sexta-feira, 17 de agosto de 2012

As (Supostas) Mentiras Evolucionistas

É comum navegar na internet e encontrar título como "As mentiras evolucionistas". Ou "A imaginação dos evolucionistas". O pior é que a maioria das vezes as palavras 'imaginação' e 'mentiras' têm uma utilização incorrecta.

É mentira que partilhamos 98% do genoma com os chimpanzés? A resposta é não. Na realidade o valor de correspondencia entre ambas as porções codificantes do genoma variam na literatura entre 96 e 98%. No entanto, de acordo com os dados das regiões não codificantes, ao todo a semelhança é de cerca de 75%. Isto não constitui qualquer problema para a Teoria da Evolução - há vários outros indícios de ancestralidade comum e este valor não representa qualquer objecção em si pois apenas pode significar que divergimos mais do que pensávamos dos chimpanzés.

É mentira que as regiões não codificantes do DNA podem apresentar provas da teoria da evolução e que há porções sem função conhecida? Mais uma vez a resposta é não. Nem todas as porções desses 98% não codificantes têm função (pelo menos que se conheça). No entanto, as sequencias destes 98% têm sobretudo funções de regulação (por exemplo, locais de ligação de factores de transcrição). Muitas dessas sequencias modificaram-se pouco ao longo do tempo, havendo semelhanças entre várias espécies, o que fornece mais uma evidencia de ancestralidade comum. Isto não quer dizer que algumas das sequencias não codificantes cuja função é desconhecida (ou mesmo outras) não possam ter tido anteriormente outras funções (codificantes) e que não tenh evoluído, até porque o nível de divergecia entre nós e chimpanzés neste campo é acentuado - pode estar proximo do que seria o ancestral comum, mas divergir bastante do nosso, enquanto que o nosso se pode comparar mais ao do ancestral comum do que ao deste - é o mesmo que acontece com medidas imprecisas (imprecisão diferente de inexactidão).

Quando um evolucionista faz uma conjectura (que por vezes até pode vir a revelar-se errada), trata-se na opinião dos criacionistas de imaginação, mas o que é que estes apelidam então de conjectura? talvez a conclusão sem fundamentos de que deus existe seja o melhor exemplo de conjectura para os criacionistas, não se tratando de forma alguma de imaginação.

   
 

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