Como se utiliza o conceito de
especificidade relativamente ás nossas moléculas? Eis a definição do dicionário
Porto Editora:
Especificidade
nome feminino
propriedade
intrínseca de algo ou alguém, que lhe confere um carácter distinto; qualidade
de específico;
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No caso das biomoléculas,
significa que uma molécula pode fazer ‘distinção’ relativamente ás moléculas
com as quais interage ou que certa molécula se forma porque foi a molécula A
que interagiu com a C e não a B – aplica-se á correspondência gene proteína,
fazendo assim uma distinção: A corresponde á formação de 1 e não de 2 e a
formação de 1 corresponde a A e não a D (embora um a.a. possa corresponder a
mais que um codão, enquanto que o contrário não se verifica).
Este é o
significado que geralmente se atribui á palavra especificidade ao referir-se ao
DNA. Este é diferente do atribuído por Dembski e Meyer.
Definição de complexidade especificada,
segundo Dembski e Meyer: é definida como a sequência complexa (aperiódica) que
codifica um significado ou função (que define o que é "especificado",
de acordo com os proponentes do design inteligente).
Como eu já referi num texto anterior as palavras código, mensagem e função são um truque cognitivo para percebermos como tudo ocorre. As moléculas não têm ‘códigos’ para 'significados' ou 'funções', não do modo que, por exemplo, as palavras têm na medida em que o seu significado é independentemente da estrutura quimica da tinta e do papel ou da natureza das particulas que a mensagem sonora faz vibrar e das propriedades químicas do objecto a que correspondem. Não existem ‘textos’ no DNA. Existem apenas as suas propriedades que ditam o modo como estas vão interagir com outras moleculas, o que vai ter certos efeitos. Se chamamos código ao 'código' genético, temos que afirmar que anatureza cria 'códigos' - como a afinidade directa codão- aminoácido.
Quanto ás moléculas terem função, no contexto da abordagem dos proponentes do DI, este termo quer dizer que determinada molécula serve para fazer algo, como se a molécula servisse um propósito. A molécula não serve um propósito: a sua ‘utilidade’ (leia-se efeito) é uma consequência das suas propriedades químicas e da sua interacção com outras moléculas.
Daniel Dennet (filósofo da ciência) chama ao facto dos criacionistas verem propósito onde ele não existe de design stance.
Como eu já referi num texto anterior as palavras código, mensagem e função são um truque cognitivo para percebermos como tudo ocorre. As moléculas não têm ‘códigos’ para 'significados' ou 'funções', não do modo que, por exemplo, as palavras têm na medida em que o seu significado é independentemente da estrutura quimica da tinta e do papel ou da natureza das particulas que a mensagem sonora faz vibrar e das propriedades químicas do objecto a que correspondem. Não existem ‘textos’ no DNA. Existem apenas as suas propriedades que ditam o modo como estas vão interagir com outras moleculas, o que vai ter certos efeitos. Se chamamos código ao 'código' genético, temos que afirmar que anatureza cria 'códigos' - como a afinidade directa codão- aminoácido.
Quanto ás moléculas terem função, no contexto da abordagem dos proponentes do DI, este termo quer dizer que determinada molécula serve para fazer algo, como se a molécula servisse um propósito. A molécula não serve um propósito: a sua ‘utilidade’ (leia-se efeito) é uma consequência das suas propriedades químicas e da sua interacção com outras moléculas.
Daniel Dennet (filósofo da ciência) chama ao facto dos criacionistas verem propósito onde ele não existe de design stance.
Esta simples observação das ocorrencias indicia que a origem do código genético 'informação' genética está nas propriedades quimicas da matéria, tendo como 'filtro de informação' a selecção natural (mais uma vez aplico o termo informação para me fazer entender pelo leitor).
De qualquer modo, afirmar que a natureza é incapaz de produzir o que Dembski e Meyer definiram como 'complexidade especificada' sem o demonstrar, não é modo de se argumentar.
De qualquer modo, afirmar que a natureza é incapaz de produzir o que Dembski e Meyer definiram como 'complexidade especificada' sem o demonstrar, não é modo de se argumentar.
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