Pensem num teste de paternidade ou num teste para determinar se 2
indivíduos são irmãos: seriam capazes de afirmar que 2 pessoas cujo resultado
desse positivo para esse grau de parentesco tinham sido criadas individualmente?
Agora imaginem os mesmos princípios aplicados a indivíduos que teriam uma
ancestralidade comum muito, mas muito mais antiga do que, por exemplo, irmãos e
vão recuando milhões e milhões de anos. Então, tentem relacioná-los através de
analises de DNA. É isso que os cientistas fazem com, por exemplo, repteis e
aves. E encontraram evidências de ancestralidade comum, tal como aconteceu com
as análises comparativas entre o genoma do chimpanzé e do Homem: 75% de
semelhanças no total e 98% no genoma codificante.
Como seriam os nossos ‘avós’ de há 2 mil anos? Humanos. E os
nossos avós de há 2 milhões de anos? Algo de semelhante a uma espécie do género
Australopithecus (que tem algumas parecenças com um chimpanzé), talvez com
algumas características semelhantes ás das espécies do género Homo. Não
encontraram a ‘avó’, mas encontraram a ‘tia’.
O género Homo teria surgido entre 2,5 milhões e 2 milhões
de anos, a partir de alguma espécie de Australopithecus. Entre as
características distintivas do género Homo estão alterações no maxilar e
nos dentes, locomoção obrigatoriamente bípede e um crânio mais volumoso (com
capacidade interna de 600 a1.300 cm3 ou mais). A transição entre a linhagem de Australopithecus
que deu origem ao género Homo e, dentro deste, à espécie H.
sapiens pode ser caracterizada pela evolução dessas características e por
mudanças no comportamento social e cultural.
Com base no exame de restos fósseis dos esqueletos de dois
indivíduos, um adulto e uma criança, encontrados na África do Sul e com datação
estimada em 2,3 milhões de anos, um grupo de pesquisadores descreveu e nomeou
uma nova espécie de antropoide, o Australopithecus sediba Do artigo,
publicado em Abril na revista científica Science (v. 328, no 5.975,
p. 195), pode-se destacar o facto dos restos fósseis indicarem que a A.
Sediba tinha mais caracteres em comum com as primeiras linhagens do género Homo
do que qualquer outra espécie de Australopithecus e o facto de
muitas características serem comuns a 3 espécies: A. africanus, A. sediba e
H. Habilis. .
A nova espécie seria, portanto, o ‘elo’ mais recente – ao menos
entre as espécies conhecidas – na transição entre os australopitecíneos e o
género Homo. Assim, A. sediba parece ser forte candidato a ocupar
uma posição-chave na árvore evolutiva dos antropoides, aplainando ainda mais o
caminho que leva dos Australopithecus às primeiras linhagens do género Homo.
A dificuldade está no facto dos
criacionistas não conseguirem lidar com o facto do seu ancestral de há 2 milhões
de anos não ser humano e muito menos com o facto do seu derradeiro ancestral
ser semelhante a uma bactéria.
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