A ancestralidade comum universal
a partir do LUCA (ultimo ancestral comum) é considerada a teoria mais bem
fundamentada sobre o assunto da origem das archaeobacterias (bactérias que
abundantes em ambientes primitivos), eubacterias e eucariontes.
Existem bastantes evidências a
nível de homologia e ortologia proteica.
Dois tipos de evidências desta natureza surgiram,
com base em sequências de aminoácidos e sequências de DNA:
- Homologia proteica
(relativamente á preservação de sequencias de aminoácidos)
- Em muitos casos, um
determinado aminoácido pode ser codificado por mais do que um codão
(tripleto de DNA); a ocorrência do mesmo codão numa sequência de DNA
quando existe alternativa constitui também evidência a favor de uma origem
comum; a existência de proteínas ortologas é menos atreita a
interpretações dúbias do que a homologia.
Em 2010, Douglas L. Theobald publicou um estudo na revista
Nature intitulado ‘Um teste formal da
teoria da ancestralidade comum universal’,
avaliando a probabilidade de toda a vida descender de um ou de vários
fundos genéticos, tendo em conta a possibilidade de transferência horizontal de
genes e sem partir do pressuposto que semelhança nas sequências de aminoácidos
implique relação de parentesco genético. O investigador estudou 23 proteínas
diferentes de 12 espécies dos três domínios da vida, incluindo o Homo
sapiens, a levedura, o bacilo da tuberculose e o Archaeoglobus
fulgidus. Os seus resultados indicam que a probabilidade de uma origem
comum universal é 102860 maior do que a hipótese de haver mais do
que um ancestral comum.
O LUCA foi testado, aplicando a teoria da seleção modelo para filogenias moleculares,
com foco num conjunto de proteínas conservadas
que são ortólogas.
Para as sequências universais de proteínas reais,
a estrutura filogenética hierárquica
(induzida pela história genealógica) é a razão primordial por que os
testes escolham o LUCA; semelhanças sequenciais são um fatores com
importância relativamente menor. Para
casos de estrutura filogenética conflituosos, os testes escolheram ancestralidade independente, mesmo
com sequências muito semelhantes.
De um modo geral os pressupostos da TE sobre
ancestralidade comum têm sido bastante bem evidenciados.
Tomemos como exemplo o caso dos répteis e das aves (gosto
particularmente deste porque cresci a ver os filmes do parque jurássico).
Relativamente a estes serão apresentadas algumas
evidências.
Um estudo intitulado
‘Strong conservation of the bird Z chromosome in
reptilian genomes is revealed by comparative painting despite 275 million years
divergence’ por Pokorná M. (et al) apoia a conjectura.
A divergência
de linhagens
que conduzem aos répteis Squamata existentes (lagartos,
serpentes e anfisbenas) e aves ocorreu cerca de 275 milhões
de anos atrás. Aves, ao contrário destes repteis, têm cariótipos
que são tipificadas pela presença de um número
de cromossomas reduzido. Usou-se
DNA específico de um cromossoma da
espécie Gallus gallus, o cromossoma
Z sexual e aplicou-se a técnica de análise comparativa
de hibridização entre-espécies com 28 espécies de
17 famílias que representam linhagens principais destes repteis e espécies
de crocodilos e tartarugas.
Em todos, menos um caso, o
cromossoma Z foi conservado intacto apesar divergência muito antiga de linhagens sauropsid. O cromossoma
Z é o que se conserva apesar de não ser um cromossoma
sexual nestas espécies de repteis.
Este estudo quando combinado com outros sobre o mesmo
assunto torna-se uma forte evidência.
O estudo intitulado ‘beta-Keratins in crocodiles reveal amino acid
homology with avian keratins’ é mais um para dar apoio á mesma conjectura.
As sequências de DNA que codificam beta-queratina foram obtidas a partir das espécies Crocodylus palustris
e Crocodylus intermedius. Pela sequência
de aminoácidos deduzida, estas proteínas são ricas em
glicina, prolina e serina. A região central das proteínas é composta por duas regiões dobradas beta e mostram um alto grau de semelhança com a beta-queratina de aves
e repteis squamates. Esta parte central cnjectura-se ser o local de polimerização para construir a estrutura de beta-queratina filamentos.
