“Não é necessário uma mudança radical na teoria, mas a
prática da biologia evolutiva estendeu-se além dos conceitos clássicos” – daí o
termo ‘Estendida’.
A obra ‘Evolução – uma Síntese estendida’ apresenta apenas um
1º olhar sobre a síntese estendida e não a síntese estendida, que está longe de
ser completada.
ELEMENTOS DA SÍNTESE MODERNA (SM)
*Genética de populações:
- Fisher (1918): Traços mendelianos são afectados por vários
genes, produzindo 1 distribuição típica dos caracteres quantitativos (1)
- Dobzahnsky (1937): Um dos primeiros geneticistas a
trabalhar com genética de populações, concluiu que existe mais variação em
traços quantitativos do que se supunha – esta variação era – e é, o impulso/ a
base para a selecção natural.
*O termo Síntese Moderna (m. q. Teoria Sintética da
Evolução): foi introduzido por J. Huxley em 1942.
Novas contribuições foram ainda além destes dados empíricos,
tal como por exemplo, o significado de espécie e especiação.
* Uma breve descrição da Teoria Sintética da Evolução:
“Todas as populações têm variabilidade genética sem ser
adaptativamente dirigida, havendo a acção de mutações e recombinação. As
populações evoluem através de alterações na frequência genética, de deriva
genética, fluência genética e, sobretudo, selecção natural. Variantes
adaptativas trazem ligeiras alterações fenotípicas, pelo que o processo é
gradual. A diversificação dá-se através da especiação – evolução gradual do
isolamento reprodutivo. Estes processos continuados no tempo dão origem ás
designações taxonómicas.”
CONTESTAÇÃO DO DOGMA CENTRAL DA BIOLOGIA MOLECULAR
As descobertas de Watson e Crick de que o fluxo era
unidireccional (DNA – RNA-proteina) tem sido contestado, visto que em alguns
casos particulares se constatou o inverso (transcrição reversa em retrovirus),
replicação directa de RNA em alguns vírus, na qual se destaca a acção da RNA
Polimerase RNA-dependente (também presente em eucariotas) e transcrição directa
DNA – proteína em laboratório. Tudo isto apoia a hipótese da evolução a partir
de um primeiro replicador semelhante á molécula de RNA. (2).
PONTOS A SEREM REVISTOS
* Gradualismo: mudanças não graduais são propriedades de
sistemas complexos.
* Evolução genómica, plasticidade fenotípica (3) e
desenvolvimento epigenético (herança não genética) (4).
* Externalismo (ênfase da selecção natural na SM): deve-se
ter em conta os processo generativos (‘evo-devo’) e que propriedades orgânicas
(intrínsecas) promovem determinadas modificações em detrimento de outras.
Deve-se rever o peso explicativo da selecção natural relativamente ás
propriedades próprias de fenótipos em evolução
* Centrismo genético: deve-se considerar uma evolução menos
centrada nos genes, multicausal (ex: ambiente, desenvolvimento, herança não
genética – fixação progressiva de traços fenotípicos inicialmente mobilizados
através de respostas plásticas de desenvolvimento adaptativo a mudanças nas
condições ambientais. No entanto, a importância da herança genética está longe
de ser posta de parte, apenas procura-se uma visão mais vasta e não tão
unitária (geneticamente) da evolução.
NOTAS:
1) Caracteres quantitativos: são influenciados por vários
genes e referem-se a quantidades.
2) Já foi produzida em laboratório uma molécula
auto-replicadora semelhante ao RNA (http://allthatmattersmaddy32.blogspot.com/2012/08/origem-do-universo-e-da-vida-reflexoes.html)
3) Variação fenotípica é um pré-requisito fundamental para evolução
por selecção natural. É o organismo como um todo que contribui para as gerações
seguintes, ou seja, a selecção natural afecta a estrutura genética
indirectamente através da contribuição dos fenótipos (fenótipo = factores
ambientais + genótipo)
4) Desenvolvimento epigenético: modificações ao longo da divisão celular, mas que não advêm de alterações no DNA, importantes na diferenciação celular e relacionados com a regulação genética. O mecanismo mais conhecido é a metilação do DNA. Metil é um pequeno grupo químico que se liga em determinadas áreas da cadeia do DNA. Elas servem como uma espécie de chave que activa e desactiva os genes. Ao ligar e desligar os genes, esse grupo tem um profundo impacto sobre a forma e a função das células e organismos, sem alterar o DNA correspondente. Se o padrão normal destes é alterado - por um agente químico, por exemplo, ao qual o organismo tenha sido exposto - o novo padrão pode ser passado para as gerações futuras.
Referências:
Evolution – The Extended Synthesis, edited by Massimo Pigliucci & Gerd B. Muller, MIT Press (2010) (Parte I).
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