Um dos maiores inimigos do criacionista (e ironicamente do
profissional de saúde) é a ocorrência de mutações potencialmente benéficas que
conferem resistência aos antibióticos e antivirais caso se trate de bactérias
ou de vírus respectivamente. Qual o porquê do desespero dos criacionistas face
á resistência aos antibióticos? - É simples: um dos seus argumentos preferidos
é que as mutações que ocorrem naturalmente não são em nada benéficas.
Estas mutações potencialmente benéficas são bastante comuns
e bem documentadas tanto em vírus como em bactérias.
Numa cultura de bactérias
sensíveis a um antibiótico pode haver uma pequena percentagem de mutantes que,
devido a essa mutação, resistem ao antibiótico.
Em 1943, Salvador Luria e Max
Delbrück fizeram uma experiência usando como caso de estudo a resistência de
bactérias a um vírus. Quando uma cultura de bactérias é infectada com um
bacteriófago, um vírus que afecta bactérias, a maioria das células é destruída
mas algumas resistem à infecção e todas as suas descendentes serão resistentes
também. Alguma mutação torna essa linhagem resistente ao vírus. O que Luria e
Delbrück fizeram foi obter culturas, em meio líquido, a partir de bactérias
isoladas. Depois, inocularam cada cultura com bacteriófago, retiraram uma
amostra do líquido e espalharam numa placa com meio sólido de cultura. As
bactérias que sobreviveram formaram colónias, visíveis a olho nu, e que
permitiram determinar a quantidade de bactérias resistentes em cada cultura.
Se a mutação fosse conduzida pela própria célula, que se auto-impõe uma certa adaptação em resposta ao meio-ambiente, de uma forma pré-determinada, seria de esperar que se formasse um número semelhante de colónias em todas as placas e também que uma maioria sobrevivesse. Isto não aconteceu.
Se a mutação fosse conduzida pela própria célula, que se auto-impõe uma certa adaptação em resposta ao meio-ambiente, de uma forma pré-determinada, seria de esperar que se formasse um número semelhante de colónias em todas as placas e também que uma maioria sobrevivesse. Isto não aconteceu.
A mutação foi seleccionada naturalmente
por conferir determinada característica que se mostrou benéfica no contexto
ambiental.
Casos semelhantes, em que ocorre
selecção natural de mutações devido aos seus benefícios em contexto, são os da resistência
a anti-virais.
Um estudo de 2012 sobre mutações
benéficas no vírus H1N1, que é um fenómeno monitorzado que ocorre á escala da
vida humana (tal como o fenómeno da resistencia aos antibióticos), relata o
aparecimento de novas variantes do vírus a partir de mutações que conferem
resistencia a anti-virais. Verificou-se também uma acumulação de mutações que em conjunto potenciam multi-resistência.
Referências:
- Mutations of Bacteria from Virus Sensitivity to
Virus Resistance - Salvador Luria e Max Delbrück
- PLoS One. 2012;7(8):e37095. Epub 2012 Aug 24 - I223R Mutation in Influenza A(H1N1)pdm09
Neuraminidase Confers Reduced Susceptibility to Oseltamivir and Zanamivir and
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der Werf S.
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