É possível que as beta-queratinas
em répteis e aves compartilham um ancestral comum. Perto do terminal-C, estas queratinas beta contêm
um péptido rico em glicina-glicina-X e
XX, e a característica distintiva da região é cerca de 12 repetições
de aminoácidos, que são semelhantes às
repetições de 13 aminoácidos, mas
ausente de queratina de penas de aves. De acordo com a análise filogenética, as beta-queratinas
no crocodilo têm
um relacionamento mais próximo com a queratina aviária do
que as outras queratinas em répteis.
O registo fóssil por si só não serve como
evidência conclusiva devido ás lacunas (que em nada são incompatíveis com a
Teoria da Evolução). No entanto quando juntos com estudos como os apresentados
anteriormente são de grande importância, pois a sua análise comparativa e
poderem ser considerados dados históricos podem corroborar a ancestralidade
comum. Segundo estudos publicados este ano (2012), foram encontrados 3
esqueletos quase completos de dinossauros de grandes dimensões com
características em comum com os tyrannosauroides com penas longas filamentosas
na China. Também na Alemanha foi encontrada uma espécie de megalosauroide
theropode que apresentava penas e proto-penas datado do jurássico. Sendo o
archaeopterix uma ave com algumas características atípicas, o registo fóssil
apoia a ancestralidade comum entre repteis e aves.
Repteis, aves e mamíferos partilham um ancestral comum.
O registo fóssil incompleto não permite inferi-lo, mas (se
os criacionistas ainda não perceberam) as evidencias mais importantes não
dependem do registo fóssil, mas sim das análises de proteínas e DNA que são
acompanhadas quando possível pelo registo fóssil (registo histórico) e por
estudos de anatomia comparada, relativamente a estruturas homólogas e análogas.
Uma das evidencias mais significativas de ancestralidade
comum entre repteis, aves e mamíferos encontra-se ‘documentada’ no DNA de um
pequeno mamífero semi-aquático e ovíparo (o único) – o ornitorrinco.
O espécime adulto não possui dentes, entretanto, os
filhotes possuem dentes calcificados, pequenos, sem esmalte e com numerosas
raízes. Nos adultos, os dentes são substituídos por uma placa queratinizada
tanto na mandíbula como na maxila, que cresce continuamente. No esqueleto
pós-craniano, ocorre retenção das vértebras cervicais (rudimentares) e dos
ossos coracóide e interclavicular da cintura escapular, características que são
simelhantes aos répteis. Este mamífero possui membrana interdigital como as
aves aquáticas e os anfíbios.
Através da análise genómica do ornitorrinco e comparação
com genomas de repteis, aves e outros mamíferos, foi possível reforçar a ideia
de ancestralidade comum entre repteis, aves e mamíferos.
As proteínas do veneno dos repteis e do ornitorrinco foram
co-optadas independentemente, provindo da mesma família de genes. Quanto aos
genes das proteínas do leite, foram conservados, apesar deste mamífero ser
ovíparo.
Sequencias que caracterizam o genoma do ornitorrinco
demonstram características de repteis e mamíferos. Observaram-se famílias de
genes envolvidos na biologia que relacionam os monotremados com os repteis,
como a postura de ovos, visão e veneno. Esta espécie possui características proteicas
anti-bacterianas partilhadas com os marsupiais.
Uma característica do genoma dos mamíferos presente no do
ornitorrinco é a frequência elevada de sequencias repetitivas intercaladas, mas
esta contrasta com a cobertura significativa de microssatelites (pequenas
unidades de repetição de pares de bases do DNA, utilizadas como um marcador
genético em estudos de parentesco) caracteristicos dos repteis.
Algumas sequencias de miRNA são partilhadas com aves e
mamíferos.
Relativamente ás moléculas imunológicas são demonstradas
algumas diferenças importantes em contraste com outros mamíferos. Esta espécie
possui 214 genes de receptores de NK (linfócitos citotóxicos) , um numero muito
superior do que nos humanos (15-50) e ratos (45-50). Foram verificadas expansões
na família de genes dos péptidos de catelicidina anti-microbiana. Ocorreu
também expansão na família de genes do antigénio CD163 da diferenciação dos
macrófagos.
As evidências a favor ancestralidade comum demonstram que
os seres vivos estão todos inter-relacionados. Se existe ancestralidade comum,
existiu (e existe) evolução. Como se deu essa evolução: deriva genética,
mutações genéticas (incluindo duplicações), epimutações e herança de caracteres
adquiridos, domesticação de elementos exógenos, transferência horizontal,
selecção natural, tudo isto originando adaptação e divergência (e em alguns
casos convergência). É muito simples para quem quiser entender (e para quem
tiver inteligência).