamente), mas temos que contar que elas se adaptem.

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  6. Madalena,

    Eu preciso saber de que espécie evoluiu um certo animal para poder curar uma pessoa?

    Cancro é uma doença genética, mas eu preciso de acreditar que répteis evoluíram para pássaros para saber isso? Antes de Darwin, como é que se fazia Medicina?

    Modificar células requer crença na teoria da evolução? Eu não consigo modificar uma célula sem primeiro acreditar que mamíferos terrestres evoluiram para baleias?

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    1. "Eu preciso saber de que espécie evoluiu um certo animal para poder curar uma pessoa?" por exemplo, convem ter a noção de que existem várias subspécies (ou espécies) e quais as suas semelhanças e diferenças para um diagnóstico diferencial.
      "Eu não consigo modificar uma célula sem primeiro acreditar que mamíferos terrestres evoluiram para baleias?" belo espantalho.

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    2. "por exemplo, convem ter a noção de que existem várias subspécies (ou espécies) e quais as suas semelhanças e diferenças para um diagnóstico diferencial. "

      E eu preciso de acreditar que mamíferos evoluíram para baleias para saber que "existem várias subspécies" e que existem semelhanças entre algumas formas de vida?

      ""Eu não consigo modificar uma célula sem primeiro acreditar que mamíferos terrestres evoluiram para baleias?" belo espantalho. "


      Qual espantalho? Tu é que dizes que temos que acreditar na teoria da evolução, e agora dizes que é um "epsnatalho"?

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    3. "Eu não consigo modificar uma célula sem primeiro acreditar que mamíferos terrestres evoluiram para baleias?" É um espantalho. Modificar células nada tem a ver com a TE, mas o facto delas se poderem adaptar, sim. Eu dei o exemplo da engenharia genética (só como exemplo), mas a situação mais conhecida é a adaptação a fármacos. Escusado dizer que o que eu disse está relacionado com a teoria da evolução, mas nada tem a ver com baleias e mamiferos.

      Ver:

      http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1199589/pdf/1471-2407-5-78.pdf

      http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2967073/pdf/6605912a.pdf

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  7. "O cancro deve ser visto como uma doença genética e como um processo evolutivo."

    Uma afirmação dessas só dá razão a quem considera que as mutações genéticas apenas favorecem a degeneração do genoma. O problema nesse tipo de raciocínio é pensar que um organismo altamente evoluído e complexo se comporta da mesma forma que um ser unicelular, por exemplo.

    Contudo, a falha central no atual modelo da TE é não conseguir integrar a ideia de "inteligência" como motor evolutivo. Aliás, de facto isso aplica-se à própria evolução do Cosmos e está diretamente ligado à noção de complexidade e entropia crescentes, ou ainda, a coexistência de "evolução" e "involução", numa espécie de regresso ao Zero ou Nada original.

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  8. "Uma afirmação dessas só dá razão a quem considera que as mutações genéticas apenas favorecem a degeneração do genoma." Não. Não está a ver as coisas pela perspectiva correcta, porque estou a mencionar isto relativamente ao facto das células cancerígenas que sofrerem mutações e se adaptarem, e não relativamente á evolução humana - isso nada tem a ver com ideias malucas que dizem que as mutações só podem ser prejudiciais.

    «Contudo, a falha central no atual modelo da TE é não conseguir integrar a ideia de "inteligência" como motor evolutivo.» Se por inteligência quer dizer designer inteligente (ou deus), simplesmente não é necessário nem encaixa.

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